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Sábado, 30/6/2018
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PRESSÁGIOS. E CHAVES I

Pesadelo? Ou rumor da noite obsedada
pelo vento? E aquela substantiva imagem
dos fantasmas engolindo a casa. E emperrando
as chaves. À luz do dia, as portas cerraram-se
sob a tempestade, sufocando telhado
e paredes. Ao fogão, desceram
ameaças de estranho augúrio
a extinguir o fogo.

Matando a fome de pão, a sede das águas.

Dentro da mala, autogerava-se o mar
conduzindo a trégua, possível.

(Do livro: Travessias)

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Postado por Blog da Mirian
30/6/2018 às 11h42

 
Sob o mesmo teto

Todos
Desenham
As mesmas
Casinhas
Sol
E nuvens
E a aquarela
Está
Completa

Todos
Escrevem
Ou
Se
Transcrevem
Em
Suas
E mesmas
Mágoas,
E o diário
Sempre
Exerce
Sua
Função
Aliviadora

Como
Diria
Anne Frank
O
“Papel
É
Paciente”

Quiçá
Diluente
Ou
Absorvente

O sol
É para
Todos
E os
Papéis
Também...

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Postado por Metáforas do Zé
21/6/2018 às 10h54

 
O alívio das vias aéreas

Afetações
Do tempo
Ou, aluviões
De sonhos

Mosaico
De cacos
De
Imagens
Perdidas

Repetem ou

Ricocheteiam
A cada
Instante de
Cada
Passo

Na
Memória
Ou
Na língua

Por isso,
Preciso
Livrar-me
Das teias

Do tempo,

Assim como
O céu
Se livra
Das nuvens

Ou
As
Nuvens
Se desfazem
Dos céus

Nuvens
São
O
Muco
Das
Mucosas
Celestes

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Postado por Metáforas do Zé
19/6/2018 às 10h50

 
PRESSÁGIOS. E CHAVES II

Eclipse? Ou noite alucinada irrealizando
as viagens? Afogando-se no porto, o sangue
dos navios sufocando as próprias artérias.
Iniciado o êxodo, tardia fizera-se a voz
do viajante, convocando camelos.
Em estações de penúria apodrecendo
o trigo, da extinta luz irromperam
espectros exalando urina e enxofre.

Em distâncias, corria a fuga dos dias.

Sete pragas. Sete anos. Sete Mundos.
Eu viajei todos os mares do exílio.


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Postado por Blog da Mirian
16/6/2018 às 09h34

 
Honra ao mérito

A novidade é que uma feira de livros irrompeu no meio do itinerário dos passantes. Primeiro foi instalada num espaço amplo da praça, mas aí veio a feira da casa própria e a empurrou para perto das barraquinhas dos hippies. A praça ficou pequena demais com a chegada do feirão do automóvel, e então a feira de livros passou a ocupar metade de uma rua estreita onde também aos domingos são expostos produtos hortifrutigranjeiros orgânicos. Estes são tempos de muitas exibições.

Os livros já foram usados, mas, por estarem embalados por plásticos transparentes, aparentam ser zero bala. Varal de desenhos e cores, há também muitos gibis à mostra numa tela comprida e é para eles que de baixo dois olhinhos apontam. A garotinha se interessa especialmente pela capa puída em que Chico Bento e Rosinha namoram sob a cobertura de muitos corações que os protegem da chuva. Logo se vê que a garotinha tem o pescoço envolvido por uma faixa azul na qual está pendurada uma medalha, qual terá sido o mérito ensejador desta honra? E é uma desproporção graciosa a medalha ultrapassar a região do peito e pender na altura da barriga.

A mãe se aproxima dela trazendo um livro infantil. Ao compreender a situação, a garotinha se opõe ao que lhe é oferecido, quer porque quer o gibi e isso parece ser inegociável, as duas começam a se desentender, a mãe insiste, a iminência de uma pirraça paira no ar. Subitamente a garotinha se aquieta, reprime toda a sua energia postulatória, e a careta que faz denuncia a peleja travada contra alguma perturbação interior. Não demora e ela então divulga o veredito do que a tem incomodado:

Quero fazer cocô.

