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Sexta-feira, 11/3/2016
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Atividades para o dia de hoje

1 - Lamentar as derrotas de Lee Sedol para AlphaGo. Não o resultado dos partidas em si, mas a perda do Go como metáfora para estratégia. Agora é tudo reconhecimento automático de padrões. Não vai dar mais para dizer "o urgente antes do grande" sem pingar uma lágrima.

2 - Estudar o trecho constitucional da semana. Os professores e sábios alocaram para essa semana a seguinte porção: Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: (...) XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei; O resto, como disse Hillel, é comentário. Vá lá e estude.

3 - Trollar sites conservadores depois que tiveram todos seus argumentos sobre política externa, os anteriores e preemptivamente os futuros, projetados em verdadeira grandeza pela entrevista do Barack Obama no Atlantic. Para quem gostava de Go, isso sim é estratégia. Fim de papo. Ação: buscar uma promoção para o cara cujo contrato termina 20 de janeiro. País que não tiver exigência de nacionalidade larga na frente. Quem não leu a entrevista, leia. Apenas 70 páginas, cada uma vale o esforço.

4 - Levantar a equação de Lyapunov comum para o 2o jato usando conexão métrica, para tornar as expressões mais concretas e livres de coordenadas. A questão é: a existência local do Hessiano num aberto que contém o subconjunto maximal de existência das integrais do campo Hamiltoniano permite a extensão das integrais para o fecho, criando uma contradição para a hipótese de maximalidade?

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Postado por O Blog do Pait
11/3/2016 às 10h38

 
Preto ou Vermelho


Fonte:http://roletatuga.blogs.sapo.pt/tag/roleta


Confio em meu destino. Por esse motivo, nunca tive medo de me expor ao enviar meus textos, muitas vezes repletos de erros. Sou animado por um violento impulso interior que me torna capaz de suportar, sem curvar os ombros, todo o peso da responsabilidade de educar-me sozinho. Não digo que seja fácil ou que não tenha medo. Há momentos em que sou acometido por uma terrível angústia, a ponto de chegar a me desesperar por não saber o quê fazer, por sentir imensas dificuldades em transpor minhas dúvidas e limitações. Entretanto, mesmo nestes instantes de incerteza, em que não raro a tensão incontida se desfaz em lágrimas, jamais desanimei, jamais levei a sério os amigos que me aconselhavam a retornar à quietude do caminho das universidades ou dos concursos públicos. Isso não é para mim. Eu obedeço a outro impulso. Como dizia Fernando Pessoa, “quero tornar a minha vida grande mesmo que para isso eu tenha que perdê-la”. Quem se atreve a deixar de ser um mero espectador e se aproxima da roleta para arriscar suas fichas, sabe que pode sair sem nada. Eu tive a audácia, ou estupidez, como alguns dizem, de seguir uma intuição e apostar tudo. Compreendo e aceito os riscos e dificuldades que enfrento no dia a dia por conta dessa aposta temerária. Eles são inerentes aos sentimentos de vitalidade e força que tenciono comunicar em meus escritos. Por isso, nem o cansaço, nem o desprezo, nem as críticas alheias me abatem. Por isso, recusei categoricamente a tutela intelectual de mestres ou mesmo de pistolões que me oferecessem um emprego numa instituição. Eu, meus amigos, diferente desta multidão de covardes e acomodados que abarrota as universidades e as repartições públicas, desta corja de doutores que vivem de trapaças, se aproximando dos autênticos jogadores para se apropriarem do ganho alheio, jogo com as minhas fichas e por conta própria.

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Postado por O Equilibrista
11/3/2016 às 08h42

 
Hai-Kai em colheres

Abaixo a fome.
Pela gourmetização
da comilança

Mãos santas
do Chef
-O poeta
do paladar-

Assim como
o pintor
que mistura
suas cores
embaralhando-nos
a vista,

aromas, imagens
e sabores
nos invadem
os sentidos

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Postado por Metáforas do Zé
11/3/2016 às 06h37

 
Bar azul - a fotografia de Luiz Braga

Há uma fotografia de Luiz Braga chamada Bar azul. Em um pequeno bar uma mulher olha pela janela enquanto uma criança, tentando equilibrar-se sobre uma mesa, tenta tocá-la. Ao lado, passam automóveis que, pela velocidade, vemos apenas as silhuetas. O bar, feito de madeira, com alguns indícios de alvenaria e pintado em azul com detalhes em vermelho, tem ainda a imagem de uma paisagem na parte superior de uma das paredes. Uma mesa e algumas cadeiras preenchem o centro. A paisagem parece ser de uma periferia da Amazônia, de Belém do Pará.

