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Terça-feira, 5/4/2016
O Blog do Pait
Felipe Pait
 
Panamá

Faço a todos que assim quiserem ler e saber a seguinte declaração:

"Estive no Panamá uma única vez, no aeroporto. É estranho, viajar ao Hemisfério Norte em 737, narrow body, mas a passagem estava em conta usando milhas. Sentei do lado errado e nem consegui ver o canal. A escala foi muito curta - só deu tempo para comprar um Panamá, termo que até a semana passada se referia apenas ao chapéu, e correr para o 2o embarque. Gostaria de um dia retornar com mais vagar, e conhecer o ponto onde os oceanos Atlântico e Pacífico se encontram mais próximos e menos gelados."

Sendo isso tudo que tinha a declarar, aproveito o ensejo para renovar meus mais elevados empréstimos em penhora e consignação.

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Postado por Felipe Pait
5/4/2016 às 10h55

 
Neobolcheviques e neopolpotistas

Ontem vi 2 propostas de estabelecimento de ditadura bem especificadas. Uma delas é do presidente do PT, o eterno neo-bolchevique Rui Falcão, argumentando que "...quem garante a estabilidade ... é o governo Dilma" e portanto "...nosso governo precisa ter iniciativas no plano econômico e ações politicas para romper o cerco em torno dele. Afinal, não é possível que emissoras de rádio e TV, concessões de serviço público, continuem..."

Ficou claro? A garantia de estabilidade é o poder pessoal da presidente, que deve censurar a imprensa para evitar críticas. É o que se espera do defensor da volta das eleições indiretas e do senador biônico.

A outra é do neo-polpotista Vladimir Safatle, que vai mais fundo ao dizer que "O Brasil nunca foi um país. Sequer uma narrativa comum a respeito da ditadura militar fomos capazes de produzir", de onde conclui que "...a melhor maneira de Dilma paralisar seu impeachment é convocando um plebiscito para saber se a população quer que ela e este Congresso Nacional continuem".

Pensamento coerente com a defesa do líder único, e com o histórico do autor. Como ele vai mais a fundo e questiona a própria existência de nosso país, vale a pena desenhar o argumento: um povo que não marcha em compasso único não existe.

Quem exige de um povo uma "narrativa comum" é o estado totalitário. A ditadura foi um fenômeno complexo, não passível de interpretação única. Grupos e indivíduos diversos atuaram de forma diversa com objetivos diversos. Quem não é capaz de aceitar isso só se sentirá realmente à vontade numa ditadura. A única inovação é que ele deslegitimiza a própria existência do Brasil, tratamento até agora reservado, entre todas as nações do planeta, exclusivamente para Israel.

E qual a proposta do autor para a eternização do líder único? Qualquer coisa que não seja prevista na lei. No caso, um plebiscito, tendente a dar ao executivo poderes para fechar o congresso. O que acontece se a presidente convoca um plebiscito, mesmo sem ter poderes para tal, e o eleitor diz que não quer nem o executivo nem o legislativo ainda dominado pelos governistas? Fecha-se o congresso, e alguém assume todos os poderes de forma extraordinária, pelo tempo que for necessário, já que a Constituição foi invalidada mesmo... O resto podemos completar.

Lendo e aprendendo.

http://www.pt.org.br/rui-falcao-contra-o-golpe-petista-nao-foge-a-luta/

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/vladimirsafatle/2016/03/1753928-um-golpe-e-nada-mais.shtml

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Postado por Felipe Pait
26/3/2016 às 07h38

