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Quarta-feira, 22/1/2020
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Belém, nostalgia e tempos possíveis

Para o Pedro


Foto: Angelo Cavalcante @angelomcavalcante


Tic! Tac! Tec! Tec! É meu sobrinho jogando “beyblade”. O “beyblade” é um brinquedo que imita o antigo pião e que se digladia com outros em uma arena de plástico. O pião moderno, ao contrário do pião de outra infância, não possui prego na ponta. É mais seguro e mais prático. Como a cidade que se quis moderna, o novo brinquedo gira em seu próprio eixo e, para aquela outra infância, apenas suscita nostalgia. Tic! Tac! Tec! Tec! Belém! Belém!

Costuma-se atribuir segurança e praticidade à vida moderna e, em oposição, desafio e rusticidade a uma vida anterior. As cidades são uma expressão privilegiada dessas representações.

Não raramente, tendemos a lembrar de um tempo anterior com um significado de perda irrecuperável, quando vemos imagens de diferentes tempos da cidade. Olhamos ao redor e giramos em busca de um tempo memorável, um eixo a nos guiar e definir.

Em certo sentido, Belém parece estar mergulhada nesse sentimento, agora transportado para outros espaços, para outras mídias.

Dia desses, vi um perfil, em uma rede social, exaltar uma imagem icônica da cidade, um copo de cerveja que se enchia e esvaziava reluzentemente na entrada da cidade.

Eu mesmo quando vi pela primeira vez, aquele néon inesquecível simbolizava uma ideia de tecnologia, modernidade, mas, não podemos esquecer, de magia também.

O mundo das imagens nos levou a essa forma de percepção, na qual tratamos simulacros (Baudrillard) como nossa verdadeira experiência. Não é um lamento, é um sintoma.

É como o novo jogo de meu sobrinho. Esperto, ele sempre lembra das suas vitórias, mas, quando ele perde, ele esquece ou lamenta.

As crianças exaltam e repetem seus momentos/movimentos pela compulsão; mas talvez seja o mesmo sentimento que habita aquele que, agora, na internet, vangloria o passado pela lamentação, como nostalgia.


Fonte: @nostalgiabelem


Temos, nas redes sociais, nostalgias de Belém, memórias de Belém, Belém de antigamente, etc. A cidade se exalta em um tempo que gira sobre si mesmo e, descontente com a arena na qual se digladia, deita-se, quedando-se em torpor.

De certo modo, subvertemos a ideia Benjaminiana de perder-se na cidade como forma de re-conhecê-la. Voltamos a uma eterna repetição do passado e — na verdade Benjamin, estava certo — agora o reproduzimos tecnicamente como imagens de júbilo e eterno descontentamento. É um sintoma.

Nostálgico, irreparável, irremovível, para alguns, compulsivo. O sentimento que perdura é de que a cidade, possivelmente, tenta se lembrar do que “não foi”, e seus habitantes tentam fruir aquele passado que “nunca” tiveram.


Foto: “Cenários em ruínas” (Nelson B. Peixoto), de Enderson Oliveira @o_enderson_


Como nosso tempo contemporâneo é outro, confuso, interseccionado, esse lembrar, que ia em busca de décadas passadas distantes, já se manifesta — o que talvez seja um sintoma ainda mais latente — sobre o que ocorreu há poucos anos, em um passado que, dizemos, “parece que foi ontem”.

Também acendemos luzes coloridas sobre a história como forma de — acreditamos —iluminá-la e reconhecê-la. Mas a cidade, sua história, nem sempre pode ser atravessada por luzes artificiais, resplendores discursivos, lampejos retóricos.

É preciso lembrar que a cidade, hoje, vai além de uma única imagem, de um único monumento, ou de uma resplandecente publicidade. Ela é, fundamentalmente, um espírito que a tudo isso se liga, que emana, salta, entrecruzando-se, do seu sentido anterior e do seu sentido atual.

Múltiplos sentidos, variadas representações, diferentes formas de percepção. Belém precisa lidar com seu passado como forma de tomá-lo, apreendê-lo, no presente; cada tempo com seu espírito, colidindo, renascendo, em tempos possíveis.


Foto:“Pontes limiares”, de Relivaldo Pinho @relivaldopinho


Como uma colisão que nasça de giros que deixem de se movimentar na mesma órbita, para se abrirem em uma nova constelação. Tempos possíveis, representações olvidadas, percepções distendidas. A arena não precisa ser de plástico.