Toda e qualquer imagem pode suscitar várias interpretações. Essa não é diferente. Quando vi pela primeira vez, pensei que a imagem poderia servir como uma metáfora da região amazônica. Uma, se quisermos, metáfora-síntese.

A mulher na janela simbolizaria, junto com o ambiente, o habitante amazônico que contempla a realidade com um misto de desinteresse (essa seria a palavra correta?) e impotência diante da velocidade do progresso que passa. Progresso que contrasta com seu ethos que parece apenas lhe dizer respeito de modo circunstancial. Um existir, ao mesmo tempo, inevitável e inalcançável.

Pensando desse modo, estamos próximos do que Benjamin discute em Pequena história da fotografia[1] sobre as possibilidades da fotografia nos revelar, ou suscitar, outras maneiras de observarmos a realidade. Mais especificamente, estamos próximos de sua argumentação sobre o que ele denominou de “inconsciente ótico” e da busca, por parte do espectador, da “centelha do acaso”, que nem a técnica e perícia do fotógrafo podem eliminar.

O espectador estaria sempre em busca “do aqui e agora, com a qual a realidade chamuscou a imagem, de procurar o lugar imperceptível em que o futuro se aninha hoje em minutos únicos, há muito extintos, e com tanta eloquência que podemos descobri-lo, olhando para trás” [2]. É exatamente esse exortar da fotografia que se liga ao modo de vermos Bar azul.

Vemos ali uma certa metáfora de uma realidade. Não a realidade direta ou documental, e sim a realidade sugerida pelo nosso olhar e pelo olhar da imagem. Olhar da imagem porque a fotografia de Luiz Braga não tem um rosto nítido, não se trata de um retrato, está muito mais próxima de uma caracterização social (circunstancialmente existencial), do que de um registro documental ou personalístico.

Daí, talvez, podermos falar que a imagem proporciona uma certa reificação. Dito de outro modo: é só por meio da construção imagética, a do fotógrafo e a nossa (espectador), de nossa forma de organizar a mensagem, os signos, da mímesis da imagem, é que podemos voltar à própria realidade. Um antigo conceito filosófico ladeia essa idéia: verossimilhança.

Se de um lado a fotografia está ligada à habilidade do fotógrafo, de outro ela se separa de sua técnica quando o olhar humano diferencia-se do olhar da câmera. “O inconsciente ótico” está ligado a essa forma da realidade surgir na imagem, forma muitas vezes não programada ou manifesta, mas que revela um outro real, “latente”.

A técnica nesse momento se alia à magia como diria Benjamin. À magia de fazer explodir em um relâmpago, em um flash, uma realidade - ou um “tempo histórico linear e vazio”, na terminologia Benjaminiana. Talvez esse ressurgir do real esteja em Bar azul. A imagem não serve para jornais, nem para álbuns de família. Não é índice imanente de um “fato”/“real”, e sim tem a capacidade de suscitar vários — sociais/ antropológicos.

Já se disse que a fotografia de Luiz Braga vai além, ou não está subjugada a esse propósito social e que igualmente ela recria a realidade esteticamente. Isso não está incorreto, mas é preciso lembrar que a possibilidade da fotografia está ligada a esse desraizar da realidade para nela se integrar de outro modo, através de outra forma.

A imagem de Bar azul é do fotógrafo. Deixa de ser quando se comunica com nossa tentativa de encontrar os vestígios do real, quando esses vestígios são tomados como um instantâneo. Talvez se os carros estivessem parados e não parecessem como relâmpagos não teríamos a mesma noção ou “eficácia” simbólica da imagem, talvez se eles não se contrastassem com a quietude da mulher na janela e com a “fisiognomia” da infância cambaleante não poderíamos fazer tantas ilações. Eis a representação mágica da realidade que a técnica pode proporcionar.

