Julio Daio Bløg

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Sexta-feira, 30/9/2016
Julio Daio Bløg
Julio Daio Borges
 
Último debate dos candidatos à prefeitura na Globo

Em primeiro lugar, um elogio à Globo, que consegue fazer o debate mais "clean", organizado e efetivo de todos. E ao César Tralli que, como jornalista, nestas eleições, foi o que mais se destacou

Como fiz no primeiro debate, na Bandeirantes, vou falar de cada candidato individualmente, sua evolução (ou involução) ao longo da eleição

Começo por Fernando Haddad, que encarnou a imagem da derrota. Como sempre, suado; mais descabelado do que o normal; e com o terno menos amarfanhado - mas abatido, prostrado, humilhado. O debate foi seu último suspiro. Acabou, Haddad

Em seguida, Erundina, que, tirando o aspecto risível de ser candidata por uma sigla que é uma piada, o PSOL, teve bons momentos como antagonista. Por exemplo, quando disse a Russomanno que a cidade não era feita apenas de "consumidores", mas, sim, de cidadãos. Ou como quando chamou a atenção de Doria, dizendo que ele fez política, sim, quando participou daquele movimento "Cansei" - e que ser "apolítico" era uma forma de fazer política também. A Erundina, embora seja uma vovozinha, de olhos cada vez mais fechados, teve os seus lampejos. Só levou o "troco" quando tentou jogar a crise na conta do governo Temer (Marta não perdoou)

Russomanno deixou de ser aquele candidato mais confiante do primeiro debate. Tropeçou nas palavras desde o começo, até o final. Teve boas altercações com Haddad, por exemplo, sobre o Uber. E pareceu visivelmente perturbado quando atacado por Marta. Contrariando as expectativas, contudo, ninguém o abordou, sem rodeios, sobre o tal Bar do Alemão...

Marta começou gaguejando de novo, mas, bloco a bloco, foi se firmando. A meu ver, é a mais sincera das candidaturas. Não insistiu tanto nos próprio erros, desta vez - o que foi um acerto. E, realmente, parece mais madura para um segundo mandato. (Sem promessas mirabolantes.) Inexplicavelmente, porém, foi muito condescendente com João Doria - e fez "par" com ele repetidas vezes... Se pretende enfrentá-lo no segundo turno, já deveria ter começado agora

E o João Doria, confesso, me surpreendeu (para bem). É o mais articulado de todos, não há como negar. Tem voz de locutor, não erra, não se perde nas falas. Às vezes, acelera demais, mas é uma metralhadora na argumentação - e está muito afiado. A campanha fez bem a ele (é nítido). E a estratégica de "atacar" a saúde... parece que funcionou. Como está na liderança, se mostrou o mais tranquilo de todos (inclusive, na postura)

Torço por um segundo turno entre Marta e Doria. Entre mortos e feridos, pelo menos ficamos livres do Haddad e do Russomanno. A Erundina entra para o folclore. E o Major Olimpio - nada contra ele como pessoa -, acho que não merece comentário

E, em novembro, que vença o melhor

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Postado por Julio Daio Borges
30/9/2016 às 10h06

 
Sobre a Filosofia (obrigatória) no ensino médio

Tive Filosofia no ensino médio. Professor Beto. Meus colegas de Pueri Domus devem se lembrar

Era quase um estudo de figuras da linguagem. Pegávamos um discurso qualquer (poderia ser uma notícia de jornal) e ficávamos procurando coisas como "generalização apressada", por exemplo

Depois, no final da Poli, acompanhava as aulas do professor Roberto Bolzani Filho, que dava um curso sobre a "Metafísica", de Aristóteles. Começava com os pré-socráticos Heráclito e Parmênides e passava, claro, por Sócrates e Platão

Por causa desse curso, prestei Filosofia, no ano em que me formava na Poli, e passei, de novo, na USP. Mas nem cheguei a fazer um semestre, porque era à noite, eu trabalhava longe, fazia o Proficiency na Cultura, começava a escrever e a publicar na internet e começava a namorar a Carol ;-)

Mas li Filosofia o resto da vida. E, algumas vezes, escrevi sobre. Schopenhauer, Nietzsche, Heidegger e Wittgenstein. Cícero, Sêneca, Marco Aurélio. Maquiavel. Montaigne...

"A História da Filosofia Ocidental", do Bertrand Russell, é um dos meus livros de cabeceira. Às vezes pego um capítulo qualquer e leio

Até na Casa do Saber, eu aprendi Filosofia. Professor Pondé, que dava um curso de Filosofia da Religião, alguém conhece? ;-)

Mas não é coisa pra adolescente. Eu sei que Machado de Assis também não é. E tantas outras coisas - que são "ensinadas" - também não são

Acontece que ensinar Filosofia na escola é como ensinar Cálculo na escola. Estou lendo um livro que diz que Cálculo exige o domínio de quase toda a Matemática da escola. E é verdade. Eu gostava de Cálculo, na Poli, mas exige que você saiba álgebra, geometria, trigonometria, logaritmos...