A imagem da tulipa em neon, que secava e enchia permanentemente, precisa ser vista sobre outro movimento. Menos repetitivo, mais denso (Geertz) e, ao mesmo tempo, mais rúptil.

Agora, imagine outra tulipa que começa a encher e a secar. Tec! O pião parou. Precisamos jogar outra vez. Belém! Belém!


Este texto foi publicado em 13/01/2020 no Diário Online

Relivaldo Pinho é autor de, dentre outros livros, Antropologia e filosofia: experiência e estética na literatura e no cinema da Amazônia, ed.ufpa, 2015.
[email protected]

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Postado por Relivaldo Pinho
22/1/2020 às 19h53

 
Em 2020 Combata os Vilões da Vida Real


O ano de 2019 finalmente passou, foi feliz pra umas 3 pessoas e miserável pro resto da humanidade, mas fazer o quê? Já diziam os sábios que o doce só é doce porque o amargo existe! Então, parabéns se você chegou até aqui com o mínimo de equilíbrio. Agora é vida que segue, tempo que rugi e você como instrumento e material do que poderá ser o seu ano.

Pois a maioria das pessoas, talvez pelas datas, astrologia e etc. acreditam que um ano novo seguido de um período de 12 meses podem fazer uma vida mudar pra melhor. Crendo nisso, tenha a certeza de que a resolução mais importante que você poderá tomar esse ano, é ser o herói de si mesmo pra combater os vilões da vida real que o perseguem sem piedade.

Claro, você pode ser o herói de outros, mas quando cuida de si, certamente faz o bem a vários dependentes e pessoas que te amam. Se a vida estiver tão boa assim, que já possa se sentir seguro a ponto de ser o protetor de terceiros, melhor ainda. Dessa forma, pra começar com o pé direito é importante identificar esses facínoras que tanto querem lhe fazer mal.

Portanto, são alguns dos mais cruéis: A ignorância e a mesquinhez, que levam a atos impensados e impulsos descabidos. As dívidas, que hoje em dia são atreladas a serviços e tecnologias rápidas demais pra que se tenha um pensamento coeso em relação a decisões. Bancos e instituições de fácil acesso pra pegar dinheiro e jamais deixar a bola de neve. Responsabilidades que são procrastinadas e poderiam fazer toda a diferença no modo de vida. E finalmente a insegurança, que impede de seguir seus sonhos ligados a beleza, trabalho, relacionamentos, saúde, etc.

Esses são só alguns dos muitos vilões diários enfrentados pelo herói comum, mas que podem ser decisivos na barreira entre uma condição geral melhor de vida e diversos perrengues inimagináveis.

Por isso, evite dar opiniões, nem se deixe levar pelos julgamentos pré-concebidos e momentâneos dos sentimentos sem raciocínio. Quanto aos gastos, faça uso das facilidades que estão à mão com responsabilidade e não apenas porque você pode, pois existem no mundo infinitas coisas que podemos, mas nem por isso saímos realizando.

Pense e repense em todos os recursos possíveis antes de recorrer aos bancos e empresas de crédito que podem parecer uma solução imediata, contudo se transformarão em problema a longo prazo. Não deixe nada que pode ser feito agora pra depois, pois o acumulo de tarefas torna tudo mais desestimulante e difícil que antes. Sabendo que o tempo faz diferença nas ações, principalmente se tratando de dinheiro, quanto mais cedo melhor. Além de que exercícios, o abandono de um vício ou uma boa alimentação podem ser cruciais entre a saúde e a enfermidade.

Como vilão-mor estão a insegurança e a preguiça que trazem receios e evitam a realização do que já devia estar pronto. Visto isso, quando se tratar de um bom projeto pra vida, a resposta é fazê-lo antes que os pesares e dúvidas tragam uma âncora e impeçam o trabalho.

Quando estiver sem nenhum recurso ou ideia de como sair dessa situação de marasmo, apenas comece e deixe que o resto venha como etapas e recompensas do processo. Inicie por um trabalho que pode estar longe do ideal, mas trará contatos, amizades, relacionamentos, ideias e um dinheiro, que mesmo pouco, já é alguma coisa em vista de nenhum que estaria ganhando se estivesse parado se lamentando.