“Evidentemente - diz Luiz Braga - que meus personagens não vivem no paraíso. Mas estão em paz com o seu ambiente. É minha intenção assumir em relação a meus personagens a mesma naturalidade com que sou tratado por eles” [3]. Paz e naturalidade poderiam ser os adjetivos mais perceptíveis em Bar azul. Aí entra o leitor da imagem, que por ser imagem “aberta” lhe sugere polissemias. Não contente com o que ela mostra gostaria de saber o que aquela mulher estava pensando naquele momento, como foi seu dia? Será que espera algo, ou será que apenas olha, gasta o tempo?

Benjamin louva o surrealismo e mais especificamente a fotografia de Atget porque “nessas obras, a fotografia surrealista prepara uma saudável alienação do homem com relação ao seu mundo ambiente. Ela liberta para o olhar politicamente educado o espaço em que toda a intimidade cede lugar à iluminação dos pormenores[4]”.

A alienação de Luiz Braga se assemelha a esse procedimento. As imagens de Atget renunciam aos lugares características da cidade, lugares tão visitados pelo olhar do turista; olhar que, em muitos momentos, paira sobre a Amazônia, o olhar de quem apenas passa. A fotografia de Braga tenta escapar desse olhar quando “ressignifica” a paisagem da região. O bar azul não é o Teatro da Paz e mesmo ao lado do teatro podemos ter vários bares azuis. Essa é a reorganização estética que por vezes surpreende mesmo os nativos, que, em geral, já possuem a “atrofia” no olhar.

Daí um certo caminho a ser percorrido entre olhar a imagem como conhecimento referencial, imediato, típico do jornalismo, dos cartões postais e do retrato e olhar a imagem do Bar que parece conduzir ao reconhecimento da paisagem[5]. A banalidade da cena se desfaz quando a câmera entra. O real se formaliza com a presença da luz que lança seu artifício para ressignificá-lo.

Os vestígios do real fazem parte dessas indagações, da possibilidade de reorganizar algo, que sabemos impossível, que pode surgir de uma imagem, de um relâmpago como um flash, do tempo agora (Jetzeit). Ou no instante da foto no qual a criança se move para tentar se equilibrar, o que provoca um efeito na imagem. Efeito artificial que sempre apagamos das fotos porque “chamuscam”[6] a imagem com o real. É exatamente isso que não pode ser apagado de Bar azul.


[1] BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Obras escolhidas. 7 ed. São Paulo: Brasilense, 1994, p. 91-107. [2] BENJAMIN, 1994, p. 94. [3] BRAGA, Luiz. Uma Amazônia intimista. Disponível em: http://www.luizbraga.fot.br . Acesso em: 10 dez. 2007. [4] BENJAMIN, 1994, p. 102. [5] Ver a nota 4 do texto: Retrato, imagem, fisiognomia: Walter Benjamin e a fotografia. In: CHAVES, Ernani. No limiar do moderno: estudos sobre Friedrich Nietzsche e Walter Benjamin. Belém: Paka-Tatu, 2003. [6] BENJAMIN, 1994, p. 94.

Bibliografia consultada:

LISSOVSKY, Maurício. Sob o signo do “clic”: fotografia e história em Walter Benjamin. In: BIANCO, Bela Feldman; LEITE, Mirian L. Moreira (Orgs). Desafios da imagem: fotografia, iconografia e vídeo nas ciências sociais. Campinas-SP: Papirus, 1998. SONTAG, Susan. Sobre fotografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

Uma versão deste texto foi publicada em Relivaldo Pinho

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Postado por Relivaldo Pinho
11/3/2016 às 05h27

 
Dissoluto

A brisa
que
acalanta
palavras
em chamas

Mares
que
abrigam
temporais

Em
águas
não
se
fixam
cicatrizes

Quilhas
imortais

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Postado por Metáforas do Zé
10/3/2016 às 23h55

 
Quatro pinturas acrílicas

Defino minhas pinturas como o resultado da imaginação comovida, isto é, como o fruto da atenção emocionalmente tingida pelo drama humano, pela pobreza, pelo trabalho humilde e a diversão barata.
Cada pintura retrata uma história não escrita, porque história de anônimos.
Os doces sem embalagem expostos na vendinha da esquina, o forró à luz das lâmpadas de 60w., o calendário de mulher pelada, amarelado pelo tempo. Quem olha pra isso? Pra que olhar pra isso?
Um cachorro preto perambula entre os barracos de minha pintura "favela". Não há comida pra ele ali, entre os famintos. Mesmo assim, que diferença faz.