Filosofia pode ser Lógica, o estudo dos discursos (como eu tive no ensino médio). Mas pode ser Ética. Pode ser Estética. Pode ser Política. Pode ser Epistemologia, o estudo dos "limites" do conhecimento. Pode ser História da Filosofia. Pode ser a Antiga, a Medieval, a Moderna...

Por mais que hoje as pessoas citem Nietzsche como quem cita Clarice Lispector (quase sempre erroneamente), Filosofia não é um assunto corriqueiro

Assim como não devemos obrigar ninguém a ter Cálculo ou Teoria da Relatividade no ensino médio, não acho que a Filosofia deva ser obrigatória no ensino médio

Seria como tentar ensinar Derivativos, para quem não vai seguir carreira em Finanças. Fisiologia, para quem não vai fazer Biológicas. Ou Buracos Negros, para quem não vai ser físico...

Quem tiver interesse, vai ter na faculdade, depois. Ou vai estudar por conta própria

Eu acho a discussão sobre "currículo" fascinante - e todo mundo tem uma opinião a respeito... (É quase como futebol, política e religião)

Mas, ao mesmo tempo, acho que nunca estamos "prontos", formados, "acabados". Evoluímos até a hora da morte

Fora que o mundo se transforma e nenhum "currículo" - por melhor que seja - consegue acompanhar

Também acho que esperamos demais da escola, da faculdade, dos professores, até dos "treinamentos" nas empresas (eu fui "trainee" do Itaú) - só que, hoje, acho que depende muito mais de nós...

A educação que a Catarina tem em casa é tão importante quanto a que ela tem na escola. Ou mais. Ou *muito* mais

Por fim, acho que esperamos demais do governo. Uns porque querem "mais" governo. Outros porque querem "menos" governo

Estamos sempre raciocinando em termos de "governo". O que é um problema até mais grave que o da educação - é um problema de *mentalidade*. E esta, para ser "reformada", custa muito mais...

Subdesenvolvimento, já dizia Tom Jobim, não é coisa que se improvisa - é obra de séculos...

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Postado por Julio Daio Borges
23/9/2016 às 11h06

 
Bel Pesce, empreendedorismo e crowdfunding

Não vou falar da Bel Pesce especificamente, porque não a conheço (embora tenha amigos que a conheçam)

Nem vou falar do conteúdo que ela produz, porque nunca me embrenhei a fundo nele (não teria como avaliar)

Mas vou usar o exemplo da Bel Pesce para falar de "empreendedorismo" (essa "moda" de falar de empreendedorismo, na verdade); e de "crowdfunding" (ou, em português, financiamento coletivo)

O empreendedorismo virou um assunto de uns tempos pra cá, e, como todo modismo, cansou

Dizer que todo mundo pode ser empreendedor, é como dizer que todo mundo pode ser artista, coisa com a qual eu nunca concordei

Em ambos os casos, existe o fator talento, e ele não pode ser ensinado. Ou a pessoa tem, ou não tem

Depois, existe o fator sorte (sim, eu acredito em sorte). Concordo com Maquiavel que metade é "virtù" (talento) e outra metade é "fortuna" (sorte)

Sorte, em empreendedorismo, você pode traduzir por oportunidade

Oportunidade não dá em árvore. Ela surge ou não. Não pode ser "gerada"

A oportunidade pode ser percebida, sim. Mas, mesmo percebê-la, é um dom. E eu não acho que esse "dom" - ou senso de oportunidade - pode ser ensinado

Por último, existe a execução. Você pode ter o talento, a ideia (oportunidade) pode ser ótima, mas se a sua execução for ruim, não adianta nada

"Sua ideia é melhor que a minha. Minha execução é melhor que a sua. Eu ganho", tuitou, outro dia, o Tom Peters

E esse modismo de "financiamento coletivo" é bem isso. Muito barulho durante a captação. Uma vez captado o dinheiro, como fica a execução?

E mesmo depois de executado o projeto, quem avalia? Cumpriu com as expectativas dos financiadores?

Pergunta final para a Bel Pesce (e outros que rezam pela cartilha do "empreendedorismo serial"):

Se o projeto era tão bom assim, por que temos de financiar outro? E mais outro? E, ainda, outro?

É mais ou menos como pedir às pessoas que venham à sua festa de casamento - só que você se casa todo ano, com uma nova pessoa

Fora que vale aquela história da Lei Rouanet: vamos financiar quem precisa. Quem não precisa, não deveria pedir financiamento - não é mesmo?

Eu sei que no Brasil é tudo ao contrário e que os que mais se beneficiavam dos financiamentos do BNDES - o maior financiador do País -, eram os que menos precisavam...

