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Sábado, 28/11/2015
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Diário de um motociclista

Ao redor
da montanha
as retas
se alongam
as curvas
se insinuam
o motor ferve
e ela
a montanha
permanece
imóvel,
intacta
inatingível...

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Postado por Metáforas do Zé
28/11/2015 às 10h44

 
Senador preso, deputado solto

Quem segue as cartilhas petistas está esperneando contra a prisão do Delcídio e exigindo a prisão do Cunha. É útil explicar direitinho as diferenças entre as situações.

A Constituição explica o procedimento que deve ser seguido para julgamento de legisladores: Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis por suas opiniões, palavras e votos. § 1o Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável, nem processados criminalmente sem prévia licença de sua Casa.

O Delcídio foi preso porque o Supremo entendeu que o crime dele, atrapalhar uma investigação criminal, é inafiançável. A interferência do líder do governo no Senado em um processo criminal é contrária à ordem constitucional e o Estado democrático. Devido à gravidade do crime, agravada pela alta posição do criminoso no Congresso e seu trânsito no executivo em nome do qual lidera a bancada do PT, o Supremo entendeu que as gravações constituem flagrante e que o acusado em liberdade ameaçava a independência dos poderes da República. Tanto o flagrante como a inafiançabilidade são interpretações do Supremo; o Supremo poderia ter interpretado diferentemente, mas agora que decidiu assim, é a lei da nação.

Já o Cunha é acusado de crime comum, corrupção. Não é inafiançável nem foi pego em flagrante. Na lei brasileira ninguém é culpado até ser assim julgado. Os processos que poderiam resultar no afastamento de deputado ou sua prisão têm que seguir os procedimentos jurídicos adequados, e exigem a autorização da Câmara, que ainda não foi concedida.

Na minha opinião ambos são criminosos. Mas a minha opinião não importa, nem a sua. Menos ainda importa nossa concordância com as invioláveis opiniões deles. A lei tem que ser cumprida. Exigir a prisão do Cunha por suspeita de crime, sem atenção à garantias legais, como estão fazendo os petistas e a mídia aparelhada, é contrário à democracia e ao estado de direito, tanto como é contrário à democracia negar a legitimidade da prisão do Delcídio. É coisa de canalha.

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Postado por O Blog do Pait
28/11/2015 às 02h22