"Catadores de papel"


"Cana de açúcar"


"'Barreno'"


"Janta"



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Postado por Blog de João Werner
10/3/2016 às 12h18

 
A revolta dos remédios

Na cozinha aqui de casa, mais precisamente na prateleira, existe uma caixa de madeira na qual guardamos remédios.

Naquela noite de tempestade, que a luz acabou de repente, com um pires de vela acesa nas mãos, me aproximei da prateleira.

A tempestade apagou os meus sentidos e num estalo me vi perdido entre meus remédios.

Estavam reunidos numa espécie de assembléia.

Tapei um dos ouvidos com a mão e aproximei o outro bem perto deles: Corus era o mais exaltado: “Sou eu que controlo a pressão arterial, portanto, mereço o posto de rei da prateleira”.

Ao lado dele, Cibofibrato balançava a cabeça em forma de apoio, já pensando no cargo de primeiro ministro.

Rompendo entre eles, Metformina se ergueu colérica: “eu controlo o diabetes, sem mim, de nada adianta controlar a pressão”.

Concordei feito um assessor bajulador, ciente da importância da Metformina, sem a qual, meu sangue adoça.

Como os ânimos permaneceram exaltados, naquela de conciliadora, Paracetamol se colocou à disposição para assumir o cargo, caso não houvesse consenso.

Fosfato de Sitagliptina ameaçou usar a força, “É na luta que impérios se constroem!”, bradou, conseguindo calar a turba por instantes.

Sonrizal rompeu o silêncio, a voz repleta de xis, ameaçando se atirar num copo d’água se não fosse atendido: “e nem quero ser rei, apenas que parem de tirar o sarro no meu jeito de falar”.

Valda, a pastilha, sorriu, cínica.

Alopurinol, Leite de Magnésio e um Xarope maltrapilho se uniram, já lançando o lema “unidos venceremos!”.

Tentei despertar beliscando meu braço, mas Mertiolate me olhou de um tão jeito estranho que acabei recuando, não sem antes prometer em pensamentos que, assim que acordasse, buscaria tratamento médico.

Foi só pensar nisso que um grupo de vitaminas olhou para mim com cumplicidade.

A passos vagarosos, dois remédios para dormir se juntaram à turba, pouco se incomodando com o Xarope maltrapilho que gritou: “Vocês vão ver o que é bom para tosse!”.

Um tanto perdido, Vick Vaporube se mostrava chateado por não ter nada para desentupir e ao passar perto de mim, cumprimentou o meu nariz, seu velho conhecido.

“Cegos!” gritou o colírio, batendo no peito, na arrogância própria dos lubrificantes, “não percebem que para ser rei é necessário primeiro enxergar?”

Me preparei para concordar quando ouvi atrás de mim uma voz metálica: “Cale-se, você está com a validade vencida!” alertou o antialérgico.

Largada num canto, Dipirona mantinha o olhar perdido, indiferente à revolta, perdida na dor da saudade de um amor do passado, uma sirigaita chamada Cibalena, que partiu sem se despedir.

Todos se calaram quando o pote de Emulsão de Scott se aproximou arrastando o seu lume de gorduras.

Ninguém se atreveu falar, completamente lesos, razão do respeito e admiração por um remédio que desde que chegou à prateleira, jamais fora usado.

E a luz voltou me trazendo à realidade, tonto, cansado, sem saber ao certo qual remédio deveria tomar.

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Postado por Blog de ANDRÉ LUIZ ALVEZ
10/3/2016 às 09h47

 
Hemingway: arte e vida

“No caminho, fui pensando no Ernest Hemingway que um dia encheu um barco de amigos e saiu para caçar um submarino alemão que rondava o Caribe, coisa de porra-louca, só ele mesmo. Li muito sobre a vida do romancista. Das histórias, da que mais gostei foi a da Ava Gardner, tesão de mulher que foi passar uma temporada na casa em que ele vivia em Havana. Numa noite, que não podia deixar de ser quente e azul, nua, mergulhou na piscina, com seus também olhos azuis. Passados uns dias foi embora. Esqueceu ou propositadamente deixou uma calcinha no quarto de hóspedes. Ele recolheu a peça que abrigara a coisa mais, mais – procurou palavras, tarefa fácil, em vão - apertou-a no peito e daquele dia em diante nunca deixou de dormir com o revólver debaixo do travesseiro envolto por ela. Bagunceiro, brigão, mulherengo, adorava rinha de galo, soltar foguete, luta de boxe, arrumava confusão com os vizinhos. Amigo do Fidel, talvez o único americano que o barbudo tolerasse. Li alguns livros dele. Gostava mais de sua vida. Tinha mais arte.”