 
Instituições em frangalhos

Das palavras ultimamente pronunciadas pela sra. presidente da República, infere-se não ser o seu estado de espírito aquele que até há pouco sistematicamente definia a confiança que depositava em si e na sua gestão. O otimismo, de resto inconsistente, que transpirava de todas as suas atitudes, acabou por ceder lugar a uma inquietação crescente, na qual são evidentes os sinais de que admite s. exa. que as coisas venham a piorar - não porque elas se tenham em si mesmas deteriorado, mas em conseqüência dos erros praticados por s. exa. É que, com o correr do tempo e o contacto com a realidade, vai s. exa. percebendo que governar uma nação de mais de 200 milhões de habitantes e que acaba de dar, com a vitória de 2014 - que, embora s. exa. a considere como obra do Partido, se deve ao próprio esforço da coletividade -, uma demonstração viva de fé democrática, é coisa muito diferente do comando de uma guerrilha ou repartição. Ao assumir as funções de presidente da República, imaginou a sra. Dilma que para essa dificílima missão estava perfeitamente capacitada, tanto mais que na profissão que adotara havia galgado com facilidade toda a escala hierárquica, dando sempre provas de aptidão e de descortino. Ao deixar as tendências e diretórios para bruscamente se investir das responsabilidades de suprema mandatária do Estado Brasileiro - e isso nas condições que ela e seu antecessor estabeleceram, de comum acordo e prescindindo das advertências que lhes dirigiam cotidianamente os que haviam encanecido na vida pública - fê-lo s. exa. de ânimo leve, na convicção de que, no novo terreno que pisava, bastar-lhe-ia empregar a experiência adquirida na carreira partidária e devotar aquele mesmo respeito que sempre demonstrara pelos regulamentos disciplinares ao sistema legal que juntamente com o sr. sindicalista Lula da Silva tinha encomendado ao sr. José Dirceu e aos autores de seus complementos naturais, o financiamento estatal da Imprensa e as empresas estatais. No decorrer das primeiras etapas do seu governo tudo parecia sorrir-lhe, pois que, além de saber contar discricionariamente com a força dos preços da commodities, das militâncias e dos sindicatos, dava ainda por certa a passividade da Câmara e do Senado, ambos constituídos pelos dois conglomerados que ela, como o seu antecessor, acreditava representarem a substância popular. Já nessa altura, para aqueles que através dos tempos afinaram aquela sensibilidade sem a qual ninguém será capaz de perceber os sinais precursores dos grandes terremotos, se mantinha s. exa. acima dos acontecimentos, na ilusória suposição de que tudo ia pelo melhor e que, se algumas vozes se levantavam em dissonância, não correspondiam ao sentir das camadas profundas da nacionalidade. Pouco tempo durou, porém, a euforia presidencial. Umas após as outras, começaram a manifestar-se as contradições do artificialismo institucional que pela pressão das propinas foi o País obrigado a aceitar. A desordem passou a campear nos arraiais esportivos, ao mesmo tempo em que, ante o mal-estar geral, o povo revoltoso fazia sentir a sua presença até mesmo nas praças públicas. Dentro dos próprios limites do feudo aparentemente submisso à vontade do Palácio da Alvorada, não se passava dia sem que se manifestassem sintomas da insurreição latente. A base aliada aderia à rebeldia geral com tamanha evidência que o próprio PMDB sentiu que era chegado o momento da desforra. Resolveu então, com uma ousadia que a todos espantou, enfrentar o regime socialista em que vivemos desde 2002 ferindo na sua suscetibilidade o empresariado brasileiro. Já agora, a ordem que julgava s. exa. a sra. presidente da República dever a Nação às instituições que ela lhe impôs revela-se uma vã aparência, pois que, ao apelar para os que considerava correligionários seguros das acutiladas da oposição contra os seus companheiros de armas, se vê s. exa. totalmente desamparada. Sob o cansaço das humilhações sofridas, aquilo que s. exa. supunha ser a maioria parlamentar, lembra-se enfim de que pela própria Corrupção que passivamente aceitara lhe assistia o direito de afirmar as suas prerrogativas, como lhe assistia a autoridade moral suficiente para discutir as razões com que tanto as Classes Empresariais como o Executivo Nacional pretendiam ditar-lhe a pena a aplicar a um senador ladrão. É então que a ex-guerrilheira, habituada a não admitir que lhe discutam as ordens, se viu na pouco edificante posição de deixar de lado aqueles escrúpulos que o tinham levado a afirmar que jamais transgrediria um milímetro sequer as linhas da legislação que ela mesmo traçou para cometer uma série de desmandos contra a Lei e o regulamento interno do Congresso, tentando arrancar da Comissão de Justiça da Câmara, sob o protesto do seu digno presidente e o sentimento de nojo do País, a licença para isentar o autor dos crimes contra o Tesouro Nacional. Conforme o havia decidido, a sua vontade foi obedecida naquele Ministério, mas à custa da confiança que s. exa. depositava em si mesma e da excelência das instituições vigentes. E é diante desse quadro, todo ele feito de tonalidades sombrias, que nos achamos. Até aqui as coisas pareciam suscetíveis de uma recomposição. Apesar de tudo, a passividade do Congresso Nacional, aliada à disciplina partidária, poderia ainda fazer as vezes do apoio da opinião pública. Agora, porém, que são claros os sinais da desagregação irredutível da maioria parlamentar, como o comprova a estrondosa derrota sofrida ontem pelo governo, quando mais de 70 juízes deliberaram a favor da licença para processar os líderes do governo no congresso e nos partidos, pergunta-se: que é que poderá resultar de um estado de coisas que tanto se assemelha ao desmantelamento total do regime que a sra. presidente da República julgava fosse o mais conveniente àquele delicadíssimo e frágil arquipélago de grupos sociais a que se referia ainda ontem, cuja integridade, é s. exa. a primeira a reconhecê-lo, está por um fio?

