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Segunda-feira, 27/7/2015
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Qual a câmera certa para comprar? Parte 3

Esta é a parte 3 de 4, e demorou demais pra ser escrita, portanto peço desculpas desde já. Na primeira parte definimos os critérios a serem levados em conta para escolher uma câmera. Na segunda parte abordamos a categoria de base disponível no mercado (compactas e ultracompactas), e agora neste terceiro post vamos nos aprofundar em uma das categorias mais versáteis disponíveis:

CATEGORIA 2 - As câmeras superzoom
As superzooms tem o objetivo principal de fazer jus ao nome e ter zoom, muito zoom e zoom exorbitante. As câmeras com o menor zoom desta categoria têm pelo menos 15x de zoom óptico (o que já é bastante), podendo chegar a 40, 60, ou até mesmo 90x de zoom óptico em alguns modelos.
Mas pra quê se usaria tanto zoom em uma câmera? Não sei. E nem você sabe. Não consigo imaginar uso prático para 50x, 80x ou 100x de zoom, e é muito provável que você nunca consiga tirar uma foto aproveitável com este zoom todo. Mas de qualquer forma não há como negar a praticidade que um zoom tão elástico pode proporcionar.
Em uma viagem por exemplo, você pode fotografar seus filhos com a Torre Eiffel ao fundo, e logo após o primeiro click usar este zoom todo para aproximar a Torre e fotografar as pessoas que estão lá. Esta grande variação de zoom é impossível de se obter mesmo nas lentes mais caras das câmeras profissionais, e faz desta categoria a mais versátil entre todas, atendendo muito bem a hobbystas e viajantes.

Mas esta versatilidade toda não é obtida de graça: para conseguir este zoom exagerado, a câmera precisa ser feita com um sensor muito pequeno, do mesmo tamanho do sensor das câmeras compactas. Falamos da importância do tamanho do sensor no capítulo anterior, e na prática quanto maior este componente, maior a eficiência óptica da câmera para capturar a luz.
Vamos ver os modelos mais comuns desta categoria aqui no Brasil:

Abaixo: Sony HX300 e HX400, com 50x e 60x de zoom respectivamente, são as mais fáceis de operar entre todas as marcas.

Sony HX300



Aqui vemos as Nikon's, P530 (42x), e P600 (60x), são bem fáceis de se encontrar no mercado, com bom custo/benefício:

Nikon P600



E as Canon's, uma das mais completas, porém mais complicadas de usar, SX50 (50x), e SX60 (65x):

Canon SX60



Estas câmeras são bem completas, com boa capacidade de processamento e qualidade de imagem bastante interessante, porém é preciso deixar claro que estas câmeras não são aptas para serviços profissionais, pois têm um sensor muito pequeno e são bastante lentas no tempo de resposta - não importa a marca, as superzooms são lentas por natureza devido à sua lente muito grande. portanto se você pensa em entrar par ao ramo da fotografia (sendo pago para fotografar), nem pense em adquirir uma superzoom.
Outro aspecto que é preciso saber: as câmeras desta categoria não são máquinas semi-profissionais como se vende por aí. Sim, eu sei que você já viu vários anúncios na Internet e até mesmo na TV mostrando estas câmeras como semi-profissionais, mas este é um conceito bastante errado difundido no mercado. Câmeras semi-profissionais são da categoria SLR, que veremos no próximo post, e estas sim são aptas para quem quer trabalhar como fotógrafo

Se você tem interesse por fotografia pode aprender mais em nosso curso de fotografia para iniciantes e também em meu livro sobre como comprar uma câmera, onde abordo diversos aspectos técnicos com muito mais detalhes.

Um grande abraço e até o próximo post!

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Postado por Fotografia e afins por Everton Onofre
27/7/2015 às 11h55

 
20 anos de Kids

Smiley face

O filme Kids, de Larry Clark, completou 20 anos recentemente e sua influência veio novamente à tona. A ideia de abordar a juventude é algo corriqueiro no cinema, caso de obras como Porky's, American Pie e Clube dos Cafajestes. A diferença em Kids está no nível com que os temas são expostos.

Kids é um filme mediano. Sua importância não é artística, mas representativa. Seu maior defeito é carecer de um roteiro. Não há uma história, somente colagens de cenas ditas cotidianas envolvendo adolescentes e jovens adultos, como violência, brigas, bebidas, drogas, sexo e Aids, guiadas por um eixo narrativa da busca de Telly por diversão. Não há grandes atuações e nem nada que faça dele uma obra artisticamente grandiosa.

O ponto alto de Kids é o retrato feito da geração à qual se refere, com uma crueza que chocou naquela época. A obra se passa em torno de Telly, um adolescente que não pensa em trabalho ou em estudos e que apenas roda pelas ruas. Junto ao seu amigo Casper, ele está atrás de garotas virgens que deseja levar para cama. Enquanto isso, Jennie descobre que é soropositiva, doença que contraiu de Telly, e sai pelas ruas atrás dele querendo evitar que contamine mais moças.

Ao longo disso todo tipo de situação considerada típica para um adolescente acontece. Os rapazes brigam em uma rua, com direito a golpes com skate, Jennie vai parar dentro de uma boate e toma ecstasy, invadem uma loja e roubam e rola uma festa com direito a todo mundo terminar caído pelos cantos. Há alguns momentos emblemáticos, como as garotas e os rapazes discutindo sobre sexo, mostrando as diferentes perspectivas entre os dois gêneros.