 
Questão de ordem

Como é apenas um teste,ou melhor uma estreia como "blogueira" quero ser singela e consistente nas palavras, porque os meus leitores (espero sim,ser lida) não merecem um texto que trate de assuntos para lá de batidos e exaustivamente replicados nas redes sociais da vida,como: aumento da taxa selic,gasolina como produto de ostentação,racionamento de agua e energia e assim por diante. Bem, acredito que o ser humano desde o seu nascimento é submetido ao stress o ato de nascer ao mesmo tempo que é libertário (o mundo uterino por mais confortável que seja é limitado, nadamos e não chegamos nunca a lugar algum se bem que respirar dentro d'agua é uma experiencia unica literalmente e alimentar então? Ouvir a voz da nossa mãe e demais pessoas que nos amam desde então é muito bom!) é castrador pois a partir do nascimento temos protocolos e rotinas a serem cumpridos, hora do soninho,mamadas regulares e por aí vai e na infância não muda muita coisa temos fases a vencermos - brincadeiras,jardim de infancia,séries inicias descobertas,curiosidades e a adolescencia chega chegando penamos com as espinhas, hormônios, birra e achamos que todos é contra nós e ponto.É uma preguiça, tudo que queremos é conter a ansiedade nos potes de sorvete ou num boow com pipoca assistindo mais uma série de tevê(fechada) ou incontaveis rodadas de videogames,redes sociais... Isso hoje em dia,porque no meu tempo eu continha a agonia da adolescencia lavando louça mesmo numa preguiça daquelas isso depois de ter feito o DEVER DE CASA! Minha mãe era amorosa e dizia que tudo que pudessemos aprender nos serviria um dia e como serve ainda, não é possível uma adolescente pobre aceitar fazer os serviços domésticos com todo gosto que a diversão é apenas e somente a escola, com o tempo vi que não era tão ruim assim ajudar mamãe e cada dia era uma batalha vencida. Depois do domingo de macarronada à mineira e sobremesa de doce de abobora a segunda feira na escola era a promessa de historias curiosas de colegas mais liberais que ja frequentavam as matinês dominicais e saiam contado detalhes dos agarramentos e sarros curtidos sob a luz da boate da moda nas tardes domingueiras. Morria de inveja mas ficava só ouvindo os papos e vendo o jeito delas se vestirem, pareciam esnobar naquelas calças apertadas que projetava a bunda que as fazia parecerem mais adultas, eu e os meus mulambos ( tinha uma blusa de tergal e uma saia jeans e um sutiã branco) lavava a blusa e o sutiã de dois em dois dias. Era um terror ouvir o relato daquela diversão e como deveria se bom curtir um domingo a tarde. No fim das contas o mesmo papo de segunda feira foi cansando e passei a achar chato aquelas garotas esnobes e tinha mais o que fazer assim o tempo passou eu aprendi muito de prendas domesticas, e quando vi já estava adulta e normal e ja conhecedora das agruras da vida. Hoje particular torna-se social e muitas vezes nos vemos refens de redes sociais e demais aplicativos que a modernidade nos proporciona. Dividir a intimidade nos dias de hoje tem trazido dramas, glória e passagens pela midia a fora. Tem os que se dão bem com a fama instantanea e os que somente tiram lições. Escrever e mostrar seu talento em um blog é algo novo e fortalecedor para quem empilhou caderninhos cheios de textos e poesias que achava que jamais teriam valia. Escrever como profissão é caro e trabalhoso e escrever para registrar e sentir prazer de ter essa vivência é diferente. A inspiração vem como o choro, o riso ou o orgasmo motivacional e espontaneo, a leitura do que voce escreveu é as vezes surpreendente, daquele pensamento que brotou do ermo surge um texto coerente e até bonito e que te leva a pensar que você até que tem jeito pra coisa, ou não como já disse Caetano Veloso.

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Postado por Blog de Ely Lopes Fernandes
27/11/2015 às 19h17

 
O que era da TV e agora é do cinema. E Vice-versa



Há não muitos anos, a casa era o local onde se devia sempre manter o respeito e os bons costumes e a rua era o local onde as práticas não permitidas se davam. O namoro era apenas pegar na mão e beijaço era da porta para fora. Um caso curioso sempre foi a série de restrições ao conteúdo televisivo, enquanto pelos cinemas havia maior permissão para se assistir conteúdo proibido.

Os cinemas de filme pornô foram forte nesse quesito. Com a moralidade que se deveria manter em casa, o local para se acessar esse tipo conteúdo devia ser público, porém escondido. Dona Flor e seus dois maridos figura entre uma das maiores bilheterias do cinema nacional tendo o conteúdo erótico como uma forte atração. Sempre me lembro de um senhor que conta seu choque adolescente quando viu Brigitte Bardot nua em E Deus criou a mulher.

Assistir a série Jessica Jones me deu a impressão de como essa ótica do cinema e da televisão parece um tanto quanto alterada. Nas telonas onde se exibia o conteúdo proibido estão os filmes moralistas e com algum tipo de recado ético. Nas telas da TV está o conteúdo que a sociedade tende a considerar agressivo ou que provoca maiores discussões.

O modelo de filmes das Marvel é de grande covardia e moralismo. O primeiro do Capitão América salta às vistas: é um filme sobre a Segunda Guerra, com um herói que combate a Alemanha, mas o nazismo e o Holocausto parecem mero detalhe. Nenhuma referência a judeus executados em campos de concentração, mas enfoque no Caveira Vermelha com planos maléficos que deixariam Hitler no chinelo. O Homem de Ferro nos quadrinhos sofre de alcoolismo. No filme, o problema dele é com contaminação radioativa por parte do aparelho que o mantem vivo. Olhando todos esses filmes, como Os Vingadores, Homem-Formiga e Guardiões da Galáxia, temos uma produção feita para a família, para os pais levarem seus filhos para ver um filme de heróis onde o vilão é derrotado no final.