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Postado por Felipe Pait
17/3/2016 às 08h40

 
Atividades para o dia de hoje

1 - Lamentar as derrotas de Lee Sedol para AlphaGo. Não o resultado dos partidas em si, mas a perda do Go como metáfora para estratégia. Agora é tudo reconhecimento automático de padrões. Não vai dar mais para dizer "o urgente antes do grande" sem pingar uma lágrima.

2 - Estudar o trecho constitucional da semana. Os professores e sábios alocaram para essa semana a seguinte porção: Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: (...) XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei; O resto, como disse Hillel, é comentário. Vá lá e estude.

3 - Trollar sites conservadores depois que tiveram todos seus argumentos sobre política externa, os anteriores e preemptivamente os futuros, projetados em verdadeira grandeza pela entrevista do Barack Obama no Atlantic. Para quem gostava de Go, isso sim é estratégia. Fim de papo. Ação: buscar uma promoção para o cara cujo contrato termina 20 de janeiro. País que não tiver exigência de nacionalidade larga na frente. Quem não leu a entrevista, leia. Apenas 70 páginas, cada uma vale o esforço.

4 - Levantar a equação de Lyapunov comum para o 2o jato usando conexão métrica, para tornar as expressões mais concretas e livres de coordenadas. A questão é: a existência local do Hessiano num aberto que contém o subconjunto maximal de existência das integrais do campo Hamiltoniano permite a extensão das integrais para o fecho, criando uma contradição para a hipótese de maximalidade?

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Postado por Felipe Pait
11/3/2016 às 10h38

 
O fenômeno Trump 2: uma abordagem meta-ideológica

Intelectuais brasileiros gostam de propalar que partidos políticos deveriam se constituir em torno de ideologias coerentes. Deste conceito resulta a admiração pelo quimérico eleitorado "politizado" das Europas ou platinos. E também o apelo à "fidelidade partidária", que, por ser notadamente contrária tantos aos desejos do eleitor como à prática resultante da experiência dos políticos, teria que ser estabelecida por um "conselho guardião" de ayatollahs científicos que decidiriam como o povo pode votar, de que modo podem ser feitos os argumentos de campanha, e quem pode ser eleito.

Isso os intelectuais, irrelevantes como nos ensina Faoro; porque estadistas bem sucedidos como Tancredo entendem bem que "toda a política é local", feita no varejo a partir dos interesses concretos dos eleitores. Como felizmente nunca tivemos a experiência de partidos coerentes, as consequências nunca foram testadas; o que deixa os intelectuais na situação confortável de se eximirem de qualquer trabalho útil para a nação dizendo que, se apenas todas suas propostas irrealizáveis fossem implementadas, os problemas do país desapareceriam.