Desinibida, sem o mínimo traço de constrangimento, ela repete muitas vezes a frase que dá conta de sua necessidade. De vez em quando é preciso que uma criança nos alerte sobre o fato de que somos o que somos e nada somos mais do que somos. Mãe e filha atravessam a rua e seguem de mãos dadas a correnteza de gente. Guiadas por uma urgência, somem de vista.

Pouco tempo depois estão de volta. Enquanto reexaminam o acervo, a mãe percebe um lapso. Com um movimento rápido, retira da bolsa a medalha, sorri um sorriso de mãe-coruja e a devolve ao pescoço da garotinha que, bracinhos pra trás, faz pose de laureada triunfante. É chegada a hora de irem embora. Nesta altura, é como se nada estivesse pendurado em seu pescoço, a garotinha já não dá bola para a medalha que balança e reluz a cada uma de suas traquinagens. Nem mesmo haveria de se importar se o que leva nas mãos é a revistinha do Chico Bento.



Texto originalmente publicado no site flaviosanso.com
[email protected]

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Postado por Flávio Sanso
11/6/2018 às 09h34

 
Em edição 'familiar', João Rock chega à 17ª edição

Em edição ‘familiar’ e homenagem à Tropicália, Festival João Rock chega à 17ª edição

Crédito: I Hate Flash - Divulgação

No próximo sábado, 09 de junho, acontecerá em Ribeirão Preto o Festival João Rock, um dos maiores e mais importantes eventos de música do circuito nacional.

Juntando o binômio música e entretenimento, o festival une em três palcos grandes nomes do rock do país e estilos que lhe são familiares. A programação deste ano, reúne no palco principal – João Rock – shows como o de Cordel do Fogo Encantado, na turnê de volta da banda, após oito anos afastados dos palcos; Skank, Supercombo, Gabriel Pensador, Pitty, Criolo, Raimundos, Natiruts e Planet Hemp.

Após homenagear a região Nordeste na edição passada com Zé Ramalho, Alceu, Lenine e Nação Zumbi, o Palco Brasil, este ano volta às suas energias em homenagear os 50 anos da Tropicália, em programação imperdível, com os maiores nomes do movimento: Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé e Os Mutantes. O irmão de Bethânia virá para o evento com o show Caetano, Moreno, Zeca e Tom Veloso, que rendeu à família o álbum Ofertório, lançado no último mês de maio.

Gilberto Gil, após período recente de problemas de saúde, recuperado e refeito, para usar palavras que retomam o conceito caro para o músico, vem para uma dupla festa: de comemoração do Tropicalismo e dos 40 anos de lançamento do seu disco Refavela, em show idealizado pelo filho Bem Gil. O disco tem sua origem em uma visita feita pelo músico ao continente africano, no final da década 70, em que tocou em um festival na Nigéria. Esse momento o fez pensar nas suas origens africanas, bem como nordestinas, surgindo assim o sucessor do disco Refazenda [1975], segundo disco da famosa tríade de trabalhos chamada de Trilogia “Re” ; Refavela que tematizava o conceito de retomada/retorno e que termina com o LP Realce [1979], maior sucesso comercial do cantor. Além do filho participam do show Anelis Assumpção, Moreno Veloso, Chiara Civello e Mestrinho. Tom Zé e Os Mutantes fecham o line-up do palco daqueles que estavam juntos desde a gravação do disco-manifesto Tropicalia ou Panis et Circencis, em 1968, disco fundador do movimento.

No Palco Fortalecendo a Cena, entre as apresentações de Froid, Sinara, Rael e Convidados, Kilotones e a mexicana-brasileira Francisco El Hombre, temos a presença da banda Dônica, composta por Zé Ibarra (teclado e voz), Miguel Guimarães (baixo), André Almeida (bateria), Lucas Nunes (guitarra) e por Tom Veloso (compositor), filho de Caetano.