Quando a produção se deu para Netflix, atingindo o âmbito privado das residências, o conteúdo mudou completamente. Nas duas obras feitas até agora, Demolidor e Jessica Jones, o que se tem é um panorama completamente diferente. Aqui, muitos outros valores que o sistema vigente de moral prega são postos de lado. Vilões matam e usam da tortura, o uso de álcool e drogas é exposto até por parte dos heróis, além de dramas internos pouco compatíveis com a figura de salvador da pátria. Ou seja: o conteúdo considerado positivo está nos cinemas e o negativo está dentro de casa.

A lógica social hoje em dia está em patamares bem diversos de épocas anteriores. Os pais com filhos pequenos já cresceram em uma sociedade globalizada em que muitos valores mantidos já não eram tão rígidos. A geração que cresceu com a violência do videogame ou com a introdução de conteúdo mais erotizado na programação televisiva (que sempre passava em altas horas da noite ao invés de poder ser acessada a qualquer momento pela TV por assinatura ou pela internet) é essa que hoje cria seus filhos em um mundo bastante diferente do de algumas décadas atrás.

Também é preciso pensar que, dentro dessa mudança de parâmetros na sociedade, a indústria midiática acaba atendendo a outros apelos por parte do público. Um dos principais filões dos cinemas dos últimos anos tem sido sagas adolescentes, esse eternamente figurando como principal público do cinema. Jogos Vorazes, Harry Potter e demais produções tem alcançado grandes bilheterias, ao utilizar temáticas que são interessantes a essa faixa etária, como rompimento com a inocência e a ideia de a busca por grandes aventuras. A pornografia, tão restrita há algumas décadas, tornou-se algo banal e que não move mais grandes mutirões. Poderíamos citar 50 Tons de Cinza como exceção se esse não fosse arrastar o público mais pelo sucesso de vendas do livro do que pelo interesse de se excitar assistir ao longa.

De tal forma, o conteúdo para o público adulto, esse mais diversificado em seus gostos do que a linearidade do adolescente, acaba sendo levado para dentro de casa. Tanto que sua definição de público é mais maduro, para pessoas que tenha maturidade para encarar o enredo. Séries como Narcos, Família Soprano e Sons of Anarchy tem teor altamente contrário aos padrões comportamentais e estão ao alcance com um clique do controle remoto.

Dizer que houve uma inversão na sociedade e que o ambiente privado da casa é o local da permissibilidade e as ruas o do pudor seria um completo exagero. Porém, o mundo passou por muitas mudanças (como o complexo conceito de pós-modernidade) e muitas das referências de então não nos cabem mais. Nesse caso específico de indústria cultural, novas tecnologias e novos referenciais de gostos e de relacionamento geraram esse espaço diferente onde o proibido se dá ou não. Basta lembrar que o deputado federal Protógenes Queiroz quis impedir a exibição do filme Ted dos cinemas. Da exibição na TV por assinatura ninguém questionou.

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Postado por Blog do Carvalhal
27/11/2015 às 15h23

 
Making Off

a) Despertar
em pleno
sonho

b) Resgatar
palavras
de suas
correntezas

c) Segredá-las
em travesseiros
até que a
manhã
se pronuncie.

FÔLEGO: Assim como
o mergulhador
que num bate-volta
enche os pulmões
e vaí ao fundo
do oceano
colher pérolas.

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Postado por Metáforas do Zé
27/11/2015 às 15h22

 
Agências reguladoras e desenvolvimentismo

A Vale acaba de ser excluída do ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial) da BMF&Bovespa. Meu comentário: A avaliação de risco de ativos financeiros é uma função sob medida para o governo através de agências reguladoras independentes.