O fenômeno Trump mostra o que acontece quando um partido tenta enforçar uma homogeneidade e correção ideológica. Sei que a palavra "enforce" não tem tradução em português, existe apenas "fiscalizar" com um sentido bem diferente; da mesma forma que "avacalhar" só tem tradução em inglês xulo. Fica então enforçar; mas divago.

O partido Republicano estava completando o processo de expulsão de todas as vozes dissonantes. Como o proverbial burro do muquirana, morreu quando estava quase aprendendo a não comer. Os políticos republicanos conservadores mas abertos a conversas e negociações com pontos de vista oposto foram expulsos ou marginalizados, ou obrigados a declamar a cartilha dos ultra-conservadores. O caso mais patético é Mitt Romney, um conservador racional, razoavelmente bem sucedido, embora um pouco ausente, como governador de um estado liberal; candidato a presidente em 2012, sentiu-se obrigado a denunciar todas as suas próprias ações enquanto governador, especialmente o Romneycare, antigo Hillarycare, atual Obamacare. Hoje virou uma figura marginal no partido, seria tão "de esquerda" que nunca conseguiria a indicação. Faz companhia ao candidato de 2008, McCain, herói de guerra considerado frouxo por não ser extremista; e o irmão do presidente Bush, que não conseguiu animar o partido por ser racional demais.

O fato é que o eleitor não estava nem aí para essa pureza ideológica toda. Ao contrário da liderança do partido, o eleitor via claramente que a bagagem ideológica toda estava lá apenas para dar um verniz de coerência para a politicagem mais baixa de interesses especiais - então agora prefere um candidato escrachado na defesa de privilégios. Assim mostra sua preferência por Trump, que de republicano moderado ou conservador não tem nada. Palhaço de TV, sem escrúpulos nem ideologia nem patriotismo, negociante falido, homem sem valores morais, diz o que dá na telha sem respeito por nada nem ninguém - nada mais distante da ortodoxia que o partido dizia querer defender. Meu palpite é que o partido está maduro para um racha em breve - mas é imprevisível de que forma isso pode ocorrer, se é que vai.

Não estou atribuindo o colapso da ideologia republicana ao patente absurdo de seus preceitos - a saber, negação de todo o conhecimento científico sobre geografia, biologia, e economia, e do bom senso em todas as áreas da ciência social. Podemos conceder - contrafactualmente, para efeito de argumento - que algum ponto da ortodoxia republicana não seja disparatado. Não faz qualquer diferença. Trump não ataca nem defenda os dogmas do partido com argumentos racionais. O colapso se deve à tentativa de obter pureza ideológica, não à falta de conexão da ideologia com a realidade.

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Postado por Felipe Pait
29/2/2016 às 14h24

 
O fenômeno Trump: uma abordagem Gaussiana

Vamos supor que o quociente de inteligência tenha uma distribuição normal. Então 68% das pessoas têm inteligência "comum", entre mais e menos um desvio padrão de distância da média. É razoável supor que os que estão fora do padrão são néscios para efeito de análise política. Verdade que não há qq relação científica entre QI mensurável e inteligência; mas podemos manter a hipótese simplificadora de que ⅓ dos indivíduos tem compreensão dos fatos fora do comum.

Também é fato que em campeonatos de xadrez ou vestibulares competitivos o quimérico QI alto é uma vantagem; mas em muitos casos a inteligência supostamente superior é uma esperteza ou habilidade muito especializada que conduz o sextil superior a sofismas e falhas de avaliação quase indistinguíveis daquelas do sextil inferior. Então vamos corrigir nossa estimativa anterior, e dizer que a fração de néscios numa população corresponde a ¼, o sextil inferior mais a metade do sextil superior.