Kids causou identificação e susto na época. Existia a exacerbação do assunto Aids e a obra chegou até mesmo a ser apontada como educativa, para os pais entenderem melhor a realidade de seus filhos. Apesar de um certo marketing o considerar como um retrato da juventude da década de 1990, o filme segue o princípio de Pareto, no qual uma parcela de jovens que pode ser considerada "desajustada" acaba definindo todo o restante.

Juventude é o tema principal dos filmes de Larry Clark. Em Ken Park, ocorre a mesma premissa, a de se tentar realizar um retrato juvenil, havendo um roteiro que na verdade é uma colagem de cenas diferentes. Só que em Ken Park, ao invés da rebeldia e da transgressão, são exacerbados os conflitos familiares, a tristeza e o vazio existencial. Em outra obra, Bully - Juventude Violenta, temos um baseado em fatos reais, o assassinato de Bobby Kent, que foi cometido por um grupo de adolescentes, companheiros de escola da vítima. Filme bem fraco, apenas uma história sem nada demais.

Como todo filme sobre juventude, o tempo acaba pondo abaixo muito do choque causado. Se o personagem de James Dean em Juventude Transviada pode ter provocado polêmica e ser considerado socialmente desajustados, em Kids temos o mesmo reverberar que ao longo do tempo perde seu espaço de discussões. Cada geração tem muito mais do que um filme pode mostrar e o polemismo acaba sendo responsável pelas construção de ideia que não necessariamente corresponde à realidade. A juventude daquele tempo já chega aos 40 anos, o mundo não veio abaixo e seus filhos começam a entrar na adolescência, talvez aguardando um filme sobre sua geração que cause algum choque.

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Postado por Blog do Carvalhal
26/7/2015 às 21h02

 
João Nogueira e o espelho da poesia

Fortes chuvas de um dia quente. Acho que foi em março de 2000. Do trabalho na Ilha do Fundão tive carona até o Santos Dumont. Carregador, tia? Tem bagagem? Entre o carro e o saguão do aeroporto ─ livros, pasta, bolsa, embrulho. Cadê os lenços de papel? Comecei a enxugar os braços. Já sentada em frente ao Café, sequei os livros. E os óculos que sempre ficam molhados! Tirei da bolsa meu fiel espelhinho pra retocar o cabelo. Ao incliná-lo para a direita, não acreditei ─ João Nogueira. Ele mesmo. Sentado ao meu lado no banco. De perfil, no meu espelho. Pediria autógrafo?

Chapéu. Pasta. Parecia aguardar alguém. Quem sabe esperava o momento de se dirigir à sala de embarque? Acho que ia para São Paulo. Talvez, sem saber, aguardasse viagem bem maior que faria em junho do mesmo ano. Ao reconhecê-lo, pensei na magia daquele "Espelho" de João Nogueira e Paulo César Pinheiro. E me lembrei da voz do cantor. Sua vida e seus medos acalentados naquela canção. Entre tantas agruras ─ destino marcado nas surpresas da poesia. Entre perdas e danos ─ coisas da vida na musicalidade dos versos. Tempos de antes. Meninice. Dias felizes. Adolescência. Aspirações. Companheirismo do pai. Solitude. Tornar-se adulto. Revelações do amor. E tornar-se poeta.

Sei que numa verdadeira parceria há realmente entrosamento. O compositor às vezes colabora numa estrofe ou num verso. Mas aqui o que importa é o espelho ─ o encantamento do objeto surpreendido em tom poético. E ora me entrego a uma interpretação. Espelho, espelho meu, que sabeis de mim e do outro? Quem ouve uma canção se faz intérprete. Esse espelho? Será a vida? O tempo? Por certo, nem a vida nem o tempo. Mas algo que se enraíza na imaginação do poeta. E do compositor. Na voz do cantor essas ambiguidades e segredos falam de nós e do outro. Meu espelho não pertence só a mim.

Nos entremeios da poesia ─ aos sentidos atentos ─ os objetos vivem. À pele receptiva, as coisas nos tocam. Sentem. Pensam. Se a admiram. Sofrem. Pulsam. Choram. Amam. Ganham cores. Sabores. Cheiros. E muito mais. Trabalho misterioso esse, o do poeta. E o do compositor. E o do cantor. No universo ritmado pela canção é também assim. A canção detém o tempo do mundo e desengrena o tempo do relógio. A canção vive seu próprio momento.

Naquele instante João Nogueira entrou no meu espelhinho, lembram? Eu estava retocando o cabelo. A partir daí percebi que meu pequeno espelho passou a me olhar de modo diferente. Espelhos compartilham imagens. Decifram olhares. Identificam medos, apreensões, afetos, intenções. Na superfície dos espelhos moram águas endurecidas. Quando através do olhar entramos nessas águas, elas voltam ao estado líquido. Então o fôlego do dia se entranha em algum momento do passado. Este vem à tona. Tece direções. Emite luzes. E guarda o rosto que ali se reflete ou se refletiu. Mas é tudo muito rápido.

Na voz de João Nogueira, entre tropeços e desencantos do mundo, que dádiva os versos! Que dádiva cantar essa imagem do espelho! O olhar do espelho não mente. Não camufla. Não mascara. A um só tempo, superfície, luminosidade, profundidade, caverna, sumidouro, vazadouro, os espelhos olham o mundo. Feitos de sol e gelo, eles têm fascinado escritores e artistas das mais variadas expressões. Quem não se lembra daquele espelho falante dizendo verdades à bruxa na história da Branca de Neve?. Cada um ao seu modo, Jorge Luis Borges, Cecília Meireles e Machado de Assis foram intensamente olhados pelos espelhos. Eles entraram nos segredos e transformações das águas endurecidas e liquefeitas.