Mas não deixa de ser um escândalo

E não deveríamos banalizar o uso do financiamento coletivo, que é uma boa ideia na origem

E nem o uso da palavra empreendedorismo, porque precisamos de empreendedores, no Brasil, sim

O que eu faria se fosse a Bel Pesce?

Não sei, ela se meteu numa errascada. Acabou virando bode expiatório - para essas práticas que eu listei acima, e que acabaram viciadas

Que o erro da Bel Pesce sirva, então, para refletirmos sobre uso que se faz do "financiamento coletivo" na internet - e do empreendedorismo em forma de autoajuda...

Eu sabia que essa bolha iria estourar, um dia. Vamos aproveitar para fazer uma correção de rota

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Postado por Julio Daio Borges
29/8/2016 às 09h49

 
Primeiro Debate dos Candidatos à Prefeitura

Assisti mais por curiosidade. As eleições não estão longe, mas os escândalos no noticiário são tantos que querem adiar o assunto o mais que podem. Com o fim das Olimpíadas, porém, não têm como adiar mais

Me parece que todos os candidatos têm telhado de vidro e, mais uma vez, vamos votar "no menos pior". É lamentável, depois de tudo o que aconteceu na política desde a eclosão da Lava-Jato. Mas o fato é que a política brasileira não se renovou (como, aliás, é desejado desde as manifestações de 2013!)

Vale um puxão de orelha nos partidos novos - ou que se denominam assim - e nos movimentos de rua, que poderiam ter lançando um candidato próprio ou que até poderiam ter apoiado um candidato do establishment - mas não se pronunciaram e, hoje, deixam o eleitor sem opção, mais uma vez

Como foi o primeiro, me pareceu um debate "de aquecimento". Não vou entrar muito nos temas, porque considero que foram abordados superficialmente. Prefiro falar um pouco de cada candidato - do que imaginava de cada um; do que acabei vendo; e do que concluí a respeito

Começando pelo Major Olimpio. Você nunca deve ter ouvido falar nele (nem eu). Me pareceu o azarão do debate. Como não tem nada a perder, bate em quem é governo ou em quem está na frente, para ver se consegue algum Ibope. Agora, o interessante foi descobrir os "bolsonaristas" das redes sociais elogiando um candidado, no máximo, sofrível. Aí tem coisa. Mas não tem nenhuma chance. Não ameaça ninguém

Na sequência, o Haddad. Depois de uma gestão, diuturnamente, criticada, ou ele é muito sem noção (de se apresentar), ou é muito cara de pau mesmo. Quando perguntaram para ele do João Santana na sua campanha e ele não respondeu; ou quando veio falar que as multas não aumentaram e o auditório deu risada - você percebe que ele, simplesmente, adotou o padrão "PT" de negação da realidade. Parece um louco falando. Parece a "afastada" em seu delírio. Carta, provavelmente, fora do baralho. (Espero)

João Doria Jr. começou bem o debate, melhor do que eu imaginava. Mas sua postura muito ensaiada, querendo passar um excesso de informações, soou meio artificial. Vestido como um catálogo de moda, muito arrumadinho, não convence 100%. Parece "distante", não combina com o lado feio de São Paulo, por exemplo. (E sabemos que ele existe.) Precisa aprimorar sua "persona" política. Não foi dessa vez, Doria (não foi dessa vez, Alckmin)

Russomano, por incrível que pareça, me surpreendeu. Acho que está mais tranquilo, porque está na frente (não se sente na obrigação de bater em ninguém). Passa até uma certa serenidade. Mas, dele, devemos desconfiar bastante - veio da televisão, domina a linguagem etc. Foi o que melhor se saiu. Se não tivesse um lado obscuro - que ninguém explica (muito menos ele) -, convenceria muita gente... Quase ganhou a última eleição. Devemos ficar de olho. É perigoso

A Marta Suplicy começou mal. Acho que nervosa; enrolando a língua. De acordo com o que ela mesma revelou, apanhou muito com sua mudança de partido. E na internet, pelo visto, continua apanhando bastante. Abalou muito sua auto-estima - que era alta. Foi se saindo melhor à medida que o debate avançou... Ela conhece a cidade, sabe das limitações todas e me pareceu, depois de tudo, humilde. Prometeu não ser a Marta "das taxas", de novo. O problema é que tem um longo passado com o PT - e isso é difícil de se apagar na memória das pessoas... Vamos ver

Enfim, não enxergo muita escapatória. Ficamos entre o PSDB, oposição frouxa, e o PMDB, um poço de escândalos. Ou os evangélicos; ou a extrema direita. Ou o PT (sim, o PT). Lamentavelmente, esse é o cenário. Mais um ano sem renovação em São Paulo. Não anima. É uma pena. (Oremos)

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Postado por Julio Daio Borges
23/8/2016 às 10h34

