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Quinta-feira, 3/9/2015
Blog de Cassionei Niches Petry
Cassionei Niches Petry
 
Perdão, Drummond

Quando nasci, um anjo de porcelana
desses que ficam na entrada do hospital
caiu na minha cabeça e disse:
Vai, Cassionei, ser um professor estadual

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Postado por Cassionei Niches Petry
3/9/2015 às 18h38

 
O crack e os assaltos

(Crônica publicada no jornal Gazeta do Sul no dia 1º de julho de 2009.)

Agora não me sinto mais tranquilo nem no meu próprio bairro. O lugar onde moro já era conhecido pelo tráfico existente nas proximidades. Negaram-me muitas vezes entregas de gás ou pizza, pois tinham medo de serem assaltados, o que dificilmente acontecia. E eu sempre dizia aos meus conhecidos para não se preocuparem, o pessoal não era de assalto. Há anos morando no bairro, nunca pensei que ia passar por essa situação.

Sexta-feira, 5h e 50min, saindo para o trabalho. Mas por que um professor tem que sair tão cedo, pode alguém perguntar, já que as aulas começam geralmente às 7h e 30min? Acontece que dou aulas não em Santa Cruz, mas em Venâncio Aires, e preciso pegar um ônibus no centro às 6h e 20min. Como não há urbano mais cedo perto de casa, cumpro um trajeto de meia hora a pé até a parada. Além disso, mais 1 hora de ônibus rumo à Capital do Chimarrão. Dificuldades, enfim, de quem está começando na carreira (se bem que já são 5 anos nessa rotina).

No último ano, comecei a passar por um grupo de pessoas que ficam madrugadas a dentro fumando crack, esta droga tão terrível. Ela os afeta de tal forma que perdem até a noção do tempo, pois uma vez escutei uma mulher do grupo dizendo para os outros "deve ser umas 4 horas, né?" Nunca tive problemas com eles, até por que conheço alguns.

Pois dia 26 as coisas foram diferentes, para combinar com uma semana ruim: gripe forte (desconfiei que fosse a tal Gripe A), meu time perdeu na Recopa e meu ídolo de infância morreu. Dessa vez, só havia três pessoas naquele grupo: dois homens e uma mulher. Ao me verem, os dois homens saíram caminhando na minha frente e eu, com mais pressa, passei por eles. Quando já estava alguns metros na frente, me chamaram pedindo 1 real. Disse que não tinha, pois o meu dinheiro estava "contadinho" para a passagem de ônibus. "Vamo vê aí!", retrucou um deles, enquanto levantava a camisa, querendo mostrar uma arma, a qual não vi. Tirei a carteira, com medo que levassem meus documentos, abri-a e contei as poucas notas em poder deste pobre professor. Disse-lhes: "Tenho 8 'pila' e gasto 4 pra ir, mais 4 pra voltar. Pelo menos me deixem o da ida, depois dou um jeito" Falei que conhecia o pessoal dali, e acho, inclusive, que eles próprios sabiam quem eu era, pois taparam o rosto com seus casacos. Chegaram a afirmar serem de outro bairro.

Por mais incrível que possa parecer, o ladrão disse: "Tu foi legal, vou te deixar parte do dinheiro". Quando já iam embora, fui conferir a sobra. No nervosismo, acabei dando 6 reais para eles. Obriguei-me a pedir de volta mais 2 reais. E, pasmem, eles devolveram!

Refletindo sobre esse insólito episódio, acredito que o objetivo deles era simplesmente conseguir qualquer quantia para comprar crack. Muitas pessoas passam por essa mesma situação e outras chegam a ter suas casas "limpas" por delinquentes que muitas vezes são parentes das vítimas. Famílias estão sendo destruídas e, principalmente, vidas estão sendo perdidas por este vício. Até quando?

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Postado por Cassionei Niches Petry
1/9/2015 às 16h49

 
Trilogia de um texto só

Sou um homem das letras, das palavras, das frases, dos parágrafos, do texto. Os números não são minha praia. O máximo das aulas de matemática de que me lembro é que 2 + 2 = 5 (ou foi a literatura que me ensinou isso?).