Tive vontade de indagar: João, como é entrar na magia do espelho?

Continuei sentada ao seu lado no banco do aeroporto. De novo tirei da bolsa o espelhinho oval. A pretexto de retocar o batom, inclinei mais um pouco meu minúsculo laguinho de águas endurecidas. Contornado pelo friso amarelo da moldura, João Nogueira continuava dento do meu espelho. Em carne, osso e inspiração. Pasta sobre os joelhos. Paletó. Chapéu. Lá estava ele, como se fosse um cristal que eu não tinha coragem de olhar de frente para pedir autógrafo.

Continuei fingindo que retocava o batom. A luz refletida em seu rosto iluminava meu espelhinho. Com voz e jeito sentido de cantar, João Nogueira ─ personagem do seu próprio "Espelho" ─ se tornou personagem do meu espelho. Aquela letra ─ poema pra valer ─ continua navegando versos nas águas profundas do meu laguinho de bolsa, repercutindo a voz de João Nogueira: "Mas tão habituado com o adverso / Eu temo se um dia me machuca o verso". Forte e apropriada essa imagem! Acostumados com o pega-pesado-da-vida, o autor e o compositor temem que algo possa ferir a poesia.

Pouco depois, João Nogueira se foi. Deve ter encontrado Alice, aquela menina que, ao sair do País das Maravilhas, foi visitar o País do Espelho.

Dos ancestrais não herdei terras. Não herdei ouro. Nem pérolas. Deles, recebi imagens que perfuram a resistência das águas endurecidas sob a máscara do dia. Até que novo dia se faça leito e superfície de outro espelho a gerar outros olhares. Outras águas. Outras nascentes.

No aeroporto ou na imaginação, volto àquele dia. Quando chove, penso num grande espelho dissolvendo-se em águas memoráveis. E vejo o "Espelho" de João Nogueira no meu espelhinho e em tantos outros que pela vida encontrei. Virou relíquia o pequeno objeto das águas mutantes.

Desportista nunca desejei ser. Um dia tentei jogar vôlei ─ Que desastre! Me ajeito melhor com a poesia. Pessoas, coisas, palavras, tudo me toca através do sentimento. Mas quando arrisco alguns versos meus ou quando termino livro, a voz do João Nogueira vem à tona. Diante da poesia, sinto também esse medo maior: que o espelho possa se partir. Meu espelhinho de moldura amarela, guardo bem guardado. E ainda hoje a grande apreensão na voz de João Nogueira se reflete igualmente em mim: "E o meu medo maior é o espelho se quebrar".

Quem ouve, aqui repito, sempre se intromete. Que espelho é esse? A existência? O tempo? O amor? A poesia? A inspiração? Quem escreve costuma também ser meio intrometido. Então, começa a fazer perguntas que não têm resposta. Que espelho é esse? A poesia não traz respostas. Mas seu ânimo transcende o tempo. Conforta saber que, se um espelho se partir, cada fragmento se fará completude.

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Postado por Blog da Mirian
26/7/2015 às 19h17

 
Quem publica em revistas acadêmicas A1? Veja tiras

Os doze trabalhos de hércules, o pesquisador

Hércules é um dos habitantes da cidade Universitária de Atenas. Ele é metade mortal e metade-aspirante à PH-Deus . Vive rodeado por PH-Deuses e imerso em problemas, de pesquisa. Ele é orientado por Zeus, o Deus dos Deuses, mas quem o orienta mesmo é Quíron, seu co-orientador, uma vez que Zeus vive em seus congressos no olimpo e (para sorte de Hércules) nunca aparece. Quíron é um centauro, mas para Hércules ele é um centauro. Junto com Jazão, Narciso, Aquiles e Orfeu, Hércules vive inúmeras aventuras em direção ao título de PH-Deus. Há quem diga que só Hércules tem condições de chegar à PH-Deus, isso, é claro, se ele sobreviver aos seus 12 trabalhos como doutorando.



Acompanhe a tira cômico do herói toda semana!



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Postado por Blog de Alex Caldas
26/7/2015 às 11h58

 
O sonho de um árabe



Seu povo morava em tendas, andava de camelos e ele acordou milionário.
Em 1971, Sheik Zayed bin Sultan Al - Nahyan, muçulmano piedoso, primeiro presidente dos Emirados Árabes Unidos , desejou que Saint- Exupéry estivesse vivo para reescrever o capítulo de Terra dos Homens em que um árabe, olhando uma fonte perene, pergunta "porque o deus dos franceses ama mais os franceses do que o deus dos árabes ama os árabes".