Também, realizando trabalhos manuais, temporários, renda-extra, que seja, você poderá guardar um dinheiro, de modo que este te traga garantias e independência financeira, tão fundamental atualmente pra se proteger de situações rotineiras que não são nada agradáveis de saúde, nos relacionamentos, dificuldades do emprego, com dívidas inesperadas... Enfim, tudo o que aflige as pessoas desde que a sociedade existe e te transformou num cidadão de bem.

Assim, pra esse ano é necessário planejar as ações, realizar, poupar e principalmente viver. Só dessa maneira você enfrentará os vilões tão amedrontadores do mundo real e sairá vencedor dessa história bem além da HQ. Claro que os problemas da rotina ainda existirão, mas numa escala menor, com maior probabilidade de resolução e capacidade de decisão pelas medidas tomadas e garantias realizadas. Quanto ao resto feliz ano novo!



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Postado por Blog de Camila Oliveira Santos
10/1/2020 às 05h27

 
Quando estive em Hollywood

Fiquei puto comigo porque perdi a menina prum amigo. Fiquei puto porque eu tinha que ser como os caras nos filmes. Tinha que fazer que nem o William Holden no Férias de Amor, num feriado, num tempo em que as pessoas faziam piquenique.

Saltando dum trem de carga numa cidade do interior, fazendo bico, limpando quintal, flertou com a Kim Novak na varanda da casa ao lado. De noite, fim de festa, a orquestra tocando Moonglow, os violinos nas notas agudas arrepiando a nuca, marcando a música com o estalar dos dedos, sem ninguém entender nada, roubou a moça do ricaço da cidade.

Num domingo à tarde fui com três amigos conhecer a BR-3. Nunca tinha visto uma rodovia asfaltada, só em filme. A BR-3 era a coisa mais bonita. Viajava de trem, em estradas poeirentas, esburacadas, os ônibus sacolejando o tempo todo.

Do Centro pegamos carona com um cara que tinha um sítio em Água Limpa. Descemos na Lagoa Seca, o paredão da Serra do Curral logo na frente. Bonito ficou quando o sol avermelhou pros lados de Betim.

— A reta da estrada tem que aparecer — eu disse pro vendedor de laranja ao receber a Kodak Caixote do Beto.

Todo mundo fazendo pose, me lembrei duma foto que tinha saído no Cruzeiro, o James Dean num dia chuvoso, encolhido de frio, as mãos enfiadas no bolso do sobretudo, a gola até o queixo, franzindo a sobrancelha como costumava fazer. Apesar do calorão danado, eu levantei a gola da camisa, botei um cigarro na boca, comprimi os olhos como ele e esperei o clique da máquina.

Em casa de noite minha irmã veio: “Andar o dia inteiro, subir e descer morro pra ver uma estrada?”

Eu tinha estado em Hollywood. Ela não entendia. Ela nunca ia entender.

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Postado por Blog de Anchieta Rocha
9/1/2020 às 22h29

 
PASSEIOS PELA PRÉ-HISTÓRIA

Sou do tempo em que helicóptero era chamado de autogiro e avião era aeroplano, nos arredores dos anos 45 do século passado.

Às vezes, noite velha, eu acordava com o som longínquo de um aeroplano flanando nas nuvens, e imaginava ser o Flash Gordon em sua nave futurista, concebida pelo traço genial de Alex Raymond, até que o sono me embalasse de novo para a escuridão do nada.

Os espigões que agora pululam pela minha ex-doce e amorável Nictheroy, chamavam-se, naqueles idos, arranha-céus e se contavam por alguns dedos de uma só mão. As ruas eram povoadas por casas com generosos quintais, onde floriam e frutificavam árvores e flores, com o perdão da redundância aqui empregue com o intuito único de emprestar cores fortes ao cenário recriado pela imaginação.

No mar, as barcas movidas por rodas, como as do velho rio Mississipi de antanho, batizadas como Segunda e Terceira e mais duas outras de cujos nomes não me recordo, levavam cerca de uma hora para atravessar a baía. O mundo de então era regido por outro compasso.

Levado por meu pai para comprar roupas no Pavilhão, sempre de um tamanho maior para serem aproveitadas por mais tempo, eu procurava me esquecer das calças de “fundilhos de coar café” que me aguardavam, olhando pela janela a coreografia alegre dos botos que saltitavam ao lado da embarcação, exibindo-se aos passageiros. Penso que foram eles, esses patuscos dançarinos do mar, os precursores do nado sincronizado dos jogos olímpicos de hoje.