Mas há alguns números que me perseguem e eu os persigo vez ou outra. Que o digam os pobres dos alunos, que aguentam as filosofices deste medíocre professor quando escreve a data no quadro. Um destes números é o 33, o número do suicídio. Quem leu o meu romance, Os óculos de Paula, entenderá, assim como quem acompanha há mais de 3 anos o meu blog Cassionei lê e escreve.

"O que faço com estes números?", canta o engenheiro das palavras Humberto Gessinger. Vinha ouvindo esta música há pouco no meu golzinho usado, cuja primeira dona morava numa casa de número 333. Dois versos da canção dizem: "Aos 33 Jesus na cruz/Cabral no mar aos 33". Gessinger é um obcecado pelo número 3. Já escrevi sobre seu livro Pra ser sincero: 123 variações sobre um mesmo tema e a relação do músico com o número. Reproduzo aqui o que escrevi na época do lançamento: "HG nasceu em 1963. A banda teve em sua formação original 3 membros: Gessinger, Carlos Maltz e Marcelo Pitz. O primeiro show foi num dia 11/ 1 (somando, dá o número 3). Já no primeiro LP, o número aparece nos versos da música "Longe demais das capitais", que dá nome ao disco: "O 3º sexo, a 3ª guerra, o 3º mundo". Mais adiante, Augusto Licks entra no lugar de Pitz, completando aquela que seria a formação mais importante da banda. No segundo LP, o número está presente nos versos de "Revolta dos Dândis II": Esquerda e direita, direitos e deveres,/ os 3 patetas, os 3 poderes". Inspirados em outro "power trio", os canadenses do Rush, os Engenheiros estabeleceram que depois de 3 discos, iriam gravar sempre um outro ao vivo, plano que eles cumpriram até o final dos anos 90. Também criaram várias trilogias de seus discos, uma delas é a trilogia da bandeira tricolor do Rio Grande do Sul, formada pelos álbuns "A revolta...", "Ouça o que eu digo..." e "Várias Variáveis", cada um com uma das 3 cores da bandeira gaúcha na capa. Quando resolveu realizar um trabalho solo, HG juntou mais dois músicos e formou o Humberto Gessinger Trio. Poderíamos citar mais músicas ainda ("3ª do plural", "3X4", "3 minutos", etc.)..."

Também ando relendo A divina comédia, de Dante, cujas 3 partes contém 33 cantos (o "Inferno", na verdade, tem 34, mas o primeiro é um prólogo). O poema é composto por estrofes de três versos, tem 3 personagens principais (o próprio Dante, o poeta latino Virgílio e Beatriz), o Inferno é descrito como um lugar que tem 9 círculos (3X3), alguns divididos em outras 3 partes. Habita o 3º círculo o Cérbero, mitológico cão com 3 cabeças. No 9º círculo, os 3 maiores traidores da História, segundo Dante, Judas Iscariotes, Brutus e Cassius (opa!), são devorados por Lúcifer. O purgatório e o paraíso aparecem também com 9 círculos cada um, perfazendo um total de 27, ou seja 3³. Há mais referências ao 3, sendo que a principal é a Santíssima Trindade da Igreja Católica.

Completei neste mês augusto 36 anos de idade (3+3+3+3+3+3+3+3+3+3+3+3). Já passei do "meio do caminho desta vida", que é 35 anos no poema dantesco. Há 3 anos eu estava nos 33, como já disse, idade do suicídio. Não gosto de números, mas, como disse Pitágoras, eles governam o mundo. Curvo-me a eles, então.

(Coincidência, ou não, enquanto termino estas linhas, na MEC FM começam os primeiros acordes da "Sinfonia nº 9, opus 33", de Glazunov. Sem mais para o momento.)