Fiquei imaginando este árabe sonhando:

"- Como se vê - comentou o arcanjo Gabriel, servindo-se de uma tâmara - a riqueza sempre esteve embaixo de seus pés o tempo todo.
- Com esta riqueza vou comprar mais do que água - riu Zayed, feliz - Vou comprar os serviços dos maiores especialistas do mundo. Construir prédios com ar condicionado para o povo. Abrir escolas. Até o filho do mais humilde tratador de camelos desta terra receberá instrução. Vou abrir as portas do mundo árabe para os estrangeiros. Será bom para outros países, também. Muitos desempregados ficarão felizes em limpar nossas ruas e esfregar nossas vidraças. Os árabes todos serão patrões.
Gabriel engasgou-se com sua tâmara. Sheik Zayed apressou-se em oferecer-lhe outra xícara de café com cardamomo.
- Aquele outro profeta, Jesus, disse que "quem não está contra mim...". Somos todos descendentes de Lucy, não é mesmo, arcanjo?
Gabriel riu.
- Zayed, você é sábio. Um visionário.
- Todos os povos podem viver pacificamente respeitando-se uns aos outros. Eu não quebrei nenhuma imagem de Buda e espero que eles não entrem em minha mesquita sem os trajes adequados.
- Que mesquita?
- A Grande Mesquita que vou construir, tão bela quanto o Taj Mahal.
- E como vai chamar a mesquita? - gaguejou Gabriel.
- A Grande Mesquita, simplesmente. Isso diz tudo, não?
"Ele é generoso sem ser vaidoso"- pensou Gabriel.
- Unidos seremos uma forte nação. Jogaremos os jogo das nações conforme as regras ocidentais. Nada temos a perder. São eles que precisam de nosso petróleo. Todos ganharemos com o que eles chamam de "progresso".
- Sheik, senti uma ponta de ironia em seu discurso. Como quando falou de Lucy, o fóssil que muitos antropólogos consideram ser o ancestral comum da humanidade.
- O progresso nunca esteve em coisas materiais, Paz e amor são tão valiosos hoje como nos tempos do profeta Mahommed. Allah seja louvado.
Distraído, o arcanjo Gabriel quase exclamou Shalom ao invés de Salam.
A hora da prece se aproximava. Sheik Zayed acordaria e Gabriel deixaria seu sono.
- Antes de partir, Gabriel, leve os meus agradecimentos a Allah e peça-lhe que ilumine meu entendimento para a realização do mais caro sonho de meu coração.
- A Grande Mesquita, sei.
- Não, Gabriel! Meu grande sonho é transformar o deserto em um jardim. Se tirarmos o sal da água do mar e estendermos quilômetros de canos gotejando sobre o solo..."


O muezim chamava, o sheik acordou e Gabriel começou a preocupar-se com as consequências geradas no planeta pela dessalinização do mar - como isso afetaria o clima global, as correntes oceânicas, a fauna e a flora do golfo de Oman? Como se não bastasse a trapalhada que era ser intermediário do Altíssimo para três diferentes credos...

Os sonhos de Sheik Zayed hoje são realidade.
Mais do que um árabe a mais no deserto, Sheik Zayed foi um homem no planeta Terra, o lar comum de todos nós.
O grande feito do sheik, a meu ver, foi a capacidade de enxergar, para além do mundo árabe, o ser humano, merecedor de respeito, qualquer que seja sua fé, sua língua, seus costumes.



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Postado por Blog de Sonia Regina Rocha Rodrigues
26/7/2015 às 07h59

 
Uma História da Tecnologia da Informação- Parte 8

Parte 8: Lembro aos leitores e leitoras que não leram Partes 1 - 7, que vocês podem acessá-las "clicando" no Mais Claudio Spiguel aí embaixo no rodapé do texto.

Prometi a vocês, leitores e leitoras, na Parte 7, a descrição de uma segunda experiência minha como consultor do Centro de Computação da Universidade de Michigan, enquanto fazia lá meus estudos de pós-graduação, relevante a esta nossa história da evolução das tecnologias de computação e comunicações que já tem oito partes... Essa experiência, no entanto, ocorreu alguns anos mais tarde, na conclusão dos meus estudos na Universidade de Michigan. Portanto, com o intuito de manter estas partes em tamanho compatível com "posts" em um "blog", creio que chegaremos nela nas Partes 9 e 10... Há muito que ver nesta nossa viagem fantástica!

Até chegar lá, onde descreverei aquela segunda experiência propriamente dita, aproveitarei para reforçar um pouco o ponto até onde chegamos, bem como cumprir outra promessa que fiz a vocês (ver Parte 3): uma viagem de volta no tempo também relevante, que ocorreu nos anos que se seguiram ao milagre e ao privilégio de ter sido a primeira pessoa a acessar remotamente o computador "mainframe" Amdahl da Universidade de Michigan. Essa primeira experiência inusitada, e bem-sucedida, levou o Centro de Computação a profissionalizá-la, e incentivar o acesso remoto ao computador para diminuir a demanda aos terminais dos centros-satélite, que já estava se tornando difícil de suprir (lembrem-se, 50.000 usuários! Ver Parte 7).



A figura acima mostra o Acesso Remoto ao Computador Mainframe (Parte 7)

Por exemplo, o programinha de sincronização dos modems que eu escrevi (o tal que ficava na fita cassete dentro do gravadorzinho de música) foi copiado e era distribuído gratuitamente a quem quisesse acessar o computador remotamente, ou em fitas cassete mesmo, ou em "Floppy Disks". "Floppy Disks" eram disquinhos flexíveis magnéticos que começavam a aparecer como dispositivos de memória permanente para serem usados pelos processadores que continuavam sua marcha de diminuição de tamanho e aumento de capacidade, fruto do esforço de MINIATURIZAÇÃO já mencionado anteriormente (ver Parte 5).



A figura acima mostra um FLOPPY DISK

Esse esforço levaria ao surgimento do computador pessoal, e à distribuição da capacidade de processamento, também já mencionada anteriormente (ver Parte 3). O computador pessoal será parte integrante daquela segunda experiência a ser narrada nas Partes 9 e 10, portanto vamos primeiro viajar de volta no tempo.