- Deste blogueiro, do romance Dias de Vinho e de Chumbo, Editora Jaguatirica.

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Postado por Blog de Anchieta Rocha
9/3/2016 às 21h04

 
A praia, o dindin e o desapego

Em São Paulo é chamado de geladinho. No interior de Alagoas, Flau. Em Fortaleza o descobri como dindin. Iguaria gelada e deliciosa que alivia o calor à base de sabores infinitos. Parente do sorvete. Nice to meet you.

Cartão de visita entregue linhas acima, visualize o cenário. Praia de Iracema, orla de Fortaleza, domingo à noite. Em meio a um ‘mar de gente’, um casal de vendedores destoa da multidão pela originalidade.

Aqui, uma pausa. Volto já à Beira Mar.

Lorena e Erich.

Ele é pedagogo e poeta. Ela, publicitária e, em pouco tempo, esteticista. Se conheceram há três anos. Antes disso, Lorena morou nos Estados Unidos e Nova Zelândia. Erich publicou um livro de poesias e trabalhou como editor, na capital do Ceará.

Em 11 de dezembro de 2015, num desses instantes inexplicáveis da vida, ele – desiludido com os pedregosos caminhos das artes – a confidenciou que estava largando tudo, compraria um isopor e, a partir dali, seria um vendedor de dindin na Praça do Ferreira, centro de Fortaleza.

Lorena topou a ideia.

Iniciava ali uma grata costura no projeto de vida a dois. Da produção própria e venda, nascia a Dindinharia Artezanale, uma espécie de fábrica goumert do delicioso produto apreciado por pessoas de todas as idades – em várias gerações.

O início foi doloroso, com mais erros que acertos na composição dos sabores. Sendo quase um fracasso o primeiro lote. Vale lembrar a desconfiança de familiares e amigos.

Mas as coisas se ajeitaram. Vieram o ajuste produtivo e as receitas customizadas, que deram água na boca e aguçaram paladares requintados.

Para chegar ao nível de receptividade do público atual, o processo passou de copiar receitas da internet para algo bem particular, original.

Como cientistas, gastaram dinheiro, horas e suor em testes madrugadas a dentro.

Misturaram ingredientes, buscaram a fruta diferenciada (a maioria colhida no sítio da família), juntaram itens. Isso com isso dá um gosto bom àquilo?

Por fim, a minuciosa arquitetura das embalagens, com riqueza de detalhes (enfeitadas com fitas coloridas e cores neutras). Sem esquecer outros adereços.

A indumentária final para ganhar o calçadão, sempre aos fins de semana – do final da tarde até o movimento cair –, além da simpatia envolvente, é composta por vestes escolhidas a dedo.

Menu de cantina italiana, guarda-sol e carrinho com identidade visual retrô. Transeuntes desavisados pensam estar em meio à uma peça de teatro – eu avisei que voltaria à Beira Mar.

E lá se vão pouco mais de dois meses de um sonho em andamento. Por enquanto, ambos dão conta do mister.

But, os objetivos cresceram. Querem mais sabores. Querem funcionários. Querem ponto físico de venda. Os amantes de dindins agradecem.

Viva a criatividade.

*Marco Garcia é jornalista paulistano. Mora em Fortaleza.

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Postado por Blog de Marco Garcia
8/3/2016 às 13h26

 
Mesa de bar

Uma pequena homenagem que fiz à amizade, imprimi "Mesa de bar" sobre papel Arches Aquarelle Rag, 310 g/m², da Canson.
Tamanho da imagem 58 x 77,3 cm.
É a primeira vez que imprimo esta pintura. O giclée é assinado, datado e numerado no verso, 2/20.
Com Certificado de Autenticidade.


assinado, datado, numerado no verso



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Postado por Blog de João Werner
8/3/2016 às 10h31

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