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Postado por Cassionei Niches Petry
29/8/2015 às 10h19

 
101 anos do Grande Cronópio

A obra do argentino Julio Cortázar nos conquista ao estilo de "Casa tomada", um dos seus mais importantes contos. Nele, um casal de irmãos vê sua residência sendo invadida cômodo por cômodo, não se sabe exatamente por quem. O leitor se sente invadido como essas duas personagens ao ler Cortázar. Começamos com um conto, depois outro, após lemos os inclassificáveis textos dos cronópios, passamos por seus poemas, romances, cartas e, quando menos esperamos, nosso corpo está tomado de Cortázar, deixamos de ser nós mesmos para nos transformarmos numa espécie de anfíbio chamado axolote, num motoqueiro na cama de um hospital que sonha ser um ameríndio de séculos atrás e que por sua vez sonha estar dirigindo numa espécie de inseto veloz sobre rodas, ou então saímos vomitando coelhos, ou, talvez pior, vemos tigres caminhando pelos cômodos de nossa casa, enfim, nos metamorfoseamos em personagens cortazarianas.

Julio Cortázar dizia que, na nossa realidade, há sempre um mistério a ser descoberto. As histórias fantásticas e aparentemente fantasiosas que escreveu guardam essa perspectiva. O tempo parece passar de modo diferente no subterrâneo do metrô e, quando voltamos à superfície, podemos nos deparar com outra realidade. Numa ponte, misteriosamente podemos estar em Buenos Aires e nos transportamos para Budapeste. Vindos de portas escondidas atrás de armários em hotéis de qualquer cidade, pode-se ouvir sons estranhos e perturbadores. Cerimônias secretas podem acontecer numa escola durante a madrugada. Ao olhar as fotos de uma viagem, podemos ter uma surpresa não muito agradável. Um engarrafamento no trânsito pode durar semanas. Um bombom de licor feito por uma namorada pode não conter licor dentro. E você, leitor, pode estar lendo um romance em que há um assassino que vai matar alguém, e esse alguém é você mesmo.

Cortázar nos convida a jogar com ele, pulando as "casinhas" do jogo da amarelinha, apostando em uma loteria cujo prêmio é um cruzeiro de navio, lutando boxe, criando anagramas e palíndromos. Jogar com esse jovem que nasceu há exatos 101 anos é uma diversão fascinante. Vamos jogar juntos?

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Postado por Cassionei Niches Petry
26/8/2015 às 14h37

 
A pequena grande obra de Josefina Vicens

Josefina Vicens (1915-1988), assim como seu conterrâneo Juan Rulfo, publicou apenas dois livros. O suficiente, porém, para fazer dela um grande nome da literatura mexicana, apesar de se notabilizar muito mais pelo trabalho jornalístico (assinando, com pseudônimos masculinos, crônicas sobre touradas) e pelos roteiros de cinema. Mesmo assim, não alcançou o reconhecimento obtido pelo autor de Pedro Páramo e El llano en llamas, por isso não temos traduções da sua obra por estas bandas.

Conheci a escritora pelo seu segundo romance, Los años falsos, de 1982, uma curta narrativa daquelas que te agarram já no primeiro parágrafo, numa construção que leva a pensar que o narrador é um defunto, tal qual Brás Cubas, contando a visita de sua família, ele junto, ao seu próprio túmulo. "Todos viemos me ver" é a primeira frase, numa tentativa de tradução minha. Na verdade, é seu pai que está ali enterrado, personagem em quem se espelha e passa a seguir todos os passos que teve em vida, como se tivesse tomando o seu lugar, de chefe de família (composta agora, além dele, somente por mulheres: a mãe e as irmãs gêmeas), de amigo de bar, ajudante de deputado e, por fim, na cama da amante. Todo o enredo é contado pelo personagem falando com o pai à beira do túmulo, ora usando a 1ª pessoa do singular, ora a 1ª do plural, numa tensão crescente, indo da identificação incondicional até chegar à repulsa à figura paterna por lhe ter provocado a perda da identidade.

Vinte e quatro anos antes, em 1958, seu primeiro romance vinha a público, El libro vacío. Interessei-me por esse livro porque tem como narrador e protagonista um escritor, José García, um dos tantos que querem escrever, mas não conseguem, porém enchem cadernos e mais cadernos com reflexões sobre os seus fracassos, na literatura e na própria vida. Somos todos José García, um funcionário de escritório de contabilidade que sente necessidade de escrever, mas não consegue. "Comprei dois cadernos. Assim não poderei terminar nunca. Insisto em escrever neste o que depois, se considero que possa interessar, passarei ao número dois, já selecionado e definitivo. Mas a verdade é que o caderno número dois está vazio e este quase cheio de coisas imprestáveis." (Mais uma tentativa de tradução minha.)