A Praia de Icaraí, de águas límpidas como, de resto, todas as outras, ostentava o trampolim, cartão-postal e orgulho da cidade, de cuja plataforma mais alta só os ousados se aventuravam a saltar, pois, dizia-se, um desses mergulhadores morrera ao bater de cabeça na areia, já que ali o mar não era profundo. O trampolim era uma lenda urbana agora reduzida ao preto e branco das fotografias antigas.

Foi uma era de amabilidade e gentileza, substantivos que caíram em desuso. Na Praia das Flexas (grafada assim mesmo na placa oficial), as pessoas cumprimentavam-se pelos nomes. Em suas águas cristalinas, viam-se cardumes variados, desde os pequenos peixes-agulha aos baiacus, sardinhas, peixes-voadores, arraias-manteiga que descansavam preguiçosamente no fundo, ao alcance de nossos pés, e também algas, estrelas-do-mar e até, de raro em raro, uma tartaruga marinha. Depois das ressacas, com o refluxo da maré pela manhã, eu, meu irmão João José e nossa sobrinha Leda acorríamos à praia para catar conchas e caramujos vazios, que viriam a se tornar os reis, rainhas, damas da corte e cavaleiros de armadura nos nossos enredos infantis.

Recordo-me dos tempos do Colégio Bittencourt Silva, de saudosa evocação, onde cursei a admissão, o ginasial e o científico, segundo a nomenclatura de então. Morando na Rua Pereira Nunes, eu ia caminhando até o colégio, na Rua José Bonifácio, ouvindo pelas janelas abertas das casas o prefixo musical, se não me engano um trecho do concerto de Grieg, que anunciava a radionovela imperdível pelas donas de casa, naqueles idos anteriores à era da televisão.

Alguns professores deixaram lembranças marcantes, como o Serapião “larga o lápis”, o professor Gualberto e sua indefectível “platina da bomba pneumática”, que jamais vimos, o mestre de Inglês, apelidado de “Deixa que eu Chuto”, pelo seu andar arrastando uma perna como se fosse chutar uma bola e finalmente o Diretor e dono do educandário, apelidado de Sinistro, por usar ternos escuros e andar pelos corredores das salas de aula como se pisasse sobre algodão.

Naqueles tempos de vacas magras, era uma aventura o dia em que, depois das aulas, contando os níqueis, podíamos dar uma chegada até a extinta Pastelaria Imbuhy, que exibia, ao fundo, uma réplica da barca homônima, que girava em torno de si mesma, para saborear um delicioso pastel com um copo de caldo de cana moída na hora.

O tempo, irreversível e inclemente, transformou em matéria de memória os dias de nossa adolescência, que este velho de cabelos brancos armazenou no empoeirado sótão da imaginação, entre sonhos, sombras e assombros

Uma das lembranças mais remotas — que me foi repassada em segunda mão — data dos primeiros tempos de nossa chegada a Nictheroy, quando meu pai, ainda atlético, costumava remar numa baleeira do Clube de Regatas Icaraí, indo desde a Itapuca até o Canto do Rio, e retornando, são e salvo, com restante da tripulação, de que também faziam parte o já famoso jurista e tratadista Nelson Hungria, autor do Código Penal de 1940, até hoje em vigor, além do tabelião Gaspar e do futuro desembargador Vieira Ferreira Neto.

Naquela época, nossa cidade era cortada de norte a sul pelos bondes da Cantareira, que transportavam para todos os recantos os ilustres passageiros, assim tratados pelo reclame de um fortificante, à vista de todos, que apregoava em versos: “Veja ilustre passageiro/ o belo tipo faceiro/ que o senhor tem a seu lado,/ e, no entanto, acredite,/ quase morreu de bronquite:/ salvou-o o Rhum Creosotado”. Eram assim, muitos rimados, os comerciais daqueles tempos românticos, quando nosso idioma, a bela Flor do Lácio, era falado corretamente. É curiosa a etimologia da palavra bonde, aliás, intraduzível, inspirada na denominação social dos detentores originários da exploração desse transporte urbano sobre trilhos, a Bond & Share Co. Havia inúmeras linhas para servir os diversos bairros: São Francisco, Canto do Rio, Av. Sete de Setembro, Largo do Moura, Circular, Santa Rosa, Viradouro...