No caso das agências de rating, elas são privadas mas com um quasi-monopólio estabelecido por leis e regulamentos americanos, e são pagas pelos avaliados. Isso é um erro de desenho do sistema que cria conflitos de interesse. Essa falha tem relação com a bolha que estourou em 2008 e infelizmente não foi corrigida.

Voltando ao caso da Vale, tivemos uma iniciativa de construir agências reguladoras que não era perfeita mas pelo menos em teoria fazia sentido, tanto do ponto de vista ambiental como de defesa do consumidor e da competição nos mercados. Infelizmente essas iniciativas foram abandonadas em favor de da promoção de campeões nacionais, de subsídios a projetos dirigidos pelos bancos estatais, e no caso da Vale da reestatização de fato, seguindo as ideias desenvolvimentistas.

Tanto o desastre de Mariana como o mar de lama que apareceu mais recentemente nas gravações envolvendo o Delcídio e o banco BTG têm raízes nessa mudança de curso. É natural esperar que os promotores do desenvolvimentismo observem os fatos e concluam que suas teorias precisam ser modificadas.

Também quero uma bicicleta Calói do papai Noel. E paz mundial.

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Postado por O Blog do Pait
27/11/2015 às 02h47

 
A descida ao eu

(Texto originalmente publicado em 30 de junho de 2010 na minha coluna no jornal Gazeta do Sul.)

A frase que intitula esta resenha sintetiza o romance do século XX, segundo o escritor argentino Ernesto Sabato, que completou 99 anos no dia 24 de junho. A Argentina é um país que pode não ter o melhor futebol do mundo (apesar do título eminente), mas possui a melhor literatura, pelo menos na humilde opinião de quem escreve estas linhas, pois é o berço de Julio Cortázar, Jorge Luis Borges, Adolfo Bioy Casares e tantos outros. Não estranhe, caro leitor, se em plena Copa do Mundo estou neste espaço elogiando "los hermanos". Não podia, porém, deixar passar a oportunidade de escrever sobre um grande escritor e sobre um livro que me tirou algumas noites de sono.

Sabato foi um grande físico, chegando a trabalhar no Laboratório Curie, em Paris. Nos anos 40, depois de questionar esse mundo tão racional — que lhe provocava, segundo suas palavras, "um vazio de sentido"—, abandonou a ciência para se dedicar à literatura e à pintura. Publicou livros de ensaios e romances, pouco em quantidade — só três romances —, mas de uma qualidade incontestável. Destaca-se nesse conjunto a obra-prima Sobre heróis e tumbas, lançado em 1961 e com edição recente no Brasil pela editora Companhia das Letras, com tradução de Rosa Freire d'Aguiar.

O romance é dividido em quatro partes, mas antes há uma nota, supostamente tirada de um jornal de Buenos Aires, pela qual ficamos sabendo que Alejandra matou seu pai, Fernando Vidal Olmos, e depois ateou fogo no próprio quarto, se suicidando. Na primeira parte, "O dragão e a princesa", passamos a conhecer melhor essa impressionante personagem a partir das percepções de Martín, jovem que se apaixona por ela. Misteriosa, imprevisível e de personalidade forte, Alejandra só não é mais estranha do que os parentes que habitam a casa, gente ligada à antiga aristocracia argentina, cujos antepassados participaram da luta pela independência do país. Esses antepassados podem ser os heróis do título no que seria uma interpretação político-social da obra, colocando Alejandra como metáfora para a própria Argentina. Prefiro, no entanto, a chave mais existencial, sendo que o título dessa primeira parte nos leva a esse sentido. Seria o dragão Martín e a princesa a Alejandra? Ou seria a jovem uma princesa-dragão, soltando fogo através de suas duras palavras?

Na segunda parte, "Os rostos invisíveis", a história se desenvolve com mais comentários sobre a história da Argentina, inclusive sobre a era peronista, as paixões anteriores de Alejandra e aparece pela primeira vez Fernando Vidal Olmos, esse o rosto invisível em boa parte do enredo, mas que começa a se revelar. É dele o manuscrito que seria encontrado posteriormente no quarto incendiado e que corresponde à terceira parte, talvez a mais perturbadora de todo o enredo: "Informe sobre cegos".