O evento ocorre novamente no Parque de Exposições Permanente de Ribeirão Preto, com capacidade de público previsto para 55 mil pessoas e ingressos ainda disponíveis para os diversos setores. A abertura dos portões acontece às 14h com início dos shows às 15h.

Festival João Rock
Data: 09 de junho de 2018
Local: Parque Permanente de Exposições de Ribeirão Preto
Palco João Rock: Banda Vencedora do Concurso de Bandas: Napkin, Pitty,
Cordel do Fogo Encantado, Raimundos, Supercombo, Skank, Natiruts, Gabriel O Pensador, Planet Hemp e Criolo
Palco Brasil – Edição Tropicália: Caetano, Moreno, Zeca e Tom Veloso;
Refavela 40: Gilberto Gil, Bem Gil, Anelis Assumpção, Mestrinho e Chiara Civello, Os Mutantes e Tom Zé
Palco Fortalecendo a Cena: Froid, Rael e Convidados, Dônica, Kilotones,
Sinara e Francisco El Hombre



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Postado por Sobre as Artes, por Mauro Henrique
5/6/2018 às 19h26

 
PATÉTICA

Mais do que nada

Menos do que nada

Tudo e nada

Tudo é nada

O que se soma

e o que se subtrai

a vida traz

a vida tira

a vida trai

 

Eis que o passado

se passou num átimo

a quem atônito

viu nascerem os dias

para morrerem nas noites

ardendo queimando

anos a fio

até o fim do pavio

 

Não obstante seguimos

atravessando os caminhos

entre os amores e dores

entre desejos e sonhos

tropeços sustos recomeços

dramas mortes de permeio

 

Que belo quadro compõe-se

na manhã primaveril

que Cronos come aos pedaços

com seus dentes de esmeril

 

O aceno ao longe do cais

as formas se desfazendo

as cores esmaecendo

a densa névoa escondendo

o adeus de cada partida

o vento contra levando

todas as vozes amigas

 

Mirando a vida é o que vejo

no exílio de um quinto andar

Vejo um renascer do quadro

cor a cor traço por traço

em arte de imitação

um quadro que se repete

sem qualquer renovação

 

E a mecânica celeste

joga os dados da ilusão...

 

...e tudo afinal é nada

aquém ou além do nada

nem mais nem menos que nada

a quem se afoga no agora

na aridez dessas horas

como um náufrago sem mar

Ayrton Pereira da Silva



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Postado por Impressões Digitais
2/6/2018 às 15h22

 
Presságios. E chaves III

Era uma vez o tempo dos homens rondando
as Esferas. Era uma vez a galáxia das primeiras
viagens. Contemplando o azul da Terra,
chegara o tempo dos astronautas.
Abstraindo fronteiras, pintei a casa da infância.
Era uma vez o tempo dos longes, anilando
as borboletas. Minha casa, eu a desejava
dossel. Eu a desejava templo das águas.
Eu a desejava berço.


À escrita dos deuses, minha barca dos dias.


Abertas as portas, fertilizaram a terra
meus presságios. E chaves.

(Do livro Travessias)

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Postado por Blog da Mirian
29/5/2018 às 09h10

 
Minha história com Philip Roth

Deve ter sido o Paulo Francis quem primeiro me chamou a atenção para o Philip Roth (1933-2018).

Em “Waaal” (1996), seu “Dicionário da Corte”, Francis nos diz que Roth era um “gigante” perto da literatura “liliputiana” dos nossos dias. E era mesmo.

Mas lembro de começar a ler o Philip Roth *mesmo* na época do Daniel Piza. Na época da sua coluna “Sinopse” na Gazeta Mercantil (1996-2000).

Depois de ler o registro de suas impressões sobre “O Teatro de Sabbath” (1997) - onde ele dizia que marcara vários trechos com caneta “marca texto” - era muito difícil ignorar Roth e seus escritos.

Em 1998, finalmente li “Pastoral Americana”. E o que me chamou atenção, na época, foi a desconstrução do sonho americano.

Philip Roth tinha a capacidade de fazer o leitor entrar na alma americana. De repente, eu me sentia parte da sociedade norte-americana, sem nunca ter sido...