 
Sobre o Encerramento das Olimpíadas do Rio em 2016

Escrevo ainda sob o impacto da festa de encerramento das Olimpíadas 2016

Vai demorar um tempo, não sei quanto, para conseguirmos entender o que aconteceu no Rio de Janeiro em 2016

Eu confesso que não acreditava que o Brasil fosse capaz de sediar uma Olimpíada - mas isso acaba de acontecer

Quando o Rio foi anunciado como sede, em 2009, o clima era de megalomania - e eventos como a concessão do "grau de investimento", a descoberta da "camada pré-sal" e o Cristo Redentor "decolando" na capa da Economist se misturam, hoje, na minha cabeça

Depois que perdemos o grau de investimento, o pré-sal se tornou inviável, porque *a Petrobras* se tornou inviável, e o Cristo Redentor afundou, em parafuso, na capa da Economist, o último delírio que restava, de um certo ex-presidente, era a "Rio 2016" (porque "A Copa das Copas", bem, deu no que deu...)

Para completar o quadro, o Brasil vem de uma crise representativa desde 2013, com as primeiras manifestações; e vem de uma crise política, desde o Petrolão e a Lava-Jato - que já derrubou uma presidente, transformou um ex-presidente em "proscrito", ameaça cassar o registro de um certo partido, sem falar no resto do establishment político, respingando em quase todos os outros partidos, e em praticamente todos os demais poderes, Judiciário inclusive

Como se não bastasse, o governo do Rio de Janeiro decretou, semanas atrás, estado de calamidade pública...

Ou seja, vínhamos de um desilusão - os BRICs que não foram -; de uma crise de identidade - no fundo, uma crise liderança -; e de uma crise econômica - que, para nós, o único paralelo é a crise de 29...

Ou seja: não tinha como dar certo. E acho, até, que, no fundo, muitos de nós não queriam que desse certo... Como que para "purgar" a megalomania de 2009, um certo ex-presidente, um certo partido, todo o espectro de governo *a* oposição, todo um povo que "não aprende a votar" etc.

Mas um milagre aconteceu, no Rio de Janeiro, em agosto de 2016, e as Olimpíadas foram um retumbante sucesso, repercurtindo no mundo inteiro, contaminando o planeta com a chamada "brasilidade", e revelando uma cultura, pujante, que, no meio de tanta lama, de tanta vergonha e de tanto escracho, havíamos "esquecido" de que era nossa...

Esse "milagre" precisa ser estudado pelas próximas gerações (coloco entre aspas porque fomos nós que realizamos)

Mas, independente de qualquer coisa, ficam algumas lições:

A primeira é a de que "governo não é estado" e "estado não é nação"

Mais do que nunca, esses políticos *não nos representam*. A vergonha de os termos eleito, sim, é nossa - mas temos de virar essa página da nossa História. Porque a Rio 2016 demonstrou que a nossa História pode ser bem outra...

A segunda lição é de que "crise econômica" não é desculpa para deixar de fazer, para deixar de tentar e, mesmo, para deixar de fazer bem feito

Desde a abertura até o encerramento, não dava para fazer, poderíamos ter desistido e, sobretudo, poderíamos ter feito muito pior do que fizemos...

Só que acabamos fazendo, sem condições - e com muito brilho. O brasileiro é como aquele peixe, de Nelson Rodrigues, que, por viver nas profundezas, e na escuridão, emite luz própria...

A terceira lição é de que, no meio dos escombros, pode nascer um novo dia. A flor no asfalto, de Drummond

O Brasil não acabou. Não chegamos ao "fim do Brasil"

A Rio 2016 provou que podemos renascer das cinzas. Que existe um coração batendo ainda

Que existe uma cultura, exuberante, uma identidade, única, que é a nossa - e da qual não devemos nunca nos envergonhar

Repetindo:

Podemos fazer; podemos fazer *do nosso jeito*; e podemos fazer bem feito - sem ficar devendo nada para ninguém

As Olimpíadas de 2016 eternizaram o Rio. Que elas inaugurem uma nova era para o Brasil

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Postado por Julio Daio Borges
22/8/2016 às 10h10

 
Sobre a Abertura das Olimpíadas do Rio em 2016

Acho que nunca vamos nos esquecer da "Copa das Copas". E daquela abertura nonsense, feita por um belga, que surgiu do além ― e que misturou Claudia Leitte com Jennifer Lopez e "Pitbull" (alguém se lembra desse sujeito?). Depois, no encerramento: Alexandre Pires, o pagodeiro, mais Carlinhos Brown e Santana ― num verdadeiro samba do crioulo doido. Total "vergonha alheia". Pensando bem, estava à altura do "7 a 1" ― a maior vergonha esportiva do Brasil em todos os tempos.