Um dos meus professores em Michigan foi Arthur Burks. Professor Burks já estava nos seus 60 anos, e ensinava o curso de História da Computação. Nada mais justo, desde que ele era parte dela!



A figura acima mostra o Prof. Burks nos anos 80, quando ensinávamos juntos

Há controvérsia sobre qual foi o PRIMEIRO computador, mas sem dúvida um dos candidatos fortes é a máquina conhecida por ENIAC — "Electrical Numerical Integrator And Computer" — Computador e Integrador Numérico Elétrico, construído na Universidade da Pennsylvania, em Philadelphia, entre 1942 e 1946, sob os auspícios das forças militares americanas para calcular trajetórias balísticas para a campanha dos aliados na 2ª Guerra Mundial (já falamos da influência dos militares e das guerras na tecnologia — ver Parte 1). Em 1947, como resultado desse trabalho de pesquisa, foi patenteado o ENIAC para fins comerciais.



A figura acima mostra o Prof. Burks nos anos 40 ditando um programa para uma programadora do ENIAC

A título de curiosidade, a representação digital (0s e 1s) interna no ENIAC era conseguida através de válvulas (o transistor ainda não tinha sido inventado); a memória do ENIAC consistia em quase VINTE MIL válvulas, e dado o tempo médio estimado de vida de uma válvula, a confiabilidade de operação do ENIAC se resumia a apenas algumas horas, após as quais era praticamente certo que alguma válvula da memória queimasse.



A figura acima mostra uma válvula energizada



A figura acima mostra um painel de montagem das válvulas no ENIAC

Não havia linguagem de programação (como o FORTRAN, mencionado na Parte 3), e os comandos de manipulação dos números eram comunicados ao ENIAC por pedaços de "hardware", literalmente cabos que definiam a trajetória dos números através dos componentes do computador. Pensem no seu computador pessoal de hoje... o quanto avançamos em meros 60 anos... Mas voltemos ao Prof. Burks, que foi membro do time de pesquisa que desenvolveu os fundamentos matemáticos e construiu o ENIAC! Tive o privilégio de ser seu assistente durante os meus estudos, e com ele ensinar o curso de História da Computação. Não há como descrever em palavras o privilégio de trabalhar com uma celebridade como o Prof. Burks; aprendi MUITO com êle.

Nos anos 60 a Universidade da Pennsylvania, que havia por todos esses anos mantido o ENIAC em condições de funcionamento, resolveu premiar os membros ainda vivos daquele time de pesquisa, e dividiu o ENIAC em partes auto suficientes e operacionais e deu para cada membro a oportunidade de adquiri-las; o Prof. Burks adquiriu quatro delas. Assim, a Universidade de Michigan recebeu as quatro partes do ENIAC, cuja operação foi incorporada pelo Prof. Burks ao currículo do nosso curso de História da Computação.



ENIAC em Michigan, mostrando os cabos que o programavam

Eu nunca vou esquecer a expressão de admiração na face dos alunos ao entrar na sala onde estava instalado o ENIAC, deparar-se com todas aquelas válvulas acesas, uma peça tão importante na história da computação. Eu entrava na sala para ensiná-los com muitos daqueles cabos de programação no bolso, e conforme percorria os fundamentos de matemática discreta em que se baseia a computação eletrônica, tirava os cabos do bolso e ia programando o ENIAC para executar como exemplo a operação que acabara de expor teoricamente. Nada como estar no lugar certo, na hora certa...



Prof. Burks e o ENIAC em Michigan, aos 90 anos

Arthur Burks faleceu em 2008 com 92 anos; com ele se foi uma parte da história da computação. Estamos agora prontos para relatar aquela segunda experiência mencionada no início deste "post", e seguir viagem. Prometo que ela será o âmago das Partes 9 e 10. Seguimos viajando juntos nesta viagem fantástica!

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Postado por Blog de Claudio Spiguel
25/7/2015 às 17h29

 
A fé num café (devaneios de um ateu à toa...)

(... ou fé demais não cheira bem ou chega de trocadalhos do carilho.)

Na comunicação, há um emissor, que emite uma mensagem a um receptor, o qual depois se torna emissor de uma resposta. A mensagem só pode ser compreendida se ambos conhecerem o código, o contexto. Tudo passa por um determinado canal. Digamos que o emissor reza (mensagem) para um determinado ser (O Grande Grampeador) que responde para ele (nova mensagem). O código é a língua, conhecida por ambos (O Grande Grampeador conhece todas as línguas), o contexto é uma situação de desespero, por exemplo, e o canal é o pensamento ou o próprio ar (nesse caso tem que gritar porque O Grande Grampeador é surdo), e ele responde pelo canal das ações, pois O Grande Grampeador não sabe falar por ele mesmo (não é surdo, mas é mudo, ou melhor, só fala para algumas pessoas escolhidas por ele). Entretanto, para ser atendido, quem ora tem que ter muita fé e acreditar que qualquer coisa é uma resposta. Por exemplo, se você está perdido na vida, está prestes a se matar e for orar para que O Grande Grampeador mande um sinal, se ele não responder é porque você deve se matar. No caso foi uma não-ação dele, pois você não tem fé suficiente.

Quando pequeno, rezei muito um dia para que minha bisavó não morresse. Ela morreu. Decerto não tive a fé necessária. Outro dia, rezei para que minha mãe não descobrisse que consumi todo o conteúdo da latinha de leite condensado e fui atendido. Logo, percebi que ter fé funcionava. Boa lógica eu tinha quando criança, não concordam?