Quando escrevi a respeito (está como “Philip Roth e a Pastoral Americana” no Google), acho que eu queria soar tão bombástico quanto o romance soou para mim. E caprichei na prosa poética - que hoje eu identifico como o estilo de alguém que está começando (e testando seus limites)...

Nos Estados Unidos, comprei “Complexo de Portnoy” (1969) e “Operação Shylock” (1993) em inglês - dois romances que mereceram elogios rasgados do Francis -, mas acabei não lendo.

Fui ler “A Marca Humana” em 2002, já na época do Digestivo. Perto da fatídica eleição presidencial de 2002, o que me ficou, do romance, foi o horror da correção política, que já dominava os Estados Unidos, e que estava se estabelecendo, com a ascensão da esquerda, no Brasil.

Roth previu toda a histeria a que estamos assistindo - sendo o último capítulo essas acusações infindáveis de assédio, quando vão conseguir proibir até o assobio, para uma mulher, na rua...

No livro, um personagem negro - sim, negro - é acusado de racismo. E é perseguido, como professor universitário, pelas patrulhas...

Numa entrevista de Roth, dessa época, ele assume uma postura quase “anti-intelectual”. Antiacadêmica. Tudo o que Jordan Peterson denunciou - aquele pensador canadense que está na moda -, Roth já havia antevisto na virada do milênio.

Meu texto - que está como “Philip Roth e a marca humana” no Google - foi considerado um exemplo de crítica literária, na época, pelos meus colegas de Digestivo. Lembro que até peguei um erro do Daniel Piza, numa resenha dele, apressada, para o Estadão (mas não incluí no meu texto).

Em 2006, li “O Animal Agonizante”, e, embora seja da fase final de Roth, de que eu gosto menos, tínhamos começado uma parceria com a Companhia das Letras, no Digestivo, e eu fiz questão de disponibilizar um exemplar para todos os Colunistas que quisessem ler...

Digo que “gosto menos” porque, na fase final de Roth - na idade em que muita gente já está aposentada no Brasil -, ele trata muito da decadência física, da proximidade da morte, e cada novo livro soa como se fosse o último, como uma despedida...

Os grandes painéis da vida americana, como “Pastoral Americana” e “A Marca Humana”, haviam ficado para trás. Roth assume um tom mais confessional, e, apesar de continuar brilhante, e um exemplo de escrita, não alça mais grandes voos.

Com exceção, talvez, de “Complô contra a América”, uma ficção histórica, de 2004, lançada aqui em 2005, que, em português, achei maçante, ainda que, no Digestivo, tenhamos publicado uma resenha do Sérgio Augusto.

O último grande livro de Roth que li... foi o primeiro. Sim, você leu certo. “Adeus, Columbus” (1959) foi seu primeiro livro de contos, quando ele tinha 26 anos, e que a Companhia de Bolso publicou, aqui, em 2006.

Li, encantado, em 2007. Roth, na sua estreia, já era genial. Procurei se escrevi a respeito, na época, mas não encontrei... De qualquer forma, como são contos, considero a “porta de entrada” para o universo de Roth. Pode-se ler sem medo. É maravilhoso.

Nos últimos anos, senti falta desse universo, comprei e tentei ler “Complexo de Portnoy” em português. Mas achei muita masturbação. Literalmente ;-)

Quando Roth estava vivo, era lugar-comum dizer que ele era um dos maiores escritores vivos, senão o maior deles. Agora, virou lugar-comum dizer que, apesar disso, ele não ganhou o Nobel.

Roth se inscreve na melhor tradição do romance americano e seguiu os passos de outros grandes como Saul Bellow e William Faulkner.

Tive a sorte de ser seu contemporâneo, de ler alguns de seus grandes livros, e de sofrer a sua influência. Assim como o Paulo Francis e o Daniel Piza foram meus heróis no jornalismo, Philip Roth foi - é e sempre será - um dos meus heróis literários.