Fernando Meirelles, felizmente, seguiu uma linha ― e se apoiou na música brasileira. Acredito que fugir do verso "O Rio de Janeiro continua lindo" fosse, para ele, impossível ― e Meirelles decidiu, então, começar pelo mesmo. Mas escolheu uma versão não-óbvia de "Aquele Abraço", cantada por Luiz Melodia.

O Hino Nacional por Paulinho da Viola foi outro acerto. Fugiu daquelas execuções protocolares ― mas sem perder a solenidade do momento, com muita beleza e elegância. E Paulinho da Viola foi vingado, depois daquele Réveillon no Rio ― em que recebeu menos cachê do que os baianos...

Zeca Pagodinho e Marcelo D2 foram OK. Regina Casé foi uma forçação de barra e ela não deveria ter tentado passar nenhuma "mensagem" (ainda mais em inglês). Jorge Benjor: muito rouco, mas bem. O primeiro grande ausente foi Wilson Simonal, o verdadeiro responsável pelo sucesso de "País Tropical".

Agora, o grande momento, na imprensa internacional, até onde eu vi, foi o desfile de Gisele Bündchen. Daniel Jobim não fez feio, ao piano, mas não é páreo para Gisele. Ela ficou melhor se contrapondo a Tom Jobim, enquanto tocava "Garota de Ipanema". (Helô Pinheiro, a original ― que está muito bem na capa da "Caras" ― poderia ter feito uma aparição surpresa...)

Foi bonita a homenagem a Santos Dumont, um dos heróis da nossa mitologia, e combinou com o "Samba do Avião" (de novo, do Tom).

E por falar em mitologia, Fernando Meirelles não conseguiu fugir dos nossos "mitos fundadores": índios, portugueses, africanos, imigrantes etc. Mas foi, relativamente, breve, em sua abordagem. (Confesso que não tenho muita paciência para "alegorias" que precisam de muita explicação. Quando é preciso de semiótica e sociologia para entender uma cerimônia de abertura, significa que ela não funcionou...)

A "mensagem" sobre o aquecimento global me pareceu desatualizada. Mais apropriada à Eco-92. Fora que "Um Verdade Inconveniente", o documentário de Al Gore de 2006, já havia esgotado o assunto...

Original foi citar o poema de Drummond, um mineiro que adotou o Rio. Tirando Vinicius de Moraes, é raro que um poeta seja citado assim. E um poema não-óbvio: Meirelles resistiu ao apelo fácil da "pedra no caminho" e do "José". Fernanda Montenegro e Judi Dench foram mais dois acertos ― pena que pirotecnia tenha ofuscado suas palavras (e tenha ficado difícil de captar o sentido do que elas estavam declamando)...

Misturar Chico Buarque, de "Construção", mais Deborah Colker e o maestro Rogério Duprat foi outra boa ideia. (Eu não recomendaria, mas funcionou.)

Os desfiles das delegações dos países com os "ritmistas", como todos os locutores apontaram, foi um acerto grande. Deu um ar de "festa" à coisa toda. Afinal, o Brasil não é um país "sério" (no bom e no mau sentido)...

A entrada da delegação do Brasil, tocando "Aquarela do Brasil", de Ary Barroso, de fato, emocionou.

Wilson das Neves protagonizou sua própria versão do "Samba da Benção", de Vinicius de Moraes.

E o trio "Caetano, Gil e Annita" não soou estranho, ainda que o grande ausente, que consagrou "Isso aqui, ô, ô", tenha sido João Gilberto. É provável que, como Pelé, ele não tivesse "condições" de comparecer. Mas poderiam ter convidado Bebel Gilberto...

A parte do funk carioca, eu pulo ― porque dispenso. E quando pensamos no quanto eles poderiam ter errado nessa cerimônia de abertura ― e no quanto eles erraram *pouco* ―, foi um feito e tanto.

Fernando Meirelles pegou um Rio de Janeiro, literalmente, em estado de calamidade pública, com baixo orçamento, e fez uma cerimônia de abertura que uniu os brasileiros, de novo ― apesar de toda a desilusão da política... (Mais uma vez: não foi pouco.)

E se pudemos medir o fracasso da Copa de 2014 por aquela abertura, e se pudermos medir alguma coisa por essa do Fernando Meirelles, as Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016, serão um sucesso estrondoso ;-)

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Postado por Julio Daio Borges
6/8/2016 às 13h05

 
Como um torcedor do Brasil em época de Copa

Sabe aquele sujeito que só torce pelo Brasil em época de Copa do Mundo?

Então. Sou eu...

Não tenho paciência para acompanhar futebol. Nunca tive. Nunca terei

Mas gosto de torcer pelo Brasil em época de Copa. Subitamente me interesso pelas seleções, pelos jogadores, até pelos técnicos

A impressão que tenho é que o talento se concentra (em época de Copa) - e o esporte tende a ser mais interessante...

