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Terça-feira, 25/8/2015
Blog de Aden Leonardo Camargos
Aden Leonardo Camargos
 
Talvez eu devolva a palhaçada. Sim senhor.


Imagem: Português da Depressão



Sua vida é um parque de diversões. Esses com vista para o mar. Parece divertido. Tem tudo pago, até cerveja quatro por cento na enseada. Tem lugar de dormir e companhia. Parece azul do alto. Os brinquedos são auditados pelo Inmetro. Cada pedaço milimétrico. Tudo emendadinho. Lustrado. Os jardins montados. Tem aquelas mesas com um vermelho escuro. Aquele ambiente de ficar a dois, comida japonesa.

Eu passei por fora. Vi umas cercas arrancadas, uns arames - farpados - arrebentados. Não são medidos. Apenas estão lá pela rua. É a parte que não é nenhum começo.

Recebi o livro com a dedicatória que colhi para você. Aquele outro que comprei sem escrever nada. Uns pequenos de poesias. Duas sacolinhas de promoção de viagem. Um anel que te pedi em casamento ao som do mendigo cantando Ilariê. Custou caro contratar esse cenário.

Daí moleque, é que eu não quero devolver nada. Nem o cinto, nem a camisa, nem peça preta de nada. Nem o bilhete. Talvez eu devolva a palhaçada. Acontece. Sei como embrulhar tudo. Ficou muito grande no guarda-roupa. Todo dia para trabalhar, olho no espelho e o pacote ri às gargalhadas. Até cruzou as pernas, vai se ajeitando dia a dia, desamassou o nariz vermelho. O sapato acertou um pontapé na minha canela outro dia. Foi engraçado.

A viagem foi cancelada, preciso acostumar... No filme trash que montei - olhando pela janela do ônibus - você fez as malas, esqueceu seu cigarro no quarto. Trabalheira danada ir nos guichês da imaginação e explicar que tudo acabou. Tocava Nando e a França ficou muito longe nesse instante. Só para dramatizar: coloquei som de fado, bebi com o garçom um troço amargo. Talvez eu retome Santiago. Em mim o que vale mesmo é solitário.

Imagine eu me rasgando trinta e três dias? Andando fora de alcance. Enquanto você escolheu uma festa de quinta categoria num clube falido. Uma bota nova pra trocar emprestado. Uma tatuagem de fé embaçada, um out-door de propaganda enganada.

Tudo passou num segundo, o destino até apitou... alojou debaixo da pele desabitada. A menina morreu esmagada.

A vida toda é mesmo uma palhaçada.

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Postado por Aden Leonardo Camargos
25/8/2015 às 21h10

 
Agora cava a cova da própria alcova


Imagem: 1.000.000 Pictures



Contei onde morava um sonho. Só porque lá tem nuvens não pude provar. Enrolei tudo pronto, prontinho, prático de fast food, uma ou outra coordenada, nada de tempo perdido, vários "siga" um "pare". Nem precisava exploração ecológica. Nada. Era coisa simples, mas penso: óbito é tão simples. Basta uma declaração profissional, escrito numa folha carimbada. É um passo só para a certidão. Certidão é uma certeza enorme? Aqui jaz a certeza enorme que morreu. Algo. Agora cava a cova da própria alcova.

Eu mostrei um castelo sombrio, ah que Deus me perdoe. Achei ser feito de folhas, de vento com sonhos embrulhados. Até escuto ainda a porta ranger lá no oculto de mim. Mas foi feito de puro poço, forjado na mais vil pura sombra. Sou o avesso de um castelo. Um avesso de contrários. Todo poço reflete nuvens.

Nesses dias vou ficar muito nublada. Faz mau tempo em mim. Daqui a pouco chovo. E vem aquele cheiro de novo de novo. Aquele que eu sei que nunca mais era uma vez para sempre... É um final de esperar, feito rodoviária vazia. Sem luz. A moça diz ladies and gentlemans. Ela sabe que só eu estou esperando. Insiste no mesmo e eterno plural errado. Amanhã vou esperar tudo ir embora, até não ter como voltar. Vou morder meu braço direito como um cão faminto. Assim me alimento de pura palavra bebendo papel escorrido e coado na saliva dos meus dedos.