Seria mais fácil não escrever, diz García, mas ainda assim continua escrevendo, falando sobre a mulher, compreensiva ao extremo e suporte da casa; sobre seus filhos, que não terão a oportunidade de ver seu pai como grande escritor; sobre os colegas de trabalho; sobre uma amante que aparece pelo caminho; sobre a própria escrita, que não anda. ("Sempre o que me afeta, o que me importa. Sempre o mesmo, como um ruminante. Creio que precisamente por isso não pude começar livro") Os anos passam, o caderno vazio permanece vazio. O primeiro caderno, porém, vai sendo preenchido, páginas e páginas falando sobre a sua própria vida, sobre a qual não queria escrever, "só para dizer que meu mundo é reduzido, plano e cinza; que jamais me aconteceu nada de importante; que minha mediocridade é evidente e total".

Numa entrevista, Josefina Vicens disse que "escrever é entrar no inferno branco" e que El libro vacío é autobiográfico. A necessidade de escrever, impossibilidade de escrever, o que escrever, se o que se escreve vai servir para alguma coisa, o não escrever, se vão ler o que o escritor escreveu, enfim. O escritor preenche vazios, mas não consegue preencher o seu vazio. Ou, como escreve José García no seu caderno, "esse vazio está cheio de mim mesmo".

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Postado por Cassionei Niches Petry
24/8/2015 às 11h13

 
Mais um Philip Roth na conta

Sigo lendo e relendo a obra de Philip Roth, paralelamente ao livro Roth libertado: o escritor e seus livros, de Claudia Pierpont, publicado pela Companhia das Letras. A última leitura foi de uma obra ainda não publicada no Brasil, The facts: A novelist's autobiography, de 1988, que pretende ser uma autobiografia, porém não passa de outra peça literária do autor de Complexo de Portnoy.

Com intuito de desvendar o que verdadeiramente estava por trás de suas primeiras narrativas, Roth conta fatos de sua vida desde a infância, passando pela universidade e depois a publicação e repercussão de suas primeiras obras. Ora, para quem leu seus primeiros livros, os fatos são facilmente identificados, como por exemplo, a trapaça que sua ex-esposa lhe fez ao fingir que estava grávida, artimanha utilizada por uma personagem em As melhores intenções. Mas também prova, ou tenta provar, que seus pais não foram contra a publicação de seus primeiros contos, geradores de uma perseguição da comunidade judaica, que o julgava antissemita.

Nathan Zuckerman, seu alter ego, aparece nesse livro, só que agora como interlocutor do próprio Roth, que lhe envia o manuscrito para que lesse e avaliasse. Numa carta ao final, que salva a obra, diga-se de passagem, Nathan Zuckerman sugere ao seu criador que não publique o manuscrito: "é muito melhor escrever sobre mim do que informar 'escrupulosamente' sobre sua própria obra." Curiosamente esta obra nunca é mencionada no ciclo de romances em que aparece esse personagem, autor de Carnovski.

Zuckerman conta ainda na carta como está seu relacionamento com a esposa, Maria, depois do que foi narrado em O avesso da vida, sendo que ela também é personagem deste romance e lê o manuscrito de Roth, opinando sobre ele. Ela aparece em The facts na figura de May que, por sua vez, refere-se a uma mulher com quem Roth teve um caso na vida "real".

"Que relação existe entre esta ficção e tua realidade presente?", pergunta Nathan na carta. Roth não responde.



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Postado por Cassionei Niches Petry
18/8/2015 às 14h46

 
Lei de Deus?

(Texto escrito originalmente em março de 2009)

Em meio à discussão sobre a excomunhão dos envolvidos no aborto da menina de 9 anos, estuprada em Pernambuco, o bispo Dom José Cardoso Sobrinho afirmou que a "lei de Deus" é superior às leis dos homens. Superior para quem?