Assim, o dia a dia - fora da Copa - eu acho "chato". Burocrático. Sem novidades

Pois é, não sou fã. Não sou fanático

Mas por que estou falando de futebol? Porque percebi que, em política, sou a mesma coisa:

Gosto de acompanhar em época de eleição. Os debates entre os candidatos. Até um programa eleitoral ou outro...

Mas o "dia a dia" da política não me interessa em nada. Acho chato. Burocrático. Sem novidades

Talvez por isso não vão me ver opinar sobre o dia a dia do novo governo...

Depois das "emoções" do impeachment - aquele tudo-ou-nada onde, de repente, poderíamos acordar na Venezuela ou em Cuba...

Depois disso, tudo ficou tedioso

E vamos procurar outras emoções... Talvez nas eleições dos EUA... Talvez nas eleições municipais (no segundo semestre)...

Por enquanto - se não houver nenhuma reviravolta -, eu me despeço da política e vou cuidar da vida

Admiro muito, mas não tenho a mesma vocação de uma Dora Krammer, de um Fernando Gabeira ou de um editorialista do Estadão

Nem, muito menos, o estômago de um Diogo Mainardi, de um Reinaldo Azevedo ou de um Marco Antonio Villa

Por fazer um acompanhamento "parcial" - só em época de eleição -, meus comentários estão condenados a cair na "vala comum" do torcedor-do-Brasil-em-época-de-Copa-do-Mundo...

Mas não importa. Prefiro conservar minhas emoções de "torcedor". Do que assumir aquele ar superior de "comentarista" vivido - que já viu de tudo...

O dia a dia, eu acompanho o da Catarina. O dos meus sites. O da minha família. E olhe lá

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Postado por Julio Daio Borges
18/5/2016 às 09h33

 
Assistindo ao Super-Homem com a Catarina

Superman, o original, de 1978, foi um dos filmes que mais marcou a minha infância

Foi um dos primeiros filmes que vi no cinema, em 1979, quando tinha 5 anos. O Papai levou a mim e ao Diego. A Carolina devia ser recém-nascida e a Mamãe deve ter ficado em casa com ela

Esperei um pouco para ver com a Catarina. Porque, embora eu tenha visto com a idade dela, não é exatamente um filme infantil

Também porque: àqueles filmes que nos marcaram, às vezes a gente não quer rever - para não estragar aquela "imagem" gravada na memória...

Eu tinha, inclusive, o álbum de figurinhas do filme e outro dia até cruzei com ele

Vamos ao filme e às impressões da Catarina

Embora a cópia fosse em DVD, não tinha muita qualidade. Parecia um VHS daqueles mal copiados dos anos 80. Poderiam ter cuidado mais e feito uma versão "remasterizada"...

A estética do planeta Krypton me lembrou muito Guerra nas Estrelas, que devia ser a grande referência, na época, para "espaço" e a vida em outros planetas (fins da década de 70)

O que eu nunca entendi, em retrospecto, foi a presença do Marlon Brando no filme. Seria como ter, sei lá, Kenneth Brangh ou Laurence Olivier num filme de super-herói

Ele está engraçado com o cabelo à la Walmor Chagas e os penteados são algo que me chamou a atenção. O penteado, do próprio Super-Homem, com aquele "arrancacorazones", escorrendo pela testa, é algo a ser notado

A Catarina não entendeu muito bem os dilemas do planeta Krypton, o julgamento dos malfeitores e seu banimento através da galáxia. Não entendeu, sobretudo, como eles entraram naquele tipo de "espelho" - e ficaram girando pelo espaço...

Ela achou ruim que os pais do Super-Homem morreram na catástrofe. E quando ele atinge a maioriadade e sai andando pelo mundo, depois que o pai adotivo morre, ela comentou: "Sem pai, nem mãe, qual é a graça?"

Ela também queria que ele ficasse mais tempo como criança. Porque ele cresce muito rápido "e ele estava tão bonitinho, Papai" - como quando ergueu o carro (dessa cena, eu me lembrava)...

O que me espantou, particularmente, é que eu não achei a Lois Lane - a famosa Lois Lane - bonita. Um cabelo murcho, dentes escurecidos (de fumante?) e "media passadita" - como dizem lá na terra da Mamãe...

Mas a paixão do Super-Homem por ela é bonita. E quando ele faz a Terra girar ao contrário, para o tempo voltar, ainda é uma das cenas mais fortes do filme. Achei a cena da morte dela, sendo soterrada viva, muito forte para a Catarina. (No fim, há muitas mortes no filme...)

A famosa cena deles voando ficou um pouco ultrapassada, tecnologicamente falando. A gente percebe, hoje, a montagem. Até porque viu, muitas vezes, em estúdios e parques temáticos. Mas a Catarina gostou. E ela até erguia o bracinho, imitando o Super-Homem, naquele seu gesto característico...