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Postado por Aden Leonardo Camargos
30/7/2015 às 14h19

 
Tá tudo pronto. Lanche, as ondas, o quarto.


Imagem: La Bioguia



Estou para flora, folha, terra, bicho, mato... Tenho esperado muito. Só mostro por fora.

Já viu como num gramado, além da grama, só nascem pragas? Daninhas? Você já viu uma mudinha de mogno nascer no seu jardim, trazidas pelos passarinhos? De rosa? De Jatobá? Amendoeira? Castanheira? Como e por que os pássaros só trazem tiriricas?

Provavelmente é um programa teleguiado, relatados pelos ETs que estão analisando nosso poder de destruição. E depois de séculos, séculos, ainda não sabemos combater uma tiririca, não a exterminamos da face da Terra! Assim brevemente estarão invadindo, porque sabem que mesmo se tentarmos, falharemos devido ao nosso sistema burocrático e tantas leis, tratados internacionais e ainda: os defensores dos direitos das tiriricas exterminadas...

Estou para você... Já viu que quando a gente se ama, só nasce mais amor? Outro amor? Onde colocaremos tantos ninhos dos dias que nos vemos?

Tenho olhado para todos os telefones azuis nas ruas. De repente dá vontade de ligar, só para o número ser desconhecido. Eu poder ser uma louca apenas. Que te ligou num sol das treze horas. Sua tarde seria com um te amo a mais. Dita de um orelhão solitário e inútil. Cabisbaixo.

Foi você quem fumou todas as nuvens hoje! Deixou o céu azulzinho. Tomara que você trague também todo um mar... (aqueles de praias desertas, ok?).

Deixe aqui na minha porta, aperte a campainha, diz que tá tudo pronto. Lanche, as ondas, o quarto. Meu mundo de a-mar. Diz!

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Postado por Aden Leonardo Camargos
20/7/2015 às 13h02

 
Tenho segredos guardados no escaninho da sala


Imagem: Photografize



Quis miseravelmente sua ausência. Sombreei meus olhos com cor de quadro negro antigo. Desenhei duas funções de x. Como me decifraria? Está sempre tão longe.

Tenho segredos guardados no escaninho da sala dos professores. Alunos obcecados por pontos planejam copiar as chaves. Mas somente eu tenho as provas.

Sonho aplicar a medonha e fatídica prova final. Escrever bem de vermelho para seus pais verem sua vagabundagem: excesso de faltas. Mas vou te obrigar a ficar horas teimando em resolver. E no fim, bem no fim, quando tocar o sinal, sua súplica será rasgada.

Cada rasgo vai cortar seu coração. A princípio se sentirás injustiçado. Recorrerás aos gritos injuriosos das mais mal amadas das pessoas. Sorrindo sentirei todo rancor dos meus lábios.

Dizendo silenciosamente que foi ausência. Ausência quem matou todas as aulas. De amor. Nenhuma lágrima. Apenas a dura, fria e calculada reprovação de seus atos.

Que cresça em outras bandas. Beba e enlouqueça. Que eu já me cobri no inverno infinito para que nada de bom me aconteça.

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Postado por Aden Leonardo Camargos
10/7/2015 às 12h33

 
Dançava na terceira lua cheia do ano.


Imagem: Mark Olich



Foi vista andando pela cidade novamente.

Ela que tentou tanto o não, guardando todas as mazelas debaixo das dúvidas já sofridas e escarnecidas. Falou docemente de nenhuma expectativa, querendo sempre o não, o nunca. Aplicou não nascer. Cobriu sua casa com os mantos das benzedeiras. Deu machadadas na porta para o mal colar e ficar.