Também podemos supor que 68% da população apresentam um quociente emocional "normal", entre a média menos 1 desvio padrão e a média mais 1 desvio padrão, embora a medida do QE seja ainda mais impossível. O sextil inferior tem pouca empatia; são os malvados. O sextil superior tem muita empatia; às vezes em excesso, os que lhes imbui de mais afeição pelo calhorda do que pelo inocente, e assim os aproxima politicamente do 1o grupo. Analogamente ao caso anterior, vamos considerar a grosso modo, para efeito de análise política, que ¼ do eleitorado é nefando.

Juntos, néscios e nefandos formam uma fração entre ¼ e ½ da população. Não há motivo para supor correlação total, positiva ou negativa, entre as funções indicadoras das 2 categorias, portanto uma estimativa mais razoável a priori seria em torno de 40%, que corresponde à hipótese simplificadora de independência aproximada entre estupidez e má fé. É para dividir esses votos que os políticos decentes e racionais devem fazer apelos ocasionais à trapaça e à irracionalidade. Seja como for, quando no curso dos acontecimentos humanos os néscios se unem aos nefandos, eles podem bem conseguir eleger um presidente, ou ao menos colocar seu candidato de coalização no 2o turno.

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Postado por Felipe Pait
26/2/2016 às 11h53

 
5 anos da Primavera Árabe

Após 5 anos, alguns membros da Liga Árabe são democracias, outros ditaduras com graus variados de repressão, e alguns são estados falidos ou genocidas. Na lista abaixo os 22 países aparecem ordenados segundo o índice de liberdade Freedom in the World 2016 da Freedom House.

A correlação visível do índice é o posicionamento do país durante a guerra fria, no bloco anglo-americano ou no soviético. Não dá para descrever liberdade perfeitamente em um número entre 0 e 100; a correlação não é perfeita; e a classificação menos ainda, porque alguns países mudaram de um bloco para outro, outros eram equidistantes, disputados, divididos, ou desinteressados. Os rótulos são todos questionáveis - mas a correlação é fortíssima, como se pode ver na tabela abaixo.

Freedom score - País membro da Liga Árabe - bloco (influências) - situação atual

79 Tunísia - anglo-americano (França, Itália) - democracia
55 Comores - anglo-americano (França) - democracia

43 Líbano - tendência anglo-americana - democracia sectária
41 Marrocos - anglo-americano (França, Espanha) - monarquia constitucional, liberdades limitadas
36 Jordânia - anglo-americano - monarquia constitucional, autoritária
36 Kuwait - anglo-americano - governo constitucional, liberdades parciais
35 Argélia - tendência soviética - autoritário
30 Mauritânia - anglo-americano (França) - democracia
28 Djibouti - anglo-americano (França) - liberdades limitadas
27 Egito - anglo-americano - autoritário
27 Qatar - anglo-americano - liberdades poucas

27 Iraque - tendência soviética - guerra civil
25 Omã - anglo-americano - monarquia, liberdades limitadas
12, 30 (média 21) Palestina - soviético - ocupado, 2 governos em conflito suprimido
20 Emirados Árabes Unidos - anglo-americano - autoritário
20 Líbia - soviético - estado falido
17 Iémen - ½ anglo-americano, ½ soviético - estado falido
14 Bahrain - anglo-americano - ditadura
10 Arábia Saudita - anglo-americano - repressivo

6 Sudão - tendência soviética, oscilante (Rússia, China) - regime genocida
2 Somália - soviético - estado falido
-1 Síria - soviético - estado falido

Um ponto a ressaltar é a falta de correlação observada entre as interferências recentes das potências livres e a situação atual. O Iraque foi conquistado e ocupado pelas forças anglo-americanas; o ditador Qaddafi da Líbia foi derrubado com ajuda de ações militares limitadas; na Síria a intervenção militar ocidental foi inexistente, e a diplomática mínima; e a Somália mal aparece nos noticiários. O resultado é o mesmo. Aparentemente o efeito do imperialismo soviético e do nacionalismo terceiro-mundista, ironicamente atendendo pelo nome de anti-colonialismo, é tão nefasto para as instituições políticas que torna a guerra civil e a falência dos estados quase que inevitável.