Muitos esperam pela divina providência, cuja função é providenciar soluções para todos os problemas. Como todo produto comercial, porém, ela está sujeita a falhas. Só que não tem SAC para reclamar. Quando funciona, por que não é noticiado no Jornal Nacional ou no Jornal da Record? Aliás, por que o Jornal da Record não noticia as curas feitas na Igreja Universal? Será o medo de perder a credibilidade, pois não há provas de que são milagres?

Quanto a estudos científicos que tentam entender esses supostos milagres, só demonstram que a ciência não é dona da verdade, como os religiosos apregoam. Se houvesse, no entanto, conclusões definitivas, estaríamos vivendo num mundo muito melhor. Uso sempre o exemplo do café. Há pesquisas provando que o café faz bem, outras provando que o café faz mal. Como gosto de café, acredito nos estudos que aprovam a bebida. Assim, existem estudos que mostram possibilidades de milagres e há estudos que mostram outras respostas. Quem acredita em milagres vai continuar acreditando de qualquer forma.

"Mas como o fulano curou sua dor de barriga só com a imposição das mãos do pastor?" Ora, então tudo que não tem uma explicação inicial é resultado de uma ação divina? É mais ou menos isso que os antigos pensavam. Quando caía um raio, e a ciência ainda não tinha uma resposta, logo, foi um deus. Simples. O cara chegou em casa com uma marca de batom e a mulher perguntou: "Como você explica isso?" Ele respondeu: "Não tenho como explicar". E ela: "Nossa! Deus usa batom!"

O protagonista da série televisiva Dr. House faz diversos diagnósticos e erra seguidamente. Possíveis curas podem (veja, digo, podem) ser diagnósticos errados no início. Aí você vai dizer: ah, Dr. House é ficção. Pois é, é ficção, assim como o causador de milagres.

"Mas o fulano foi curado depois de termos rezado muito por ele." Sim, rezaram, o fulano foi curado, mas por um médico.

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Postado por Blog de Cassionei Niches Petry
25/7/2015 às 10h40

 
Governo e Ideologia

O CONTRATO SOCIAL de Rousseau explicita o que é o Estado, como foi "criado", quais suas funções e objetivos. O Estado existe como um "contrato" tácito onde cada um abre mão de algum "direito" em prol do bem estar de todos. Assim é que você não tem o "direito" de matar outra pessoa; se o fizer vai sofrer sanções, perder a liberdade, por exemplo. No nosso país torna-se difícil entender isto porque o Estado abriu mão de sua autoridade em prol dos "fora da lei", ou seja, no Brasil é muito melhor você não cumprir o "contrato social" — ser fora da lei, estar à margem da lei — do que cumpri-lo, porque o próprio Estado já está fora da lei. Esta autoridade foi deixada de lado em troca do beneficiamento de pessoas e outros Estados com comportamentos idênticos. No caso, o Estado Brasileiro abdicou dessa autoridade, desse poder de ser o mediador de direitos e obrigações, ao privilegiar uma parte da população em detrimento dos demais e ao "escolher" para relacionar-se economicamente, outros Estados que também estão "fora da lei".

Assim é que o Brasil, hoje, privilegia suas relações com a Venezuela, a Bolívia, a Argentina, Cuba e alguns países africanos, porque esses países partilham da mesma ideologia que se diz "de esquerda". Não interessa, ao Governo Brasileiro, no relacionamento com esses países, uma troca de benefícios para suas populações mas o fortalecimento político autoritário que guia os governos desses Estados. Assim é que, enquanto internamente sofremos uma crise financeira como nunca se viu antes, o Brasil, até final do ano de 2014, havia liberado quase um bilhão de dólares para construção do porto de Cuba, outros tantos milhões para a Venezuela, assim como para a Bolívia, Argentina e outros. O que caracteriza esses Estados nos dias atuais ? Governos de esquerda, autoritários, onde não há o mínimo respeito aos direitos dos opositores que são presos e cujas famílias sofrem, dos respectivos governos, uma perseguição implacável por causa do posicionamento político de oposição. Por que no Brasil ainda não estamos vivendo isso ? Por causa da mídia que o Lula, a qualquer custo, insiste em amordaçar. Pergunte a qualquer petista o que mais atrapalha o desenvolvimento no Brasil e ele responderá de imediato: A MÍDIA.

A finalidade do Estado é proporcionar o máximo bem estar possível aos seus cidadãos, independentemente de ideologias. Mas o que acontece, de fato, é o crescimento desproporcional dos direitos individuais e das minorias, enquanto a grande maioria da população sofre os efeitos desse desequilíbrio. Vejamos: o Estatuto do Desarmamento proíbe o porte de armas e foi aprovado com base numa premissa totalmente falsa: a de que o desarmamento proporcionaria uma queda significativa no índice de violência. A violência aumentou significativamente e, hoje, o "fora da lei" tem a certeza de abordar um cidadão totalmente indefeso, que reagindo ou não é assassinado da mesma maneira, e esse "fora da lei", seja de maior ou de menor, tem a certeza da impunidade. Já o Estatuto do Menor e do Adolescente não permite, sequer, que a foto do menor infrator seja divulgada, tolhendo acintosamente o direito do restante da população de conhecer e prevenir-se contra tais elementos. Mais, ainda, apesar da variedade de programas televisivos e dos jornais noticiarem diariamente assassinatos, estupros, latrocínios, o Governo parece não ver, ou não acreditar, ou simplesmente não se incomodar com o fato de que dezenas de pais, filhos, sobrinhos, netos sejam mortos diariamente sem que se mova um dedo sequer para conter tal situação.