Dava pena... Dizem que dava pena. Não sei bem. Dançava no vento junto com as sacolinhas plásticas. Abraçava aos sussurros nos muros chapiscados a sua imaginação. Sangrava toda tarde de segunda-feira. Já foi vista à meia noite correndo pela rua. Capturando e bebendo no seu ser a mistura da razão com coisa nenhuma. Foi assunto de dona de casa de cidade pequena. Um boato corria que fazia mensalmente dois vodus com muitas agulhas. Satanicamente dançava na terceira lua cheia do ano. Disse sempre uns berros doidos e roçava seu rosto no chão da dor. Embruteceu sem mais desejos.

Não houve mais luz do dia, nem distração à toa, nem corrida matutina, nem dia de nada, sequer três de janeiro... oito, nada...

Não impediu. Ficou uma pedra no meio de tantas cores, tanto nada jogado fora.

Triste ver hoje sua dança ao som de um bandolim imaginário, recitando a história do limbo humano. Canta ela num lirismo antigo: sua papoula de vícios guardados foi colhida inadvertidamente por um encanto, que tolheu seus sentidos. Queimou-se na poção errada. Morreu aos gritos de pavor.

Sobrevive hoje fazendo reza para tirar brabeza de criança. Ri e conta graça. Como todas as flores, essa mulher foi flor colhida, morta, simplesmente ignorada.

São raras as replantações de flor. Hoje os vales têm capim. Uma armadura leve.

Não acha viver ilusão. Acha ilusão o que vê.

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Postado por Aden Leonardo Camargos
29/6/2015 às 22h03

 
Uma ordem secreta determinou que as folhas caíssem


Imagem: Jorge Pinheiro



Eu te esperei todos os dias. Limpei nossa rua. Varri certas loucuras à noite. Saiba que ainda venta muito sem você. Fico de sombra em sombra. Dá um azar danado pisar no pedaço iluminado. De sol.

Tento sair de todo fim. Mas é muito tarde no fim da tarde. É cansaço, roupas da nossa casa, farelos do café que te esperei ouvindo uma notícia de outro lado. Do outro lado B.

Finjo que ouço. Finjo que vivo.

Quando o portão bate é só o vento. Ainda. Insisto em sustos. Cismo em musgo na pele. Possuo carapaça. Desde que olhei no espelho existiu uma cobertura dura que não me enxerga. É você que nunca mais veio.

Umas sementes ressequidas espalham junto com as folhas... Só as folhas correm mais. Já viu que não caem uma em cima da outra? Nunca vi. Não se misturam na solidão do pó cidadão. As sementes não flutuam bailarinas na ventania, só deixam marcas horríveis. Quando pisadas, estateladas...

Fica um choro natural. Esparramado. Silencioso, imundo.

Acho que não tem jeito. Em alguma ordem secreta, foi determinado que as folhas caíssem. Surgissem do nada no desprendimento. Deve ser para ocupar varredeiras como eu, ou terem um motivo para andar pela canção das palhas tocadas no chão. Ou porque nossa rua te espera chegar. Toda torta já... Afundada de tanto passar o peso do dia a dia.

Não sei... Sigo. A sina, a seta, a flecha de varrer aqui... Ou epicentro do que invento. Ou porque esqueci.



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Postado por Aden Leonardo Camargos
22/6/2015 às 15h13

 
Vingança ou a última vela da fé.


Imagem: Photografize


Acordou vingativa. Colocou meiões imensos com a roupa de academia. Aquela calça bem transparente com o nome que deram. "Calça de foda". Selecionou um sertanejo ridículo, dizendo que era você. Propagando em ondas o "ê". Fez tudo que mais detestava.

Desejou em orações que vai se arrepender. Ganhar da vida esse qualquer. Esse viver. Marcou a viagem. Por pura disposição. Um passaporte em outra cidade. Sim! Marcou. Vai cortar de novo o corpo, de tanta raiva. De tanto nada inútil. Ela só esperava o pedaço de carne? No muro acuada. Sem procedência, sem data, sem poder nada.