Ora, é típico das religiões impor sua verdade aos outros. A lei referida pelo bispo está nos 10 mandamentos da Bíblia, livro sagrado dos cristãos, mas não de toda a humanidade. O mandamento "não matarás", segundo o escritor Janer Cristaldo, "deve ser visto em seu contexto. Jeová o dirige à sua tribo, à tribo de Israel. Não matarás os de tua raça. Não matarás um judeu. Quanto às outras tribos, pode-se matar à vontade, como aliás Jeová ordena diversas vezes no Pentateuco." É só ler o Antigo Testamento, com as chacinas ordenadas por Deus, para se banhar em sangue. Não é à toa que há edições da Bíblia apenas com o Novo Testamento indicadas para os fiéis, talvez para que não fiquem sabendo que o "Deus de amor" era na verdade um assassino cruel com os outros povos que não o cultuassem.

O que me incomoda, como ateu, são frases do tipo "a humanidade está se destruindo porque falta Deus no coração das pessoas". Ora, como se a maioria dos atos de barbárie praticados na história da humanidade não fossem feitos em nome de um deus, ou de vários deuses, não escapando nem a Igreja Católica com sua inquisição (só para dar um exemplo)! Há vários conflitos religiosos no mundo todo, padres pedófilos, mutilação de mulheres, etc. E quantos assassinos não fazem o sinal da cruz antes de dar um tiro em alguém?

Ser bom, honesto, ético, carinhoso, amoroso, caridoso, feliz, independe de religião ou de crença. A moralidade não nasceu devido a nenhuma inspiração sobrenatural, mas sim porque o homem precisa estipular regras para o bom convívio. Não precisa haver uma crença em punições ou uma ameaça de inferno para praticarmos o bem. Um ateu pode ter todas estas qualidades, bem como o religioso. Da mesma forma, há ateus e religiosos dos quais devemos manter distância.

Penso que todos nascemos ateus. Depois, a família e a sociedade nos "presenteiam" com uma religião (isso, quero reforçar, é apenas uma opinião minha). Nossa cultura é tomada pelo cristianismo. O calendário é um exemplo. Os crucifixos pregados em paredes de instituições públicas como juizados e escolas também não no deixam esquecer que somos frutos de uma religião e que as outras crenças ficam em segundo plano. Se nascemos em uma família com uma determinada crença, fatalmente desde pequenos aprenderemos que essa é a correta. Com o passar do tempo (o senhor da razão) podemos afirmar essas crenças, questioná-las ou buscar outras. É próprio do ser humano querer respostas para suas perguntas. Se são dadas pelas religiões e nos satisfazem, nos confortam, permanecemos com elas. Mas para as mentes mais inquietas, essas respostas geram novas perguntas e assim por diante. O importante é que cada um se sinta feliz com o que acredita ou deixa de acreditar. Procurar a satisfação pessoal, mas sem impor sua verdade aos demais, eis a verdadeira tolerância.

Quanto à chamada "lei de Deus", ela serve apenas para quem deseja segui-la. As leis dos homens, porém, mesmo com suas falhas, devem ser seguidas por todos. Do contrário, este mundo é que será (ou permanecerá) um inferno.

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Postado por Cassionei Niches Petry
14/8/2015 às 15h09

 
Carpe diem (um ano sem Robin Williams)

(Texto escrito no dia 12 de agosto de 2014)

Estou cansado de lamentar morte de artistas neste 2014, isso que estamos apenas em agosto. Coincidentemente, morreram dois caras que me inquietam por me fazerem rever meu trabalho como professor. Sobre um deles, já escrevi por aqui, o Rubem Alves. O outro morreu ontem, Robin Williams.