Para ir além
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Postado por Julio Daio Bløg
27/5/2018 às 20h17

 
Lars Von Trier não foi feito para Cannes

O cinema sempre passou por mudanças no decorrer dos anos, muitas delas revolucionárias, que levavam uma nova visão de mundo a quem estivesse disposto a ver. Não era aquele mundo de mocinhos e bandidos, da típica jornada do herói. Era um mundo cru, livre de efeitos especiais e com clichês tão comuns que pareceria a história de qualquer um que estivesse assistindo. Foi assim na França, quando Claude Chabrol, François Truffaut e outros tantos cineastas franceses começaram a tomar a cena cinematográfica do país, após as manifestações estudantis de 68, iniciando o que a jornalista Françoise Giroud chamaria de Nouvelle Vague. Em uma Itália pós-guerra, Roberto Rosselini, Vittorio De Sica e Luchino Visconti fizeram o mesmo, com o que é conhecido como Neorrealismo. E o Brasil não ficou para trás, quando em época de ditadura, Glauber Rocha e Carlos Diegues se uniram a outros cineastas nordestinos e deram origem ao Cinema Novo. Todas essas manifestações tiveram algo em comum, o realismo, a necessidade de trazer o cinema para mais perto do cotidiano comum e mostrar para o mundo as injustiças, crenças e superações do povo.

Com o dinamarquês Lars Von Trier não foi diferente, em 1995, ao lado do também diretor Thomas Vinterberg, iniciou o movimento Dogma 95, que propunha um cinema mais real e menos comercial. Os filmes que estrearam o movimento nos cinemas foi Festa de Família (1998) de Vinterberg e, alguns meses depois, Os Idiotas de Lars Von Trier. Mas a visão de Lars sobre a realidade era um pouco mais peculiar em relação a ideia dos movimentos nos outros países e o que esses denominavam como cinema cru, algumas vezes nas mãos do dinamarquês ganhava outras letras e se tornava "cruel", o que lhe rendeu muitas polemicas e intrigas no decorrer da carreira.

Realidade de uma persona non grata, retorno e debandada em Cannes

Em 1994 Lars recebeu os prêmios do júri em Cannes, com o filme 'Ondas do Destino', e a Palma de Ouro com 'Dançando no Escuro' em 2000. Mas foi em 2011 que as coisas mudaram para o diretor, no lançamento de 'Melancolia' quando Lars disse que "entendia Hitler', logo a organização do Festival de Cannes lhe deu o "prêmio" de persona non grata e o baniu do evento. O exilio durou 7 anos e, depois do que foi apresentado no último dia 14, há quem diga que tal afastamento poderia ter durado mais tempo.

Lars Von Trier sempre foi um diretor polemico, certo que as vezes ele exagera na realidade que busca trazer para os seus filmes. Dessa vez não foi diferente, com 'The house that Jack built' (que deve chegar ao Brasil ainda este ano) Lars trouxe um lado mais violento da sua realidade. Jack é um serial killer e essa foi a maneira que ele achou de mostra-lo, nada acontece por traz das cortinas, o que ele entrega não é os gritos de horror atrás de uma porta fechada, está tudo ali, tudo cru, para quem tiver estômago para ver.

Embora alguns atores tenham concordado com a existência de cenas pesadas demais, partiram em defesa do diretor, ressaltando a arte que Lars apresenta no filme, "Não houve hesitação da minha parte quando Lars me convidou para fazer 'The House That Jack Built'. Ele é um artista", disse Bruno Ganz disse em entrevista ao portal O Globo. Já a atriz Siobhan Fallon Hogan – que já havia trabalhado com o diretor em Ondas do Destino (1994) – partiu em defesa do filme, afirmando que "Estamos falando de um serial killer, não há outra maneira de descrevê-lo".

The House That Jack Built deve estrear no Brasil ainda esse ano, para nós só resta esperar para ver se esse Lars Von Trier que fez tantos especialistas desertarem em um festival como é Cannes, vai aproveitar-se de toda essa polêmica e lotar as salas do circuito cult de cinemas do país.

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Postado por A Lanterna Mágica
27/5/2018 às 11h52

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