De vingança desbloqueou a caixa de pandora. Deixou aparecendo todos os venenos. Só assim vem toda a verdade. Tem tudo guardado, arquivado. De vingança. Entendeu? Vingança.

Olhou as malditas fotos. Subiu os meiões, clicou "repeat". Sorriu. Nesse desfile descobriu... Que foi só. Só por vingança. Sua grande ameaça: esconder, duas ou três palavras. Debaixo do choro, do lado das fichas da noite que jogou. Vai sair. Por pura vingança, baby, dormir com quem ela mais detestava: a novidade! Por vingança dessa fraqueza do abandono mortificado.

É a última vela da fé.

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Postado por Aden Leonardo Camargos
12/6/2015 às 12h57

 
Solidão é um pós-ritual africano com uma leoa

Imagem: L'Âme du monde



Dormiu como quem espera passar. A vida ir e dormir.

Disse placas e avessos. Ela não quis conserto, seus gritos por excesso de uso, precisaram ficar em lamentos.

Confundo morte com tristeza. Sei que não sou a mesma. Tem uma velha chamada senhora querendo sentar.

Sobraram uns sonhos avoados batendo na janela da existência. Expectativa é subir escalando montanha de neve sozinha. Gelada, alta e te consumindo pelo medo de falar. Frio é o medo de falar. Medo das avalanches. O que causa avalanche? Um agudo, um grave? A última gota de som? Uma impaciência pousada feito mosca, inquieta.

Venta demais quando a gente espera. Tão as mesmas esperas que quase esqueço o que faço. Um cinza estranho engole a gente.

A solidão é um pós-ritual africano dormindo de mãos dadas com a leoa. Caçadora. Acorda faminta. Todas as feras chegam ao fim, à exaustão. Seus olhos não mentem.

Sabe, eu subi no alto das pedras. Achei-me tão feroz! Desenhei minha vida para você. Entreguei uns bilhetes emaranhados, tal qual fiozinhos de uvas que nascem. Fiz um caminho para percorrer todo seu cabelo, de cajado deitar no seu peito, marquei o peregrinar de desejo. Existe um vazio feliz em nada querer. É tão mínimo te ver. Um pouco nada igual diferente.

A realidade é um monstro. Engole às vezes meu abismo interno. Não há de ser nada. Ventava muito ontem e eu pesava a importância das avalanches. Criando definições. Foi um dia lindo.

Fiquei brigando de realidade, cansada, combinei um pacto de dois fatos: um fundamental, outro bem exato. Eu que detesto cálculos, pude ver: borboleta nunca voa em linha reta. Pulei de onde nunca existi. Te espero sempre desse lado, é uma travessia e tanto... vem logo, andar comigo?

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Postado por Aden Leonardo Camargos
9/6/2015 às 05h37

 
Três pétalas, muita poeira, quatro pedras, bilhete

Imagem: Adrian Sommeleng



Era uma vez (a décima terceira vez) uma menina vadia. Passava-se por santa. Envelhecia. Em doses diárias carregava pesos de esperanças. Treinava. Também levantava voos. Escondia. Ninguém percebia.

Enquanto seu corpo flutuava, seus pensamentos mexiam. Não era afeita ao comum. Ao dia a dia. Analisava planilhas. Desencantava-se da secura das linhas. Os números eram formais, em filas, representavam fortunas alheias.

Fim de semana bebia. Bêbada, caía. Em si. Não suportou quase nada. Fugia.

Viajava para um lugar muito, muito, muito distante. Um castelo sem janelas construía. Uma torre suja erguia.

Nessas corridas matinais encontrou o arqueiro. Sem saber como sabia, deu-se de repente sem armas ou fantasia. Perguntou se era a décima terceira vez que se apaixonaria.

Disse sim.

Não foram tantas as vezes. Sua história mentia. Era uma vez só. Era agora.