Outra coisa ultrapassada é eles trabalharem num jornal. A redação é velha - mesmo para os padrões do anos 80 (que se seguiriam logo depois): a era do videogame e do computador pessoal. Uma redação cheia de máquinas de escrever e o fotógrafo, Jimmy Olsen, com uma daquelas câmeras antigas, tipo fotógrafo de casamento, com o flash à parte...

Gene Hackman talvez seja a melhor atuação do filme. Como "a maior mente criminosa de todos os tempos". Para variar, assessorado por um néscio e por uma secretária nada recatada, meio bobinha, que acaba gostando do Super-Homem, o ajudando e o beijando

O Super-Homem, como personagem, é ingênuo, de tanta bondade, e esse é, obviamente, seu ponto fraco

Fisicamente, chama a atenção, para nós hoje, que ele não seja "bombado". Ele é alto e magro, claro. Mas tem o físico mais parecido com o de um ciclista do que com o de um halterofilista (a maioria dos super-heróis hoje)

De tudo isso, o que sobreviveu melhor foi a trilha sonora, de John Williams, que ainda é espantosa. Os filmes dessa época, dos anos 80 em diante, são tanto dos diretores, como Spielberg, quanto o são de John Williams

Basta observar o quanto faz falta um John Williams hoje, com aquela "pegada" sinfônica, grandiosa, retumbante - que confere densidade à trama, como se o futuro da humanidade dependesse daquilo que se passa na tela e os personagens nos representassem (virando nossos heróis)

Christopher Reeve continua lindo. Talvez meio grande e meio bobo, vide Clark Kent - até porque ninguém pode ser tudo... E a gente não deixa de se lembrar como sua vida acabou, tragicamente, naquela cadeira de rodas... O arquétipo do homem superpoderoso entrevado até a morte

A Catarina ficou interessada em ver o Super-Homem II, mas não sei se vou ver com ela. Fico imaginando que a sequência, com aquelas lutas entre os "super-vilões", não seja muito indicada para ela...

Contudo, é sempre bom rever os filmes que nos marcaram com as pessoas que amamos ;-)

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Postado por Julio Daio Borges
3/5/2016 às 14h31

 
Prince

No início dos anos 90, eu tinha cabelo comprido e ouvia rock pesado, mas conversava com o Pedro Mariano, por causa de um amigo em comum (músico)

Um dia, entrando na escola, mostrei meu fichário, cheio de guitarristas de rock, e o Pedro me falou que o único que prestava ali era o Prince

Achei engraçado, o Pedro era arrogante, filho da Elis e do César Camargo Mariano, não aceitava discutir música com muitas pessoas (eu tinha paciência)

Não concordei com o Pedro na época. Era difícil, para mim, achar que algum guitarrista fosse melhor que o Steve Vai de Passion and Warfare (1991)

Mas fiquei com aquilo na cabeça. E hoje concordo com o Pedro. Não que Prince seja melhor *guitarrista* mas, sim, melhor músico

Ele foi - também - um grande guitarrista. E o solo de "Let's go crazy" é respeitável. (Não é de alguém que tem medo ou que não sabe o que está tocando)

E Prince foi um grande artista pop, na época em que Michael Jackson e Madonna estavam no auge - e ele conseguiu fazer frente aos dois. Não como bailarino, ou coreógrafo, mas como músico, e compositor

Apesar de bem-sucedido e consagrado, conseguia escrever sobre a dor da perda, e do abandono, em "Nothing compares 2 you" - que praticamente lançou Sinead O'Connor (que foi essa canção e nada mais)

Seu reinado foi até os anos 90, quando foi atropelado pelo rap e pelo hip-hop, cuja estrada, para o mainstream, ajudou a pavimentar. Prince era muito sofisticado, musicalmente, para o que veio depois

E numa evidente crise de identidade, se perdeu com aquele negócio de mudar de nome: primeiro para "Victor", depois para aquele símbolo hermafrodita. Acabou virando "Symbol"

Ultimamente, tentou se relançar. Mas passou muito tempo fora. E não entendia a internet - como muitos artistas de sua época, aliás

Para se ter uma ideia do tamanho do equívoco, basta procurar "Prince" no YouTube e no Spotify. No primeiro, só há vídeos "ao vivo" (de baixa qualidade). No segundo, um único álbum - e o Spotify informa que Prince é um dos artistas mais procurados...