O texto é uma narrativa enigmática, que reflete a mente perturbada de Fernando em sua tentativa de encontrar a Seita dos Cegos. Percorre, inclusive, os esgotos subterrâneos de Buenos Aires, como a descida de Ulisses ao Reino de Hades em busca das respostas do cego Tirésias, contada na Odisseia, de Homero. Paradoxalmente, busca a luz nas trevas. Na verdade, a busca representa a jornada nas tumbas da nossa mente, por isso as menções ao sexo desenfreado, aos canalhas de todas as estirpes, ao lixo produzido pelo homem. Tudo alegorias das questões morais do ser humano. Mais do que isso eu não falo sobre o "Informe". Leia-o. Repito, leia-o. E mais uma vez: leia-o, mesmo que seja só essa parte. Vai te deixar perturbado durante dias, mas é esse o objetivo de todas as grandes obras literárias.

O romance se encerra com "Um Deus desconhecido", que retrata os acontecimentos depois da tragédia relatada na nota policial do início. Também ficamos sabendo mais sobre a vida de Fernando Vidal Olmos. Vidas particulares e pátria se mesclam a partir de justaposições de imagens do passado e do presente, tanto dos personagens como da própria Argentina.

Tudo se conclui e nada se conclui. O Absoluto continua desconhecido, as trevas continuam trevas, os rostos continuam invisíveis e não descobrimos se a princesa é mesmo o dragão. A única certeza é de que o leitor terminará a leitura com a mesma sensação que teve Martín depois de ver Alejandra pela primeira vez: "já não era a mesma pessoa de antes. E nunca mais voltaria a sê-lo."

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Postado por Blog de Cassionei Niches Petry
26/11/2015 às 14h44

 
Preguiça

-Mamãe, o que é poema?
-Poema é poesia, só que um pouco diferente.
-Como assim?
-Poesia com uma forma diferente.
-E como faz a fôrma da poesia?
-Tem que usar a cabeça, quem faz poema estuda, lê muito, fica aquela coisa linda.
-A senhora gosta?
-Gosto sim, bastante.
-Então por que não vejo nenhum poema na sua mão nunca?
-Porque eu tenho muita coisa pra fazer, não tenho tempo, tenho que trabalhar e também tenho que lavar esses copos que você fica sujando com seus coleguinhas. Aliás, não era pra você fazer um trabalho?
-Tá bom, tá bom... Então poema a gente escreve com fôrma e fica bonito?
-É.
-Ah! Tá...
Mais tarde a filha volta com um caderninho e pose de entrevistador.
-Mãe, o quea senhora acha do Brasil?
-Eu gosto daqui, é o lugar onde moro e onde pretendo morrer...
-Não, mãe, num to falando daqui, to falando do Brasil...
-Ué, filha, Brasil, aqui, é a mesma coisa.
-Ah! É, tinha esquecido. Fala mais então...
-O Brasil é um país muito grande, com uma natureza magnífica. Mas você não vai querer que eu fale de tudo que todo mundo já sabe né?
-Não, não, pode ser alguma coisa... (consulta caderninho) inovadora, inusitada e principalmente criativa.
-Ah filha! Isso é muito difícil, pede pro seu pai que tá a toa agora.
A filha sai muito decepcionada. Como ela faria um texto com o tema: "Poema sobre o Brasil" com aquelas características que a professora tinha pedido, sendo que nem sua mãe coneguia.

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Postado por Blog de Cind Mendes Canuto da Silva
25/11/2015 às 20h44

 
A cristaleira ─ série: Objetos

Para Raul Almeida


Amarelas, com miosótis em azul,
essas xicrinhas de café acolheram as mãos dos meus avós.
O bule de faiança era da minha tia.
É só isto que posso saber.
Em São Paulo, comprei aqueles cálices coloridos
e adornados com folhas de videira. No licor de anis . . .
Ou seria de ameixa? Lábios amorosos? Ou amuados?