Futuro de pretérito foi bordado, tatuou um abraço, na cintura, do lado. Tatuou a espera de um menino encantado. Uma borboleta, um caracol, um sonho louco clássico.

Arqueiro carregou nos braços, todas as flores desenhadas. Sorveu o tempo possuído. Tão pouco, mas o melhor tempo já na Terra vivido. Ele não foi mal. Apenas dominado. Pela flecha de seu mestre, destino já lançado.

A menina vadia, sempre bem comportada, vestida de professora, doou-se toda à verdade das loucas transgressoras.

Numa linda noite, ele de vez adoeceu. Lembrou-se de outra moça. Não escutou a voz, simplesmente apagou a única vela da escuridão -dela - distraiu. O mestre veio e levou-o. Exigível objeto ficou. Uma flecha, um arco e a felicidade marcada a ferro e fogo de lua tão nascente no abismo amor, pulso adentro calou. Só teve a visão dos quartos em doces encantos de excessos. Os olhos sempre se fecham por beijos, princípio da loucura.

Logo o tempo não parou. Num dia qualquer, nem lindo, sem datas, a menina doeu-se tanto que apoiando nas pedras agachou. Deu dois passos meio mortos, bem perto do fim para um mergulho, desesperou ao vento: traga os deuses tortos para mim?

Respondeu a divina potência em tempestade, enviou do alto dois raios riscados e fortes. Cortaram seu coração. Foi um corte quente fechando imediatamente - com vida - três pétalas, muita poeira, quatro pedras e a resposta de um Deus, escrita em grego. Tudo cicatrizou. Nunca leu. Nem soube do seu amuleto místico, guardado na trouxinha de crochê, em quarenta e três pontos altos, dentro do peito... Quem mesmo sabe o que guarda nos seus próprios segredos?

É só mais um conto de menina vadia, com coração cheio de pedras, poeira, pétalas e um bilhete em grego num amuleto.

Vadias não estudam grego. Salvam-se do amor, amando. Lobos



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Postado por Aden Leonardo Camargos
2/6/2015 às 07h39

 
Café derramado.


Imagem: Livro & Café


Não tem como te dizer que voltei aqui, na igreja da matriz - enquanto você rezava - fiquei no canto olhando, enquanto o café esfriava. Enquanto você não se movia no nada bem vazio que preenchi de cores num feitiço ao contrário. Agora, tudo que penso tem seu nome. Um silêncio bem calado, interrompido pelo telefone. Um diário "desanotado", apagado pelas interrupções constantes do que tento pedir.

Cada dia que passa parece agora uma contagem regressiva. Quanto tempo ainda teremos? Sabemos do fim pouca coisa. Evitamos. Acordo pensando, meio louca por ter separado meu eu duplicado nos devaneios dos sonhos. Sou agora insuportável... Coloquei flores imaginárias, colhidas do nosso jardim na janela, perto da sua xícara. Arrumei a mesa. Espero que venha da cama para cá. Enquanto quase misticamente observo a água fervente.

Passei o café. Sem açúcar. Não há cálculo matemático que decifre a incógnita desproporcional de ter encontrado você. Nosso gato está inquieto hoje.

Eu desvairada no infinito.

Só o seu cigarro tem cheiro doce, misturado ao perfume, lembra o mato cortado meio molhado, num dia rosa. Daquele... Em que fomos namorar de carro, numa tarde de domingo.

É seu cheiro que me aqueceu quando voltei. Deitei no chão por pura piedade.

O tempo determinou a permanência do que sinto.

Quando será que você acorda? O café já passou. Tudo que preciso, quando fecho os olhos, são as coisas diárias... O pão, o barulho dos passos pela casa, a porta que se fecha, o chuveiro que liga, o cheiro do sabonete... As chegadas de todo dia.

Nunca aconteceu o que vivo. Olho minhas mãos que escrevem, as letras do seu nome. Em tudo que derramei.



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Postado por Aden Leonardo Camargos
27/5/2015 às 07h54

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