Lembro que, nas manhãs de inverno, quando tomava, pontualmente, às sete e trinta, o bonde que me levava até Icaraí, rumo à escola de D. Carmen Cavalière D’Oro, eu tiritava de frio, pois as cortinas de lona eram insuficientes para barrar a friagem que varria o interior da condução em todas as direções. Às vezes, eu tremia tanto que chegava a bater queixo, apesar da capa Pelerine de casimira que herdara de um irmão mais velho...

Quando me debruço na abstrata janela da memória e aguço o olhar para esses tempos longínquos, revejo as tardes mortiças de domingo, onde a melopeia dolente de um realejo bordava de tristeza ainda maior a paisagem deserta de minha rua.

Tive a ventura de muitas décadas depois, em nossa querida e inditosa Friburgo, mostrar, na companhia de minha esposa Eny, aos nossos filhos Sandra, Júnior e João Paulo, um inesperado e anacrônico realejo, que já supunha de há muito varrido pela vertigem dos anos, manejado por um homem de avançada idade, ostentando um chapéu verde de duende, enquanto um periquito amestrado pinçava com o bico cartõezinhos da sorte para quem não temesse saber o que o futuro lhes reservava.

Ainda mais recentemente, desta feita em Santiago do Chile, na rua onde morava nosso caçula, João Paulo, no elegante bairro de Vitacura, numa tarde de sol domingueiro, surgiu de repente um realejo, para deslumbramento dos filhos de nosso filho e nossos netos Rafael e Emily — em contraponto com minha indiferença, pois já não tinha mais os olhos de criança.

Pode ser que nas incontáveis voltas e reviravoltas das rotações e translações que nosso planeta dá, talvez, quem sabe, venha a ocorrer, por obra e graça de alguma misteriosa conjunção astral, o retorno de um tempo que virou pó. Mas eu duvido.


Ayrton Pereira da Silva



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Postado por Impressões Digitais
5/1/2020 às 14h41

 
Nas linhas das minhas mãos I

Sem demora, ele veio trazendo no bolso
as chaves da noite. Ele era um. E muitos.
Sem saber-lhe do rosto ou da demora,
tornou-se outros que em vão procurei.

Ao revelar-se uno e plural
tornou-se ele o que sempre almejei
aquele que incessantemente eu procurava
em lugares onde nunca estive:

Dentro da cidade dos pássaros
Em meio à relva da arcádia de Pã
Na garganta dos ventos
No topo dos montes sacros.


Pedro mostrou-se outros que encontrei
nos lugares onde não pude habitar:

Nos fios do tecido das roupas
Nas linhas das minhas mãos.


Pedro, aquele que eu buscava.
O que, no íntimo, tento encontrar.


(Do livro Canções de amor )

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Postado por Blog da Mirian
29/12/2019 às 11h32

 
Hemingway

Numa noite depois de ler a última página de Paris é uma Festa, fiquei pensando no Ernest Hemingway. Durante a Segunda Guerra Mundial, aprontando mais uma, possivelmente pilotando seu barco Pilar, o escritor e amigos saíram à caça de um submarino alemão que navegava no Caribe. Fiquei sabendo de muita coisa da vida dele. Ava Gardner, tesão de mulher, foi passar uma temporada em sua casa em Havana. Numa noite quente e azul, nua, mergulhou em sua piscina. Quando foi embora, esqueceu ou propositadamente deixou uma calcinha no quarto de hóspedes. Ele recolheu a peça que abrigara a coisa mais, mais — apertando-a contra o peito, não encontrando palavras —,envolveu-a com o revólver e a partir daquela noite nunca deixou de dormir com ela debaixo do travesseiro. Bagunceiro, brigão, mulherengo, gostava de rinha de galo, de boxe, soltava foguete, arrumava confusão com os vizinhos e tomava umas com Fidel. Li alguns livros dele. Gostava mais de sua vida. Tinha mais arte.

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Postado por Blog de Anchieta Rocha
24/12/2019 às 13h11

 
Modesto Carone (1937-2019)

Hoje eu não poderia deixar de prestar meu tributo ao homem, através do qual, eu li Kafka.

Foi em 2001-2002, por influência de um Colunista do Digestivo, que tinha Kafka e James Joyce como seus autores de cabeceira.