Circundando a louça antiga,
pulsam angústias, esperanças e afetos ancestrais.
E o entorno de cristal empareda tramas
que jamais poderei decifrar.

Na trave de madeira, pequena chave de bronze sela antigos pactos
de abrir e fechar o coração aos dias de festa ou de tédio.
Diante da transparência do móvel,
minha memória sofre de vazios por não poder alcançar
a alma daquelas peças amoráveis.

Hoje, no café da tarde, iluminaram-se glicínias no bojo das xícaras.
A quem pertenceram? A alguém triste? Alegre? Ou indiferente
às coisas da vida? Que mãos tingiram o lilás da floração em campo bege?
No café da tarde de hoje, mais uma vez se confirmaram
certa lonjura e o fôlego nas coisas que nos cercam.

Escondendo cenas jamais vistas por mim,
espelhos multiplicam formas e cores.

Do que se foi ─ é só isto que posso contemplar.

Conforta-me sentir que, entre distância e esquecimento,
quem ─ no passado ─ preservou tais objetos
partilha comigo o mesmo desejo de convivência
com o mistério do cotidiano.

O mesmo desejo.

Pressinto.

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Postado por Blog da Mirian
25/11/2015 às 19h37

 
Dois dedos e um clic no mouse

O tempo passou e muito do que pensamos e esperamos da vida, ainda está longe, muito longe de ser realidade ou, pior, nunca será atendido.
Num repente a gente se dá conta de que a maioria dos amigos morreu e o baile mudou de endereço e de horário. Que tudo que se imaginou que podia ser ou fazer, na verdade era mais ou menos a cada vez que foi pensado.
Mais interessante, mais difícil, mais perigoso, mais caro, mais distante. Menos engraçado menos feliz, menos saboroso, menos amável, menos alegre, menos possível.

De uma hora para outra a realidade oca da vida se faz presente.
Emoções, paixões, realizações, vitórias e derrotas parecem nada representar. Nada tem mais importância. A impressão é que tudo foi ou será, por algum tempo ou tempo nenhum, acaso e fatalidade.

A certeza de que os nossos trilhões de partículas vão se desagregar definitivamente, as lembranças vão se esfumar, se apagar, se esgarçar e fenecer, é apenas uma constatação que nos faz diferentes dos outros animais. E nem todos tem capacidade de perceber a certeza do nada que seremos no verdadeiro futuro que nos espera, sem escapatória.

Muitos se apegam a idéias de renascimento, de "outros planos", outras dimensões e realidades onde se pode encontrar desde leite e mel, além de dezenas de mulheres intocadas, até monstros cruéis, perversos, sicários, algozes. Ou criaturas aladas, lindas, suaves, leves e carinhosas.
Apegam-se a possibilidade de encontros com os que "já se foram" e que os ajudarão "na nova vida".

Talvez com medo das culpas e remorsos que carregam ou que aceitam por imposição de credos e crendices, recitam versos e fazem reuniões e louvações durante toda a vida.

Acreditam que um dia, serão reunidos num grande, monumental, enorme, soberbo congresso de mortos em todos os tempos, para que um magistral juiz diga quem é que vai para a sala ou para a cozinha, sem deixar de mencionar os que vão para os currais e as pocilgas...

E agora? Como será que acordarei amanhã? Ninguém pensa assim.

Muito poucos, pouquíssimos têm a claridade mental de perceber que em qualquer tempo, a qualquer hora, daqui a pouco ou em tantos e quantos anos o maravilhoso momento da vida se apaga

Assim como começa, termina.

Num clic do mouse do Arquiteto do Universo, do dono do Tempo... Não dá pra pensar muito. É melhor e muito mais cômodo deixar a vida rolar. Quanto tempo mais? Sei lá.

Sobram "dois dedos" no copo curto, duas pedras, duas chacoalhadas, boa companhia ou maravilhosa solidão, com saúde e paz no coração.



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Postado por Contubérnio Ideocrático, o Blog de Raul Almeida
25/11/2015 às 10h03

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