Quem me inquieta, na verdade, é o personagem vivido por ele em Sociedade dos poetas mortos, o professor Keating. Não sei nem mesmo se ele compactuava com as ideias do seu personagem. Mas o filme foi muito importante na minha vida, e continua sendo, na medida em que ainda o utilizo em sala de aula, seja mostrando aos alunos, que acabam adorando assisti-lo, seja para renovar meus conceitos. A realidade da sala de aula, no entanto, não me permite ser como Keating, como gostaria. Não dá para rasgar os livros didáticos, "pular" estudos de escolas literárias, subir na mesa (até porque meu peso não permite, no máximo subir em cima da cadeira). Tampouco há alunos, com raríssimas exceções, com sensibilidade poética para verem as coisas por outro ângulo e dispostos a se envolverem numa aula diferente. Tentei isso várias vezes. Funciona no início, mas depois não levam mais nada a sério e o que era interessante se torna chato para eles.

É bom lembrar que a escola, de uma forma geral, já há muito tempo não é mais conservadora, tradicional, porém não se decidiu a renovar de vez, e por isso os conflitos entre professor X aluno persistem. A escola deixou de ensinar, preocupada em agradar o aluno, afrouxou demais, e não mostra a importância que se deve dar ao conhecimento. Tudo hoje é em torno do "se adequar a realidade do aluno", para a educação ter efeito precisa "fazer sentido para o estudante". O personagem de Williams mostrava justamente que é necessário algo além das questões prementes do dia a dia, como nesse trecho de uma de suas lições: "Não lemos e escrevemos poesia porque é moda. Lemos e escrevemos poesia porque fazemos parte da raça humana. E a raça humana está impregnada de paixão. Medicina, Direito, Administração, Engenharia, são atividades nobres, necessárias à vida. Mas a poesia, a beleza, o romance, o amor, são as coisas pelas quais vale a pena viver."

Carpe diem, era o lema recorrente no filme. No caso, significa não somente aproveitar a vida para fazer coisas úteis, mas principalmente era um chamado para que os alunos tornassem suas vidas extraordinárias. E não vejo forma de tornar a vida dos meus alunos extraordinária se não ensiná-los a aprender o que eles não sabem e não apenas o que já sabem, dar um sentido para o que não faz sentido para eles, mostrar-lhes outra realidade. Esse é o papel do professor. Isso fez Keating. Isso fazem artistas como Robin Williams.

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Postado por Cassionei Niches Petry
11/8/2015 às 15h35

 
Kafka e seu pai

"Da tua poltrona, tu regias o mundo."

Dia dos Pais chegando. Não sou muito de datas. Cada vez me apego menos a elas. É inevitável, porém, escapar de suas garras, principalmente se a data é comercial.

Tenho uma relação boa com meu velho, apesar de ele não ter sido tão presente na minha vida como eu gostaria, pois é divorciado de minha mãe. Na condição de pai, eu tento ter com minha filha uma relação melhor e acho que estou conseguindo.

Quero, no entanto, falar de literatura, não de mim. E sobre o tema relação pai e filho, a primeira obra que me vem à mente é um pouco óbvia: a Carta ao pai, de Franz Kafka. O escritor tinha 36 anos quando escreveu as mais de cem páginas manuscritas, entre os dias 10 e 19 de novembro de 1919. Hermann Kafka demonstrara indiferença com a notícia do filho de que estava ficando noivo de Julie Wohryzek, sendo o que faltava para que o autor de O processo derramasse em forma de palavras todas as suas mágoas em relação ao pai.

Em seu desabafo literário, queixa-se do tratamento frio e tirano, das injustas reprimendas — como a do episódio da porta trancada, em que Kafka fora trancado do lado de fora da casa apenas por ter chorado pedindo água durante a noite —, das regras estipuladas que só serviam para o filho, não para o pai: "Por causa disso o mundo foi dividido em três partes para mim, uma onde eu, o escravo, vivia sob leis que tinham sido inventadas só para mim e às quais, além disso, não sabia por que, eu nunca podia corresponder plenamente; depois, um segundo mundo, infinitamente distante do meu, no qual tu vivias, ocupado em governar, dar ordem e te irritares com o não-cumprimento delas; e finalmente um terceiro mundo, no qual as outras pessoas viviam felizes e livres de ordem e obediência."