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Postado por Felipe Pait
17/2/2016 às 17h42

 
Uber confusão

Esse assunto do Uber é muito fecundo. Por um lado uma empresa estrangeira de software representando a inovação tecnológica; por outro lado os taxistas acostumados a mamar na viúva. Com tanto trocadilho, fico em dúvida sobre a posição dos anti-petistas: ficam contra o Uber como os taxistas historicamente malufistas, ou apoiam a prefeitura e a livre-empresa?

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Postado por Felipe Pait
7/2/2016 às 11h28

 
Tipos inesquecíveis da política americana

Todas as campanhas eleitorais americanas tem uns "tipos" que reaparecem com nomes diferentes a cada 4 anos. São mais tipo os tipos do Chico Anysio do que tipo personagens de sitcom. Alguns exemplos:

1 - O bonitinho, com cabelo presidencial. Exemplos: John Edwards, Dan Quayle. Também há os menos bonitinhos porém menos ordinários como Gary Hart. O Rubio parece ser um deles, mas vamos dar tempo para os esqueletos saírem dos armários.

2 - O bilionário. Como tem muito $, diz que não deve nada a ninguém, e ofende a todos. Às vezes pode até ser independente, mas o eleitor fica na dúvida. Perot, Forbes, agora Trump. Tem muito bilionário no país, então sempre mencionam outros nomes.

3 - O negro ultra-reacionário. Alan Keyes, Herman Cain, Ben Carson. Em princípio, nada de errado num afro-americano conservador. Na prática, quem acha que um negro vai conseguir os votos republicanos tem um parafuso solto.

4 - O independente, puro, de princípios elevados. Afunda o país mas não abre mão de seus escrúpulos. Não chega a ser um leninista adepto do quanto pior melhor, mas prefere estar na oposição contra um governo ruim do que se sujar apoiando os compromissos de um governo imperfeito. Às vezes pode mudar o resultado da eleição: John Anderson, Ralph Nader. Bernie Sanders é um puro, mesmo concorrendo nas primárias democratas.

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Postado por Felipe Pait
2/2/2016 às 11h47

 
Prezado Marcelinho,

Sou proprietário de um apartamento na Vila Madalena que está necessitando de reformas. Ficaria muitíssimo agradecido em contar com os serviços gratuitos de um engenheiro em férias. O material de construção que se fizer necessário poderá ser adquirido no depósito vizinho durante horário comercial sem ônus para mim. O zelador tem as chaves e está instruído para permitir o acesso do pessoal especializado da sua renomada construtora. Todos os spammers e propagandistas já dispõem de meus endereços eletrônico e postal, de forma que não será difícil localizar a residência.

Em troca me comprometo a não colocar o bom nome da equipe técnica e gerencial da sua prestigiosa empresa em nenhuma posição embaraçosa, visto que na minha condição de professor universitário não tenho nenhuma contrapartida a oferecer. Ressalto a completa ausência de qualquer ilegalidade nesse magnífico gesto e me prontifico a manter o anonimato da tão desinteressada doação. Não dispondo de qualquer informação a respeito de efeito dessa doação sobre os tribunais brasileiros, tenho certeza que um ato de tsedakah anônimo dessa categoria só pode ter o efeito de amenizar as sentenças dos tribunais celestes.

Ao ser completada adequada e satisfatoriamente a obra, colocarei à disposição da generosidade de suas equipes internacionais em férias um condomínio de propriedade de minha esposa, localizado em Massachusetts, cujo telhado de ardósia necessita de manutenção, obedecendo os mesmo termos de gratuidade e ausência de contraparte. O número de telefone para contatos pode ser obtido com Rachel from Cardholder Services.

Desde já grato!

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Postado por Felipe Pait
31/1/2016 às 21h59

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