Sua teimosia em resistir ao compartilhamento vai lhe cobrar um preço alto agora: se não estiver na internet, em pouco tempo sua memória irá se apagar

Tempos atrás, baixei sua discografia (apesar das proibições). É impressionantemente boa. Consistente. E envelheceu bem - ao contrário de muita coisa dos anos 80

Eu gosto de 1999 (1982) em diante. Purple Rain (1984) é um clássico. Sign O' Times (1987) entra numa fase mais conceitual. E eu me lembro muito de Lovesexy (1988), porque é da minha época, e do vídeo de "Alphabet Street" (lembro de ver com meus amigos)

Acho que Prince vai bem até Graffiti Bridge (1990) - que o Pedro Mariano tentava me impingir -, até Diamonds and Pearls (1991), que eu acho maravilhoso, desde a canção-título

Em meados dos anos 90, quando eu já estava no reino do jazz e da música clássica, ainda comprei uma coletânea do Prince, na saudosa Virgin Records, com "singles" e B-sides

Desde "When doves cry" ("Maybe I'm just like my mother/ She was never satisfied"), "I feel for you" ("I think I love you") até "Sexy M.F.", "Get off" ("22 positions in one night stand") e "Cream", que eu considero uma perfeição pop. Passando por "Thieves in the temple" ("Love comes quick/ Love comes in a hurry") e "Raspberry beret", que a gente dançava em festas

Entre os três maiores artistas pop oriundos dos anos 80, Prince é o meu favorito. O Michael Jackson não tem tantos discos bons (que você consiga ouvir de ponta a ponta). Nem a Madonna

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Postado por Julio Daio Borges
21/4/2016 às 18h29

 
Meu texto de aniversário

Como disse o Steve Jobs, naquele discurso de formatura, eu tive sorte

De nascer de uma mãe que me amou incondicionalmente e de um pai que, além de exemplo, sempre foi (e continua sendo) uma fonte inesgotável de apoio

De ter irmãos que me amaram e me estimularam, também, sempre. De ter avós, tios, primos e sobrinhos que me inspiraram, me formaram e me instigam. Em São Paulo, fora de São Paulo e fora do Brasil ;-)

De ter convivido com a Carol, e com a família dela. De ser pai da Catarina, a maior alegria da minha vida. Uma alegria que eu nem imaginei que existisse...

De ter encontrado vocês, cada um de vocês. Desde o primário, o ginásio, o colegial até o cursinho, até a faculdade, a vida com a Carol, a vida profissional e a vida com a Catarina

Cada um de vocês foi (e é) uma referência para mim, cada um a seu modo. Nós somos um conjunto de referências, eu acredito - e só nos damos conta disso quando perdemos alguém importante. Então toda referência é válida. Sempre

Tive sorte de poder estudar e entrei na USP duas vezes. Mas, mais do que isso, tive a sorte de encontrar professores e colegas que, além de me moldar, são lembranças para sempre

Tive sorte em meus estágios, em meu "programa de trainee" e tive sorte nos meus empregos. Trabalhei com gente brilhante, fui reconhecido, conheci o tal "espírito de equipe" e até encontrei pessoas que não admirei pelo caráter, mas que me serviram de exemplo, também

E tive a enorme sorte - e o enorme prazer - de criar o Digestivo. De poder realizar uma vocação. De ser um dos pioneiros da internet, no Brasil. E de ter conhecido - e convivido - com meus ídolos

De ter encontrado pessoas tão apaixonadas quanto eu pelo assunto. De ter revelado talentos. De ter criado uma referência. E até a sorte de poder deixar um legado - mesmo que tudo dê errado ;-)

E estou tendo sorte, de novo, com o Portal dos Livreiros. São mais de 500 vendedores já. Em pouco mais de seis meses. Já somos uma das principais referências, no Google, em matéria de livros. Chegamos a 1000 seguidores no Twitter. E, neste mês de Janeiro, ao recorde de 20 buscas por minuto (uma busca a cada 3 segundos)

Depois de tudo isso, eu gostaria de dizer que não sou pessimista - não tenho como ser. Nem com o Brasil...

O Millôr - que eu tive a honra de conhecer - diz que o pessimista ganha sempre: quando dá certo e quando dá errado. Mas eu prefiro ser otimista mesmo assim ;-)

Gostaria de terminar com três sugestões, para você que me leu até aqui:

Primeira: ame. Todo mundo tem amor para dar. E todo mundo merece receber amor. Todo mundo. Gosto de uma frase que diz: "Ser amado nos dá segurança. E amar nos dá coragem." (E o melhor: é grátis!)

Segunda: ame o que você faz. Ou, pelo menos, faça com amor. Voltando ao Steve Jobs: só quem *ama* o que faz, pode ser bom no que faz. ("Find what you love. Don't settle...")

Terceira e última coisa: faça agora - o que você pode e *com o que* você pode. Você sempre pode. Todo mundo sempre pode. E não precisa esperar. Faça agora

Não sou perfeito, cometi um monte de erros, mas tento amar, fazer o que eu amo e, sobretudo, tento fazer *alguma coisa* com o que eu tenho no momento

O aniversário é meu, mas o texto eu escrevi pra você - que me lê. Obrigado pelas curtidas e pelos comentários ao longo do ano ;-)

Para ir além
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Postado por Julio Daio Borges
29/1/2016 às 15h40

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