Kafka também revela que em sua obra, até aquele momento ainda não conhecida e formada por poucos títulos publicados, perpassava a figura paterna: "Minha atividade de escritor tratava de ti, nela eu apenas me queixava daquilo que não podia me queixar junto ao teu peito." Entre as narrativas desse período, a mais representativa, sem dúvida, é A metamorfose, cujo protagonista, transformado num inseto, tinha problemas com seu genitor. O veredicto também é exemplar.

"Nenhuma palavra de contestação!" era uma das frases mais utilizadas por Hermann para marcar sua autoridade sobre Franz. O filho, no entanto, em sua carta, desobedeceu ao pai pela primeira vez. O texto, entretanto, não foi entregue. Segundo Marcelo Backes, que traduziu a carta para a edição da L&PM Pockets, os motivos disso nunca foram claros. "Se por ventura achou que ele de fato não se interessaria por ela ou se passou a duvidar do valor documental do manuscrito, ficará sendo um mistério."

Se as palavras de Kafka não chegaram ao seu pai, pelo menos chegaram até nós, seus admiradores e filhos literários.

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Postado por Cassionei Niches Petry
9/8/2015 às 09h35

 
A morte do leitor

Sou dos poucos leitores que não veem com bons olhos os direitos do leitor escritos pelo Daniel Pennac. É um desserviço (não gosto muito dessa expressão, mas é a que me vem à mente no momento) à literatura.

Devido a uma preguiça macunaímica, me apoio em Pedro Eiras, no seu Substâncias perigosas, que comentei por aqui. Ele escreve, assim como que "o leitor não tem direitos nenhuns. A sua única soberania consiste em obedecer. E não é pouco. Não pode abandonar o livro, nem saltar páginas. A leitura é monacal: inventa um claustro, regras, votos. Exige ao leitor que morra para o mundo, que se emparede entre as páginas." E continua: "Se fizer com o texto o que me apetecer, limito-me a cumprir o meu desejo. Não leio, só existo tal como eu sou. Mas ler deixar de existir."

"Sob o pretexto de libertar o leitor, Daniel Pennac, destrói-o, educando terroristas da leitura que vão apagando as descrições em Eça, saltando as digressões em Musil, simplificando o vocabulário em Aquilino, "corrigindo" a pontuação em Saramago. Pelo contrário, acredito que o texto pode quase tudo, o leitor quase nada. Ler é obedecer. Se Daniel Pennac mata o leitor, é porque, ao dar-lhe todas as liberdades, o condena ao tédio. Apenas vive o texto que nos contesta."

"Aonde quero chegar? Aqui: se soubermos ler, sabemos que a literatura pode tudo sobre nós. Incluindo matar-nos. Devemos tornar-nos dignos da ameaça", conclui o escritor português.

É comum hoje, com a pretensão de nivelar por baixo a literatura, vê-la apenas como mais uma fonte de entretenimento semelhante a outras como o cinema, a música. Para tanto, tornou-se moda criticar aqueles que cultivam algo mais sofisticado, taxando-os de pedantes, arrogantes, chatos, destruidores de leitores. Em artigo na Folha de São Paulo, Michel Laub chama isso de "populismo anti-intelectual". Mas assim como acontece com o cinema e com a música, há uma literatura mais elaborada, um trabalho acurado com a linguagem e com referências culturais as mais diversas, que fogem desse padrão de entretenimento. Não se pode destruí-la para dar lugar a outra mais simples, que até encanta, conquista leitores e blá, blá, blá, porém não exige muito de quem lê, não o desafia, mas sim o acomoda.

Julio Cortázar escreve no conto "Continuidad de los parques", publicado no volume Final del juego, a história de um leitor, sentado em uma poltrona de veludo verde e de costas para a porta, que lê um romance desses de best-seller, em que uma mulher planeja com seu amante a morte do marido. Quando o provável assassino se aproxima do provável assassinado, vemos que este também está sentado em uma poltrona de veludo verde e de costas para a porta, lendo um romance, provavelmente desses de best-seller, que uma mulher planeja...

É a morte do leitor ou eterno retorno do que nunca terminou?

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Postado por Cassionei Niches Petry
7/8/2015 às 11h42

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