Impunidade. Quantos milhares de casos já se viu e noticia-se diariamente, que tal indivíduo assassinou um pai de família e que o mesmo já estivera preso não uma, duas ou três vezes, mas quinze vezes ! Por que isso acontece ? Porque a lei foi elaborada de tal maneira a permitir que isso aconteça. Na maioria das vezes o judiciário simplesmente cumpre o que está na lei e, para fortalecer a impunidade, para dar ao criminoso uma cara de sofredor, de pobrezinho, estão aí centenas de ONG's de defesa de "direitos humanos" — alimentadas pelo Governo — a OAB e a Igreja Católica (eu sou católico). Falar em pena de morte, prisão perpétua, trabalho no presídio é estar se condenando ao desprezo dessas entidades que têm todo acesso à mídia. O preso deveria, sim, TRABALHAR para seu próprio sustento como faz todo cidadão. A falta de trabalho nos presídios é um fator que os torna escolas públicas de criminosos e para criminosos. Mas, tudo isso está dentro de uma ideologia que contraria os princípios que geraram "o contrato social", a ideologia "de esquerda", onde as minorias e os indivíduos têm prevalência sobre a grande maioria da população. E como se sustentam essa ideologia e esse governo ? Dando esmolas aos miseráveis, sem sequer se indagar se o miserável tem ou não condições para o trabalho, sem exigir nada em troca, sem qualificar o miserável e sua família, ou seja, tais miseráveis viverão eternamente às custas do Estado.

Anos atrás uma criança foi estuprada e assassinada aqui em Fortaleza que, diga-se de passagem, é a sétima cidade mais violenta do mundo. O assassino foi preso em um terminal de ônibus quando a população queria linchá-lo. A OAB designou uma comissão para acompanhar o cumprimento dos direitos do assassino. E a família da vítima ? Não tem direitos ? Acredito seriamente que, no Brasil de hoje, não.



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Postado por Blog de Expedito Aníbal de Castro
24/7/2015 às 15h31

 
O humor de Monicelli



A ideia de humor inteligente no cinema abre brecha para várias interpretações. Muitas vezes ele é referido para o jeito de Woody Allen, em que suas piadas ocorrem em meio a uma classe média alta intelectualizada. Então rolam piadas como sátira a articulistas de jornais falando sobre nazismo (em Manhatten) ou então a maravilhosa cena do cantor de ópera dentro de um boxe de banheiro em pleno palco (em Para Roma Com Amor). Humor inteligente talvez seja o complexo nível de elaboração de Monty Python, que muitas vezes esbarra em Allen, como na esquete do futebol filosófico, mas sem deixar o pastelão puro e simples de lado.

Um dos maiores entusiastas do cinema inteligente foi o italiano Mario Monicelli. Seu humor é inteligente não por eferências a alta cultura, mas pelas belas sacadas do roteiro, criando alguns dos maiores clássicos desse estilo. Suas obras expressam alto nível de criatividade, sendo muito inovadoras. Duas obras suas merecem destaque, O Incrível Exército de Brancaleone e Quinteto Irreverente.

O Incrível Exército de Brancaleone é uma sátira sobre as histórias de cavaleiros medievais. A história é sobre o cavaleiro Brancaleone da Norcia (interpretado por Vittorio Gassman, um dos maiores atores italianos, célebre pelo filme Nós Que Nos Amávamos Tanto, de Ettore Scola), uma figura valente apesar da estupidez e da capacidade limitada em combate que é procurada por um grupo de pessoas que conseguiu roubar um documento garantindo a posse de um castelo. Juntos eles seguem em viagem para tomar a fortificação e assim Brancaleone se definir enquanto cavaleiro.

Nessa viagem eles se deparam com inúmeras situações típicas da idade média, encontrando motivo para debochar de todas elas. Eles chegam a uma cidade tomada pela peste negra e Brancaleone entende o abandono como medo das pessoas diante da sua presença; salvam uma princesa que ele pretende levar em segurança ao seu reino, sendo traído por ela; culpam o judeu do grupo pela série de desventuras e o batizam à força em um rio; e o desfecho final é igualmente cômico.

Brancaleone é uma obra brilhante em vários aspectos. É um humor bem sacado, baseando-se nas situações que temos como corriqueiros da época dos cavaleiros andantes. A religião, a nobreza, o heroísmo, são todos os valores que Monicelli resolve avacalhar. O filme tem uma continuação, Brancaleone nas Cruzadas, no qual o cavaleiro viaja rumo ao Oriente.

Já em Quinteto Irreverente o escracho é simplesmente total. Não tem roteiro nem nada disso. É simplesmente uma sequência de atos envolvendo cinco personagens com um único objetivo na vida, o de causar o máximo de confusão e rir ao limite.

Essa obra mostra um grupo de amigos que nunca perde a oportunidade de gargalhar diante de cada situação. E mostra episódios que beiram o bizarro, como convencer um viúvo diante do túmulo da esposa de que ela o traía ou então enganar um membro da máfia de que possuía problemas intestinais. As cenas são hilárias e não há nenhum valor moral que seja respeitado. Não há maiores preocupações com sequência, há apenas um humor muito bem elaborado e criativo.