E, obviamente, por influência do maravilhoso projeto gráfico de Hélio de Almeida, a partir de desenhos de Amilcar de Castro.

De Junho de 2001 a Junho de 2002, eu praticamente li todos os nove volumes de Kafka, pela Companhia das Letras, traduzidos por Modesto Carone.

Nunca vou esquecer das impressões que me causaram Carta ao Pai, Um Artista da Fome, Na Colônia Penal e, naturalmente, A Metamorfose.

O Processo achei mais famoso do que bom e O Castelo achei maçante. Ainda li América ou O Desaparecido, que Modesto Carone não traduziu. E, em inglês, comprei os Diários, as Cartas, o “Franz Kafka” de Max Brod e até um “Conversations with Kafka”, de Gustav Janouch.

Graças ao professor Carone, Kafka se tornou, para sempre, um dos meus heróis literários.

Cada volume que eu terminava, com um pequeno ensaio do tradutor, era uma revelação. E eu me recordo de ir comprando exemplar a exemplar, na Martins Fontes da rua Dr. Vila Nova.

Na época, eu fazia um curso de Dreamweaver no Senac, logo em frente. E me lembro de ler O Médico Rural, nas escadarias e nos bancos da escola.

O Dreamweaver eu utilizei para tornar o Digestivo um site dinâmico - criei o nosso próprio CMS, ou Content Management System (inconscientemente, porque eu nem sabia que o termo existia).

Foi a base para os próprios Colunistas publicarem seus textos, antes dos blogs (antes do Facebook). E, a partir do Dreamweaver, eu aprendi o ASP, ou Active Server Pages - que utilizamos até hoje, no Portal dos Livreiros e, inclusive, no Integrador do Portal.

Todo esse intervalo tecnológico para reafirmar que, enquanto eu sonhava com as páginas dinâmicas do Digestivo, eu lia Kafka, e minha visão de mundo se transformava.

Em 2002, ainda, visitei uma exposição da Praga de Kafka, em Nova York - e tenho o catálogo dela até hoje. Lembro que me impressionaram a caligrafia e os desenhos de Kafka (sim, ele desenhava).

Mais do que um dos maiores autores do século XX - junto com James Joyce e Marcel Proust -, considero Kafka um profeta do nosso tempo.

Se não fossem pelas traduçōes de Modesto Carone, eu jamais teria chegado a estas conclusões.

Até estudei Alemão, mas nunca me arrisquei a ler Kafka no original...

É uma pena que o professor Carone tenha nos deixado só alguns poucos aforismos, no volume dedicado a Kafka, pela Penguin Companhia.

Eu nutria esperanças de que ele nos traduzisse as cartas e os diários...

Se você ainda não leu, por favor leia Kafka. Nas traduções de Modesto Carone, é claro.

E vai entender o que um tradutor pode fazer por um autor. E por um leitor ;-)

Para ir além
"Kafka e as narrativas", The City of K. e "Jamais se ouve uma palavra gentil, só e sempre censuras".

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Postado por Julio Daio Bløg
18/12/2019 às 11h28

 
Homenagem a Rubens Jardim

No dia 3 de dezembro de 2019, o Sarau Gente de Palavra Paulistano homenageou Rubens Jardim, numa festa-surpresa organizada pelo poeta Cesar de Carvalho. O evento, realizado na Livraria Patuscada, contou com a participação musical do maestro Daniel Faria e com a colaboração do editor Eduardo Lacerda (Ed. Patuá), que reuniu numa antologia cerca de 70 poetas homenageando Rubens Jardim. Essa publicação inclui meu poema “Verso-fêmea”. Entanto, inspirada nas imagens de um poema de Rubens Jardim, recentemente publicado no Facebook, outro poema de minha autoria foi escrito e lido no dia do sarau: “Enigmas e cantares”, que ora apresento aos leitores e amigos.



Enigmas e cantares

“Mas como
como explicar este meu corpo...”
Rubens Jardim


Não me perguntarei pelo teu corpo.

Mas como
como não me perguntar
sobre teu sentimento
sem margem e sem limite
explodindo o fôlego do poema?

Não me perguntarei pelo teu corpo.

Mas como
como não me perguntar
pelo arremesso da palavra gerando
o alimento na panela?

Como não me perguntar pelas chamas
dançando na cozinha ao preparo do teu verso?

Como não me perguntar pelo enigma
da lâmpada iluminando o sol
na véspera do teu poema?


Tudo que me perguntei
sobrevive naquilo que desconheço:
enigma da paixão sonâmbula
despertando teus cantares.

Por isso,
não me perguntarei pelo teu corpo.

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Postado por Blog da Mirian
14/12/2019 às 09h37

 
Quanto às perdas V

Entender o impossível, não quero.
Não quero saber da ceifa instigando
o fio cego da morte. Nas lápides, não desejo
ler a medida do vazio que aguarda aquele
cujo nome eu não sei.

Afeita ao cotidiano, retomo
a colheita dos matizes.

Em meus lençóis os bordados esperam
o visitante, enquanto nas samambaias
o sol perfura rendas verdes
que me adornam a sala.

À mesa, disponho cadeiras
para o afeto. O que sei deste dia
resume-se no gosto do licor.

Das perdas, consolam-me
pequenos danos.

Foram-se os anéis.
Agoniza o tempo.
O instante resfolega.

Nada mais que isto.


(Do livro Nada mais que isto)

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Postado por Blog da Mirian
14/12/2019 às 09h04

 
Juliette Binoche à brasileira

A Imovison, responsável por trazer grandes filmes que estão fora do circuito hollywoodiano para os nossos cinemas, completou 30 anos. Para a comemoração, a distribuidora trouxe ninguém menos que Juliette Binoche, uma das maiores atrizes francesas da atualidade. A festa aconteceu no cinema Reserva Cultural, em Niterói (RJ), no dia 29. Aos 55 anos, Binoche traz um currículo de sucesso, tendo recebido o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Atriz em Berlim por seu papel em O Paciente Inglês (1996), além do Prêmio César (França) e Copa Volpi (Veneza) por seu trabalho em A Liberdade é Azul (1994). Com sua vasta experiência no audiovisual, a atriz falou sobre sua carreira, seus antecedentes brasileiros e a situação política no Brasil.

No caso de seus familiares, a atriz diz que sua família veio para o Brasil no século 19, onde um dos membros teve filhos com uma escrava, que foram levados para a França. Binoche lamentou o caso, dizendo que "nenhuma pessoa deveria ser escravizada. Nenhuma pessoa deveria ser usada. Se pudesse, pediria perdão a cada um desses familiares". E é por isso que a atriz gostaria de conhecer mais o país. Por isso ela aproveitou a estadia, mesmo curta, para comer uma feijoada caprichada e sambar na quadra da mangueira, e como se não fosse o suficiente, arriscou um jogo de capoeira.

Mas não deixou de comentar sobre situação política e seu desgosto com o nosso atual presidente, Jair Bolsonaro. "Para mim, um presidente que vem do universo militar já é uma coisa esquisita. Militares e políticos tão próximos... Isso me remete ao Trump". Ainda comentou sobre os casos de racismo, cometido por ele, "Ele [Bolsonaro] tem sido intolerante ao falar sobre mulheres, negros e índios. Você imagina que, supostamente, um presidente deveria representar todo mundo em seu país."

Esse ano, o filme Vidas Duplas foi exibido na retrospectiva de Olivier Assayas, na 43º Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Agora Juliette Binoche já tem mais um trabalho concluído. The Truth (A Verdade, tradução livre), do diretor japonês Hirokazu Kore-eda, onde a atriz é filha de ninguém menos que Catherine Deneuve, outra grande atriz do cinema Francês. "Eu a assistia a seus filmes desde criança. Eu estou vivendo um belo conto de fadas atuando com essa atriz!", Afirmou Binoche. Ela também falou sobre seu trabalho com Kore-eda, "[Kore-eda] me remete ao Anton Tchékhov (dramaturgo e escritor russo, 1860—1904). Ele vê as pessoas tanto pelo lado sombrio quanto pelas suas partes iluminadas. Proporciona para cada um diferentes ângulos do que podemos ser".

Ao que parece, Binoche ainda está trabalhando em dois outros projetos. A nós, resta esperar pelo lançamento de The Truth, que promete ser uma grande produção, já que reúne um diretor e duas atrizes consagradas, e quem sabe mais um visita de Juliette Binoche em terras tupiniquins, o lugar onde ela aprendeu a sambar e jogar capoeira.

A entrevista foi dada a William Mansque, do Zero Hora.

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Postado por A Lanterna Mágica
6/12/2019 às 08h10

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