Monicelli é um dos mais influentes cineastas que existiram. Sua longevidade (começou a trabalhar com cinema aos 19 anos e manteve-se produtivo até falecer em 2010 aos 95 anos) fez com que ele participasse de várias etapas do cinema, desde o humor mais ingênuo da década de 1940 até o estilo mais escrachado dos tempos atuais. Sua obra é um dos maiores marcos da história do cinema.

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Postado por Blog do Carvalhal
23/7/2015 às 20h53

 
Morar só, sinônimo de status

"No livro de Gênesis diz que Adão foi incapaz de desfrutar do paraíso sozinho. Foi preciso dividir com alguém o que tinha ao seu redor. O Criador percebendo que lhe faltava algo, resolveu então dar-lhe uma companheira, porque a solidão seria a pior das experiências".

Com base nessa percepção, criou-se, ao longo dos séculos, uma imagem profundamente negativa das pessoas que vivem sozinhas. Será castigo ou sinal de fracasso? Felizmente, esse pensamento foi sepultado, adágio ultrapassado, carta fora do baralho.

O tradicionalismo desapareceu. Os sinais estão por aí. Atravessamos um momento de transformação na maneira de viver, radical e até turbulento sobre vários aspectos.

As novas tecnologias abriram portas nunca vistas. "Eu não sou um solitário, mas gosto da solidão", esta espontânea expressão dum amigo, fez-me pensar na atitude do ator Walmor Chagas que deliberadamente foi viver numa chácara em Guaratinguetá, onde recentemente se suicidou.

Viver só, para o intelectual, passa a ser uma opção ou, no mínimo, uma imposição da idade, como no caso do ator e desse meu amigo, mesmo de gerações diferentes, no entanto, portadores de dotes e opiniões similares perante a vida, ambos decidiram morar sozinhos.

Engana-se quem pensa que a solidão é um fenômeno do homem contemporâneo. Os textos sagrados são recheados de exemplos de profetas que, em determinado momento de suas vidas, sentiram necessidade de se isolarem para refletir ao mesmo tempo em que recebiam mensagens divinas, como Moisés: as Leis Mosaicas; e o profeta Maomé: o Alcorão; sem contar os inúmeros personagens da história que não se tornaram apenas solitários.

Muitos até eremitas por vontade própria; motivados por desilusões do mundo e das pessoas; perseguições religiosas e exílios políticos, como Dante Alighieri: "Divina Comédia"; ou por doença infectocontagiosa: a lepra. De outro modo: simples filosofia de vida, ou, como se diz no popular, por estar de miolo mole.

Dentro do próprio cristianismo, temos ordens religiosas que fazem da clausura a sua opção. Não sendo propriamente viver na solidão, uma vez que convivem e comungam a sua religiosidade em grupo, isolados por muros dos prazeres mundanos; um típico exemplo de fé exaltada ao extremo, de autopunição religiosa para uns, uma opção voluntária para outros.

Não há dúvida de que, por trás, o leitmotiv tem que existir não obrigatoriamente espontâneo ou forçado; mas tem que existir.

Por sinal, o delinear desta breve crônica não deixa de ser um ato de solidão, pois tive que me isolar por alguns instantes para escrevê-la. "Escrever é um ato solitário que o faz conviver com seus demônios", mais ou menos assim disse Santo Tomás de Aquino. Todavia, morar sozinho não significa solidão. Sozinha viverá grande parcela da população mundial nas próximas décadas - estimativa do IBGE, através da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad).

Para ser mais preciso, entre 2009 e 2011, oitocentas mil brasileiros passaram a viver sozinhos (ISTOÉ ¬- 2251). Morar sozinho virou sinônimo de status. O fenômeno avança. Dizem, inclusive, que o Brasil já pode ser considerado um país de solteirões.

Especialistas em tendências afirmam que há três explicações para essa realidade comportamental. Primeira: a independência feminina. Segunda: a estabilidade econômica, e terceira: a revolução da comunicação. Não há duvida, as novas tecnologias facilitaram a convivência, evitou que os sozinhos se tornassem ainda mais solitários.

Aquele velho ditado "antes só do que mal acompanhado" está cada vez mais em evidência definindo a privacidade dessa nova geração. Em entrevista à Revista ISTOÉ, engrossando a lista dos sozinhos, o engenheiro Frederico Lainer, 30 anos, de Porto Alegre, afirma: "moro só por opção e nem bicho de estimação tenho, pois passo quase o dia todo fora de casa".

Obviamente que o dinamismo dessas transformações tem a força das redes sociais. Antes, a vida social condicionada à presença física em aulas, conferências, e/ou encontros, agora está cada vez mais afeita ao mundo virtual. Mas será que toda essa facilidade tira a pessoa do isolamento? Os mais entusiasmados acham que "estar nas redes sociais é pertencer a um grupo cada vez maior e mais influente", pontua Luciana Ruffo, psicóloga do Núcleo de Pesquisa de Psicologia em Informática da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

Estar ligado às pessoas virtualmente não quer dizer rodeado de amigos. Para eu ter um amigo é necessário o contato físico, escutar sua voz, não a voz distorcida do webcam, mas o som real, o olhar no olho, não apenas o olhar furtivo apresentado na tela do computador. Acho que as redes sociais podem até aproximar os indivíduos, mas, se não existir contato e convívio, jamais teremos um amigo de verdade.

(texto publicado originalmente 31.01.2013)

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Postado por BLOG DO EZEQUIEL SENA
23/7/2015 às 09h16

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